A idade média das vítimas dessa queda é de 52 anos, o que indica falta de prevenção. Entidade promove uma ação de orientação e esclarecimentos sobre o tema nas mídias sociais.
A Sociedade Brasileira de Quadril – SBQ – está preocupada com o aumento das chamadas quedas da própria altura, quando a vítima cai após tropeçar, escorregar ou perder o equilíbrio. Esse tipo de queda causa uma morte a cada 4 dias no Estado de São Paulo, segundo a Secretaria da Saúde e já é considerado questão de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde.
Para Marco Antonio Pedroni, da Sociedade Brasileira de Quadril, para cada morte por queda da própria altura, há pelo menos 20 casos em que a queda leva à fratura do quadril, “problema infelizmente comum no idoso”. Em até 20% dos casos operados tardiamente a morte pode ocorrer no prazo de um ano, por complicações inerentes à fratura.
O alerta da Sociedade Brasileira de Quadril foi feito porque embora a fratura de quadril ou do fêmur proximal seja majoritariamente do idoso, pesquisadores paulistas que analisaram 305 casos concluíram que a idade média das vítimas dessa queda é de 52 anos, o que indica falta de prevenção.
“Está na hora de investir na prevenção da osteoporose”, insiste Pedroni, e isso implica em exercício físico, recomendado para qualquer idade, tomar sol, que contribui para o fortalecimento dos ossos e uma alimentação rica em cálcio, que é encontrado principalmente nos derivados de leite.
A prevenção se estende à casa, tanto que a SBQ preconiza há anos a ‘casa segura para o idoso’, com barras de apoio no chuveiro, sem tapetes soltos que podem levar a escorregões, piso, sapatos e chinelos antiderrapante e uma luzinha fraca no dormitório, pois muito idoso cai ao se levantar à noite, para ir ao banheiro, por déficit visual que é compatível com a senilidade.
“Preparamos uma ação de orientação e esclarecimentos sobre o tema nas mídias sociais da SBQ para que os idosos e familiares possam estar mais conscientizados”, informa o presidente eleito da SBC, Giancarlo Polesello.
Fratura do punho pode ser um sinal
É comum que numa primeira queda o idoso frature o punho, pois ao sentir que está caindo se defende com as mãos, num gesto instintivo. “É por isso que vemos a fratura do punho como sinal de alerta”, diz Pedroni, pois como indica fragilidade dos ossos, a próxima queda pode levar à fratura de quadril.
O tratamento deve ser o mais precoce possível, desde que o paciente tenha condições clínicas para realizar a cirurgia. O procedimento cirúrgico depende do tipo de fratura, pode ser com a fixação das fraturas com placas e parafusos e hastes metálicas ou com a substituição da articulação por próteses.
Os 700 ortopedistas brasileiros especializados em cirurgia do quadril têm capacitação para tratar de uma fratura de quadril. A SBQ possui um algoritmo de tratamento específico para estas fraturas, por serem frequentes e trazer morbidade e mortalidade aos pacientes vítimas desta enfermidade que não receberem o tratamento ideal.
Pensando sempre na educação médica continuada e treinamento dos seus associados, mais de cem eventos científicos e de atualização são realizados anualmente pela SBQ e este tema é sempre abordado.
“Por mais que a cirurgia recupere o paciente – e hoje conseguimos com que ele se levante do leito 24 horas depois de operado, na maioria das vezes, um problema que o médico não resolve é o medo que o idoso que caiu passa a ter”. Após as quedas, mesmo não sofrendo fratura, o idoso perde a confiança no próprio equilíbrio, sente que sua coordenação motora não é mais a mesma e percebe a fragilidade de seu organismo.
Afetado pela consciência das limitações da idade, o idoso passa a ter angústia, insegurança e, em muitos casos, é vítima da depressão. Em suma, perde a qualidade de vida e a alegria de viver.
O ortopedista diz que a primeira providência deve ser a prevenção, que implica na investigação de osteoporose. Se a fratura já ocorreu, a cirurgia deve ser feita rapidamente e embora o prognóstico do tratamento de fratura de fêmur seja de recuperação rápida, é preciso apoio psicológico, fisioterápico, familiar e orientação para devolver a confiança ao paciente.
Afinal, diz Pedroni, a expectativa de vida está crescendo muito no Brasil e um idoso que fraturou o fêmur e foi bem e rapidamente atendido, tem possibilidade de viver ainda uma ou duas décadas. Ele tem direito de usufruir por muito tempo de uma boa qualidade de vida, que a Medicina hoje pode e principalmente deve lhe oferecer.