Por Sandra Maura, CEO da TOPMIND
Em poucos minutos, os robôs da linha de produção de uma empresa na China iniciarão a produção de um novo projeto, que acaba de ser enviado pela equipe de desenvolvimento da companhia no Brasil. Enquanto isso, profissionais dessa mesma organização, na Europa, estudam como aplicar novos recursos naturais para tornar a operação global mais sustentável e eficiente. Parece inovador? Então, saiba que processos como esse já estão acontecendo em todo o planeta, com a ascensão da Indústria 4.0.
Também conhecida como a Quarta Revolução Industrial, a Indústria 4.0 propõe a integração efetiva das estruturas físicas, virtuais e biológicas, construindo uma rede de inovação e produção cada vez mais rápida e inteligente. Em síntese, estamos vivendo uma transformação completa do planejamento e da execução das operações corporativas, incluindo novos paradigmas de organização de equipes, desenvolvimento de produtos e análise de mercado.
Para que tudo isso funcione, no entanto, a tecnologia é indispensável. O sucesso das Fábricas 4.0 está diretamente ligado à adoção e expansão de conceitos como Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT), Big Data, impressão 3D e Robótica, além da utilização de ferramentas já mais amadurecidas no mercado, como Computação em Nuvem e Internet Móvel.
À medida que essas novas ferramentas inteligentes avançam, mais as companhias precisam se remodelar por completo. Para acompanhar as mudanças, as organizações são levadas a ajustar não apenas suas infraestruturas de TI, mas também os processos estratégicos e operacionais.
Essa demanda tem exigido que as empresas busquem informações e se abram à inovação, ampliando os investimentos em inteligência técnica e desenvolvimento estrutural. Apenas como exemplo, hoje, de acordo com a Confederação Nacional das Indústrias, aplicar as ideias da Indústria 4.0 é a principal prioridade de quase metade das companhias de manufatura do País – e esse cenário, de fato, se expande por todo o mundo.
Nesse contexto, podemos destacar o investimento em soluções de automação. Sem dúvida, a grande diretriz da Indústria 4.0 é a adoção de processos mais rápidos e integrados, o que está altamente relacionado às ações de automação industrial e análise de dados. Com isso, temas como Machine Learning (Aprendizado de Máquina), Gêmeos Digitais e Simulação Realística são pontos que deverão ganhar ainda mais atenção das companhias, sobretudo à medida que as fábricas comecem a adotar efetivamente as tecnologias de Internet das Coisas e Inteligência Artificial.
Por outro lado, é fato que essa transformação profunda tem seus desafios. Pesquisas indicam que a maior parte das maiores companhias do mundo ainda está preocupada em como migrar suas formas de trabalho e aplicar as novas tecnologias dentro de suas operações. Esse é um dos motivos que explicam por que menos de 2% das empresas brasileiras já estão realmente inseridas no contexto 4.0, segundo dados da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
O ponto em questão é que investir em novas ferramentas é apenas uma das peças do quebra-cabeças apresentado por essa nova era. Além de tecnologias inovadoras, é essencial que as Fábricas Inteligentes também implementem transformações em relação à força de trabalho, aprimoramento constante dos serviços e visão estratégica para o futuro. Isso significa, por sua vez, que as companhias devem buscar parcerias e alianças preparadas para este novo momento, simplificando as alterações e ajustes necessários para a geração real de valor em suas linhas de produção.
Os ganhos projetados para as organizações que avançarem na jornada da tecnologia inteligente são enormes. Estima-se que em 10 anos, as companhias 4.0 consigam economizar, juntas, mais de US$ 70 bilhões em custos industriais relativos à produção, gestão de insumos, armazenamento e entrega. Além disso, as inovações permitirão reduzir o tempo gasto nos processos, o que pode render vantagens competitivas direcionadas ao atendimento dos clientes.
A Indústria 4.0 é um modelo de negócios orientado aos dados, focado em resultados e capaz de otimizar custos e prazos de forma única. Existem, hoje, diversos caminhos para iniciar ou acelerar essa transformação de forma prática. A dúvida é quais empresas serão capazes de encontrar as soluções adequadas e os parceiros preparados para realizar essas transformações digitais e estratégicas com a rapidez que o mundo inteligente exige. Não há tempo a perder.