Os mecanismos relacionados ao processo de envelhecimento da pele sempre foram um dos principais debates entre cirurgiões plásticos, dermatologistas e pesquisadores da área. Nesse sentido, uma das principais dúvidas dos médicos e acadêmicos é se o processo de envelhecimento do rosto está relacionado à flacidez ou a perda de volume da face. O aparecimento dos sinais de envelhecimento nos lábios, por exemplo, sempre foi diretamente associado à flacidez devido à aparência que a região assume. Porém, um estudo recente publicado na Plastic and Reconstructive Surgery, revista médica da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS), apontou que a perda de volume também colabora para o envelhecimento do lábio superior. “A pesquisa sugere que, à medida que envelhecemos, o lábio superior aumenta e a espessura dos tecidos moles que o compõe diminuem, o que leva à perda de volume da região, conferindo, consequentemente, aquela aparência flácida e enrugada aos lábios”, explica a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgery).
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram imagens de ressonância magnética de 100 mulheres e 100 homens. Esses participantes foram divididos em dois grupos de acordo com a idade: o primeiro grupo composto por indivíduos de 20 a 30 anos e o segundo grupo formado por indivíduos mais velhos, com idades entre 65 a 80 anos. Em seguida, os pesquisadores avaliaram as características do lábio superior e da região perioral de ambos os grupos. Com isso, descobriram diferenças relacionadas à idade dos pacientes na anatomia da região, incluindo um alongamento significativo no lábio superior do grupo mais velho. O grupo com indivíduos de 65 a 80 anos também apresentou diminuição da espessura dos tecidos moles nas dobras nasolabiais, linhas que se estendem da borda do nariz até os cantos exteriores da boca. “Os resultados da pesquisa sugerem que o alongamento e o afinamento do lábio não são causados apenas pela flacidez, sendo a perda de volume uma característica importante do envelhecimento do lábio superior e do aparecimento dos sulcos nasogenianos, conhecidos popularmente como bigode chinês”, destaca a médica.
De acordo com a Dra. Beatriz Lassance, o estudo fornece para os cirurgiões plásticos informações capazes de melhorar a forma como são realizados os procedimentos para rejuvenescimento facial, principalmente dos lábios. “A pesquisa mostra-se de grande relevância, pois a boca e a região perioral desempenham um papel fundamental na aparência e harmonia do rosto, mas, infelizmente, ainda possuímos pouca compreensão sobre os mecanismos envolvidos no processo de envelhecimento dessa região, o que o estudo ajuda a esclarecer”, afirma a especialista. “Agora, nos resta aguardar pesquisas que discutam as implicações clínicas dessas descobertas, incluindo o papel dos preenchimentos injetáveis para aumento do volume dos lábios de forma minimamente invasiva.”
Fonte: Dra. Beatriz Lassance – Cirurgiã Plástica formada na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e residência em cirurgia plástica na Faculdade de Medicina do ABC. Trabalhou no Onze Lieve Vrouwe Gusthuis – Amsterdam -NL e é Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgery) e da American Society of Plastic Surgery. Além disso, é membro do American College of LifeStyle Medicine e do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida.
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