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Storytelling: como contar histórias pode ser útil na sua carreira

Por Camila Rodrigues Guedes, como redatora de Marketing do Grupo DB1

Storytelling é um método de contar histórias com narrativas marcantes. Sabe aquele seu parente que consegue fazer a família inteira sentar em roda para ouvir ele contando sobre uma situação? Pode ser o acontecimento mais simples do mundo, como um dia em que ele derrubou café na camisa e todos riram, mas ele apenas SABE o tal do “jeito de contar”.

Esse “jeito” parece ser um talento nato de certas pessoas. A verdade é que o Storytelling, embora seja tão comentado hoje em dia em cursos e no ambiente coorporativo, é uma habilidade tão familiar ao ser humano quanto aquele prato marronzinho da casa da sua avó. Antes de escrevermos, todo o conhecimento da humanidade era repassado pela narrativa!

Essa habilidade é poderosa e pode ser aprendida com algumas técnicas emprestadas de roteiristas e escritores. Sendo um bom contador de histórias, você pode criar um engajamento emocional com as pessoas. Isso é útil, por exemplo, para um representante comercial, um gestor ou até mesmo um desenvolvedor! Trarei aqui dicas de como construir uma história, e como o storytelling pode te ajudar na vida profissional.

Entendendo o storytelling: A estrutura da narrativa

Não existe uma “receita” fixa para a narrativa, pois cada história tem seu gênero, seu objetivo e elementos próprios. Porém, existem pontos que não podem faltar para que a sua história seja interessante.

O primeiro passo é definir o tom da sua história. Será uma história de superação? Será uma aventura? Seu foco é contar sobre algo engraçado? Ou, quem sabe, você precise contar uma história triste. Ter isso em mente logo de início será vital para que sua narrativa faça sentido do início ao fim.

Após escolher seu tom, você deve lembrar que uma boa história precisa:

  • Ter um acontecimento

Vamos imaginar que alguém te perguntou do seu dia. Você pode simplesmente responder “trabalhei o dia todo”. Ok, às vezes não estamos a fim de estender a conversa mesmo, mas se você quisesse trabalhar o storytelling na sua resposta, precisaria explicar um acontecimento do seu dia de trabalho.

Talvez o ar-condicionado tenha pifado e derrubado poeira no seu vasinho de plantas, por exemplo. O acontecimento não precisa ser extraordinário, mas precisa desencadear outras ações: limpando sua mesa, você acabou encontrando aquele relatório importante, e isso salvou sua reunião.

Expor uma linha do tempo

Toda história acontece em um período específico, e ele influencia diretamente em toda a narrativa. Se você está contando uma história sobre 30 anos atrás, a pessoa que está te ouvindo imaginará todo um contexto dos anos 90. Se você disser que teve um problema para descobrir onde comprar um terno, por exemplo, seu ouvinte lembrará do contexto e não te questionará “Ué, mas por que não procurou no Google?”.

  • Ter uma linguagem

O jeito que você narra sobre seu antigo emprego desagradável para seus amigos é diferente do modo que contará sobre essa experiência em uma entrevista de emprego, né?

Uma mesma história pode ser fortemente modificada pela linguagem que você escolhe. Pense nela antes de começar seu storytelling, adapte para o público, para o momento e para o lugar.

  • Ser original

Não permita que a sua história passe a impressão de “já ouvi isso em algum lugar”, ou “ele deve dizer isso para todo mundo”. É claro que você não precisa se forçar o tempo todo a ser o re-inventor da roda, mas cuidado com os clichês!

Alguns clichês de storytelling:

  • No fim da história, o personagem acorda e revela que era tudo um sonho;
  • O personagem principal é órfão, pois os pais jamais deixariam que ele vivesse as aventuras descritas;
  • Triângulos amorosos exagerados (Alô, Crepúsculo…);

Quer mais? Veja outros clichêzões nesse artigo da Odyssey (inglês, 4 minutos de leitura).

Por que aplicar o storytelling no trabalho?

Ok, agora vamos pensar em como colocar essa técnica na sua carreira. Quando pensamos em trabalho, somos acostumados a lembrar de uma linguagem objetiva e quantitativa. Ela cumpre sua função de dinamizar a comunicação e focar em resultados, mas é extremamente esquecível.

Se você está fazendo uma apresentação para um cliente, você não quer ser esquecível.

Se você precisa engajar sua equipe para novas metas, sua fala não pode ser esquecível.

Contar histórias traz identificação e marca as pessoas, mesmo que estejam saturadas de informação. Ser um bom narrador te torna capaz de construir bons debates, te torna relevante e conectado às pessoas.

Pense no seu cliente, ou na sua equipe, como personagens

Já ouviu aquela frase “Seja interessado, não interessante”? Estar interessado no personagem que te escuta é uma forma de se tornar interessante para ele, e você ainda se livra do risco de soar egocêntrico.

Um personagem é construído por personalidade, experiências, crenças, motivações, desejos, falhas, forças, coisas que ele odeia, coisas que ama, coisas que tem medo, entre tantas outras possibilidades de aprofundamento.

Quando você pensa nas características do seu ouvinte, fica mais fácil encontrar os caminhos para se aproximar dele por meio do storytelling.

Se você trabalha com tecnologia, deve estar pensando agora em UX (User Experience). É bem por aí mesmo: entender o usuário, ou seja, a pessoa que fará uso do seu trabalho, significa desenvolver algo com mais qualidade e que realmente corresponde às necessidades.

Exemplos: se você é um vendedor e descobre que o seu cliente ama alfajor, você pode oferecer alguns, assim, como quem não quer nada… Provavelmente ele reagirá empolgado, e terá mais interesse em ouvir o que você tem a dizer.

Ou então, vamos imaginar que você vai para uma entrevista de emprego. Chegando lá, a profissional de RH que te entrevistará tem uma garrafa da Disney World. Mesmo que você nunca tenha ido à Disney na vida, você pode usar esse tema como um detalhe na sua fala que chamará a atenção dela, e fará com que ela se lembre de você. “Bom, minhas qualidades? Acredito que sou corajosa, desde criança me identifico muito com a Mulan…”.

Ser um bom storyteller não significa falar demais

Você viu aqui que a narrativa vai na contramão da linguagem objetiva e quantitativa, mas isso não significa que você precisa falar demais para ser lembrado.

Da mesma forma que existem histórias maravilhosas em livros enormes como os do R.R. Martin, também existem os contos curtinhos, que lemos em uma única página e jamais nos esquecemos.

Coloque elementos de storytelling na introdução da sua palestra. Você pode começar contando sobre um personagem (que pode ser você mesmo) em um tal acontecimento. Isso prenderá as pessoas mais do que um “Hoje eu vim falar sobre Essa Coisa”.

Trabalhe o conflito da sua história com emoção, desperte a curiosidade de todos. Você não precisa levar duas horas para concluir esse conflito, mas o simples fato dele existir na sua fala já terá um peso especial.

Conclusão

Não há nada como uma boa história, e pessoas que sabem contá-la jamais passam despercebidas. Pratique o storytelling no seu dia a dia: na mesa de almoço, na sala de aula, no escritório. Você verá que as histórias estão ao seu redor o tempo todo, não faltará oportunidade para melhorar na sua habilidade de narrar.


Sobre a autora

Camila Rodrigues Guedes é graduada em Publicidade e Propaganda pelo Centro Universitário Metropolitano de Maringá. Atua como redatora de Marketing do Grupo DB1.

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