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Baixa estatura e esporte

Como ortopedista, recebo muitos pacientes e pais ansiosos querendo saber se os filhos serão baixinhos e qual o prognóstico de crescimento deles. A ideia de falar sobre baixa estatura é esclarecer alguns aspectos e saber identificar as causas de uma possível doença.

A baixa estatura é um termo aplicado a uma criança cuja altura é de 2 desvios-padrão (DP) ou mais abaixo da média para crianças do mesmo gênero e idade cronológica (e, idealmente, do mesmo grupo étnico-racial). Isso corresponde a uma altura que é inferior ao percentil, aquela tabela que todo pediatra faz. A estatura baixa pode ser uma variante de crescimento normal ou provocada por uma doença.

Causas/ Incidências/ Tipos
As causas mais comuns de baixa estatura no primeiro ou segundo ano de vida são familiares (genética) e retardo de crescimento (constitucional), que são variantes não-patológicas normais de crescimento. O objetivo da avaliação de uma criança com estatura baixa é identificar o subconjunto de crianças com causas patológicas (tais como síndrome de Turner, doença inflamatória do intestino, ou deficiência de hormonal de crescimento, por exemplo). A avaliação também verifica a gravidade da baixa estatura e trajetória de crescimento provável, para facilitar as decisões sobre a intervenção, se for o caso.

Variações normais de crescimento:
– Baixa estatura familiar
– Atraso constitucional do crescimento e puberdade
– Estatura baixa idiopática
– Criança Pequena para de idade gestacional (PIG)

Causas patológicas de deficiências do crescimento:
– Doenças sistêmicas com efeitos secundários sobre o crescimento
– Subnutrição
– Corticoterapia / síndrome de Cushing
– Doença gastrointestinal / reumatológica
– Doença renal crônica
– Câncer
– Doença pulmonar e/ou cardíaca
– Doença imunológica
– Doenças metabólicas e/ou endócrinas
– Hipotireoidismo
– Deficiência de hormônio de crescimento
– Precocidade sexual (puberdade precoce)

Doenças genéticas com efeitos primários sobre o crescimento
– Mutações SHOX (no cromossomo X)
– Síndromes: Prader-Willi / Russell-Silver / Noonan / Morquio A/ Turner
– Displasias esqueléticas: há uma variedade de tipos, com fenótipos muito variáveis, incluindo a acondroplasia (nanismo), hipocondroplasia, displasia espondiloepifiseal e osteogênese imperfeita.

Em pacientes para os quais a história e exame físico não sugerem um diagnóstico particular, testes de triagem de laboratório são indicados. Triagem para a doença celíaca também é recomendado. Um cariótipo deve ser realizado em todas as meninas com baixa estatura inexplicável e em meninos com anormalidades genitais associadas.

As idades ósseas de raios-x devem ser obtidas e analisadas por um perito. Isto dá uma indicação do potencial de crescimento restante da criança e pode estreitar o diagnóstico diferencial. Um exame do esqueleto deve ser reservado para pacientes com suspeita de displasia esquelética, tais como aqueles com as proporções corporais anormais ou uma altura substancialmente inferior ao desvio considerado padrão. Todos esses exames devem ser escolha do especialista.

O que fazer?
Após descartar todas essas possibilidades acima, o esporte é a melhor indicação para tratar as variações normais de crescimento. No caso de doenças, as mesmas devem ser tratadas individualmente pelo especialista. O esporte proporciona o desenvolvimento de diversos aspectos positivos, entre eles podemos citar:

– Capacidade de coordenação: neste grupo estão as ações e habilidades motoras e as técnicas desportivas que são obtidas como processo de aprendizagem sensório-motora;
– Capacidade afetivo-cognitiva: o ápice deste processo acontece com idade entre 9 e 12 anos, quando a criança demonstra maior vontade de concentrar-se para aprender;
– Componentes psicodinâmicos: grupo importante trabalhado para a obtenção de uma boa capacidade psicomotora, trabalhada com variação dos exercícios de aprendizagem;
– Capacidades condicionantes e desenvolvimento: aumenta a resistência, força, velocidade e flexibilidade, aqui entra o crescimento e desenvolvimento ósseo.

A movimentação corporal, proporciona lazer e entretenimento. A prática esportiva pode ser adaptada de acordo com as condições físicas dos participantes. Mesmo com baixa estatura é possível praticar qualquer esporte, pois isso só irá estimular mais e desenvolver todas esses aspectos.

Bons treinos!

Ana Paula Simões é Professora Instrutora da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e Mestre em Medicina, Ortopedia e Traumatologia e Especialista em Medicina e Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia; da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé, da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte; e da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte. www.anapaulasimoes.com.br

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