Heloisa Schurmann chega em Curitiba para o lançamento do livro “Expedição Oriente”.

Dar a volta ao mundo é um sonho épico perseguido por muitos, tanto na ficção quanto na história da humanidade, com as lendárias navegações que ajudaram na globalização e expansão do que hoje conhecemos por civilização. De olho nestas rotas e perseguindo o mesmo sonho, a família Schurmann foi a primeira de brasileiros a dar a volta ao mundo em um veleiro. De 1984 até hoje, cruzaram quatro oceanos, sete continentes e completaram três voltas ao mundo em aventuras pelos mares. Lançando agora seu quinto livro, Heloisa Schurmann conta como foi viver a experiência da Expedição Oriente, que dá título à obra e a uma série do National Geographic e um quadro no programa Fantástico, da TV Globo. A bordo de um veleiro construído pela família para ser usado a partir desta viagem, batizado de Kat, após três anos de preparações, em 21 de setembro de 2014 Heloisa e Vilfredo Schurmann partiram com filhos, netos e tripulantes rumo a uma aventura sem precedentes. Foram 812 dias, quatro oceanos atravessados, 50 mil quilômetros, cinco continentes e cinquenta localidades diferentes do planeta em 29 países.

Os números impressionam, mas fazem jus à ousadia da família. Inspirados em um livro sobre as expedições do chinês Zheng He, que teria percorrido o mundo sete décadas antes dos europeus, decidiram velejar até o Oriente, na China, uma parte do mundo onde nunca haviam ido. A partir daí, muito planejamento, reuniões de família e os obstáculos burocráticos do caminho — todos contornados com a determinação da família em testar os próprios limites na tentativa de descobrir até onde os chineses realmente teriam chegado nas grandes navegações pioneiras da Dinastia Ming. Começava ali uma série de pesquisas das rotas das expedições ordenadas pelo Imperador Zhu Di no séc. XV.

Nas páginas do livro, mais que fornecer uma linear narrativa, Heloisa dá uma aula sobre a vida em alto mar, os truques das navegações e os bastidores que envolvem tão grande missão. O fascínio pela vida sobre as águas desperta no leitor a vontade de fazer parte da expedição, tamanha a riqueza de detalhes sobre os lugares aportados, as belezas naturais avistadas e as raridades encontradas pelo caminho. Afinal, quem pode imaginar-se avistando 812 pores do sol em lugares diferentes do mundo? Ou participar de uma apresentação de dança Legong com mulheres da Indonésia? Ou mesmo ser recebido em Xangai com honras e festejos por ser tripulante do primeiro veleiro brasileiro a aportar na China?

Desde a partida no Brasil, rumo à Patagônia, passando pela navegação no Ushuaia, Antártica, até o cruzamento do Oceano Pacífico em direção ao Oriente, muitas geleiras, reservas, tribos, culturas e povos até então distantes, tornaram-se próximos da família Schurmann. Tudo isso misturado à adrenalina de desbravar novos mares, pode ser acompanhado tanto pelas palavras de Heloisa, quanto pelo encarte fotográfico que encorpa o miolo do livro. Até que alcancem o porto de Xangai e, finalmente, passam a explorar a origem da rota que perseguiram, muita coisa acontece e muito do mundo se conhece nessas 392 páginas escritas com o coração de quem realizava um sonho e o compartilhava com a família.

A construção de Kat: veleiro sustentável

Junto à aventura da rota, havia o desafio de construir o veleiro perfeito, que pudesse levar a família a cruzar o mundo na mais ambiciosa jornada dos Schurmann até então. Chama atenção a quilha retrátil construída para a expedição: uma embarcação de 24 metros com essa tecnologia nunca havia sido feita no Brasil, e foi o que permitiu que o veleiro navegasse e aportasse tanto em grandes como em pequenos espaços.

A construção de Kat levou em conta também a sustentabilidade da navegação. No total, 60% da energia consumida pelos tripulantes era limpa — ou seja, livre de poluentes. O barco contava com forro de material reciclável, com um dessalinizador e uma compactadora que reduzia em 80% o volume do lixo produzido, dentre outras inovações que permitiram aos Schurmann velejar sem poluir os mares. Até mesmo a água usada na cozinha e banheiros era despoluída antes de ser despejada no mar.

Sobre a autora

Heloisa Schurmann é autora de quatro livros, dois deles best-sellers, incluindo Pequeno segredo, lançado na Itália e no Brasil. Professora, navegadora e mãe da primeira família brasileira a realizar três voltas ao mundo em um veleiro, navegou para mais de sessenta países e criou e educou seus quatro filhos — Pierre, David, Wilhelm e Kat — enquanto velejavam nas expedições pelo mundo.

Heloisa cursou Pedagogia na Universidade de Nova York. Desenvolveu o programa pedagógico “Educação na Aventura”, do qual participaram mais de 2 milhões de estudantes no Brasil e nos Estados Unidos. Pesquisadora, foi responsável pelo conteúdo digital da Família Schurmann na Expedição Oriente (2014-2016). É palestrante motivacional para grandes corporações e eventos públicos no Brasil e no exterior. Em 2017, falou para 10 mil pessoas na palestra do TEDx Educação em São Paulo. Durante suas circum-navegações, foi crescendo seu ativismo ambiental e assim vem trabalhando, junto com a família, na conscientização sobre a poluição dos plásticos nos oceanos. É defensora da campanha #MaresLimpos da ONU Meio Ambiente. <alexandre.moreno@advicecc.com>