Um estudo realizado em setembro de 2019 pela Universidade Positivo, de Curitiba (PR), identificou cinco características comuns aos profissionais apontados pelos alunos como melhores professores. A pesquisa utilizou avaliações de cerca de 18 mil estudantes universitários de mais de 50 cursos de graduação. Dos cerca de 700 docentes da instituição, entre os melhores avaliados, estão os professores de Graduação Gilberto Gaertner, do curso de Psicologia; Eduardo Faria, de Direito; João Armando Brancher, de Odontologia e Medicina; Felipe Harmata, de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Design; e Somaia Reda, de Medicina. O estudo deu ênfase ao que esses cinco mestres têm em comum e conversou com seus alunos para entender o que os diferencia dos demais.
1. Relacionamento
Empatia, respeito, resiliência, liderança, comunicação, flexibilidade e humildade foram alguns dos adjetivos atribuídos aos professores que se destacaram nas pesquisas. “Não basta ser amigo. Tem que realmente se colocar no lugar do aluno e usar esse relacionamento a favor do aprendizado”, diz João Armando Brancher. “As habilidades sociais e emocionais são cada vez mais valorizadas – não apenas na carreira de professor, mas já não é mais possível admitir um professor sem essas características”, afirma Gilberto Gaertner. Os melhores professores se destacaram por ouvirem os seus alunos e, mais que isso, falarem a mesma linguagem para conseguir manter um diálogo com eles. Entender o aluno como indivíduo, não como um pedaço da turma, favorece o relacionamento e o comprometimento dos estudantes. “A dedicação nessas aulas é outra, é como se tivéssemos medo de decepcionar o professor”, diz Brayan Valêncio, egresso de Jornalismo.
2. Paixão por ensinar
“Na carreira de professor, você tem que gostar muito do que faz. É quase como um voluntariado, você tem que se doar, querer ser sempre melhor”, afirma a professora Somaia. Seus alunos contam que conseguem ver o brilho nos olhos dela quando leciona. Eles dizem que o professor apaixonado pelo que faz deixa todos os problemas fora da sala de aula e se faz presente de corpo e alma. Alunos do professor Harmata contam que ele sempre aparece com um sorriso no rosto. “Ele chega na aula e dá um ânimo para a gente”, conta a egressa de jornalismo, Dieneffer Santos. “O professor apaixonado é transformador. Se você conseguir transformar o aluno, será um bom professor. Eles têm que sair de cada aula melhores do que entraram”, diz Harmata.
3. Formação continuada
“O bom professor precisa ter sempre uma inquietação de que há necessidade de estar, de maneira permanente, aprimorando o conhecimento e as metodologias de ensino”, salienta Eduardo Faria. Segundo ele, os professores que buscam aprender constantemente sentem-se mais capacitados, mais seguros e não duvidam da própria competência diante dos desafios que a profissão impõe. A formação continuada não deve ser apenas uma atualização do conteúdo que ministra, mas das novas tecnologias de aprendizagem, as novas formas de se comunicar e o que o mercado de trabalho está exigindo.
4. Organização e planejamento
Se os professores pensam que os alunos não valorizam o trabalho de bastidores da docência, estão enganados. A preparação da aula faz toda a diferença na aprendizagem. “Chegar na aula é a ponta do iceberg. Tem que planejar, testar, pensar, se colocar no lugar dos alunos, para então ir para a sala de aula. A preparação é mais importante do que a aula em si”, diz Harmata. E os alunos percebem isso na prática. “Ele se preocupa de verdade. Se uma aula é muito teórica, ele tem o cuidado de fazer uma prática em seguida. Ele muda a aula de acordo com o curso, com a turma. É impressionante”, diz Dieneffer Santos, ex-aluna de Harmata. “Se eu terminar a aula sem que o aluno use o celular, quer dizer que eu fui mais interessante que o mundo tecnológico”, diz Harmata.
5. Criatividade e inovação
Estudos afirmam que essa geração de universitários não consegue manter a concentração em uma só coisa por mais de 5 minutos. Esse é um dos maiores desafios dos professores. Por isso, todos os profissionais de destaque na pesquisa contaram que recorrem à criatividade e à inovação para deixar as aulas mais atrativas. Brancher, por exemplo, ensina Bioquímica com mapas mentais. “É mais fácil memorizar o conteúdo quando vemos as imagens”, diz Amanda Rigoni, aluna de Odontologia. Em aulas muito teóricas, ele conta que “quebra” a monotonia com o uso de metodologias ativas, como aplicativos de respostas no celular. “Como Bioquímica é uma disciplina muito complexa, não dá só para passar o conteúdo. Dessa forma, a gente acaba não só aprendendo, mas gostando do assunto, querendo saber mais”, explica Rayane do Nascimento, aluna de Odontologia. Já Gaertner aposta em diferentes ambientes, como sala de aula desconstruída, espaços ao ar livre e museus para criar “desacomodações” em suas aulas, provocando e desafiando os alunos a serem cada vez melhores.
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