O Gartner, Inc., líder mundial em pesquisa e aconselhamento para empresas, alerta que a instabilidade geopolítica pode afetar o mercado global de serviços offshore (atividades e entregas realizados por companhias de fora do país de origem dos contratantes), à medida que os executivos de suprimentos, compras e gerenciamento de fornecedores começarem a revisar suas estratégias para mitigar os riscos em torno dessas operações.
O mercado de terceirização offshore tem sido relativamente estável nos últimos anos, com organizações usando uma combinação de recursos locais e multinacionais com padrões de demanda e oferta bem definidos. No entanto, eventos recentes, como os ataques terroristas do Sri Lanka, a disputa comercial Estados Unidos-China e as tensões políticas em Hong Kong estão aumentando o medo de interrupções na entrega de serviços globalizados.
“A estabilidade política e econômica é um fator importante nos acordos de outsourcing que reúnem entregas feitas por empresas de diferentes países”, diz Jim Longwood, Vice-Presidente de Pesquisa do Gartner. “O Gartner tem recebido cada vez mais perguntas dos clientes com dúvidas sobre como lidar com esses cenários. Eles questionam se é melhor interromper o fornecimento de serviços de um país específico, transferir serviços para outro país ou trazê-los de volta para seus ambientes locais. Cada opção é bastante cara e pode interromper a prestação de serviços em curto e médio prazo.”
Por exemplo, o Gartner estima que a China exporte cerca de US$ 10 bilhões em aplicativos de TI e serviços de processos de negócios, principalmente para a América do Norte, Europa Ocidental, Ásia/Pacífico e Japão. As empresas indianas de terceirização geraram mais de US$ 45 bilhões em serviços globais em 2018.
“Diante disso, como o progresso das negociações comerciais pode prejudicar a capacidade da China de fornecer serviços de TI?”, analisa Longwood. “As preocupações incluem interrupção ou instabilidade potencial na entrega de serviços, aumento de impostos adicionados às taxas de trabalho de exportação e a redução da qualidade dos serviços devido às discussões ‘patrióticas’ por parte da equipe local. No entanto, a instabilidade não se limita à situação dos Estados Unidos e da China. Todas as organizações devem revisar seus acordos de outsourcing estrangeiro e até mesmo de países vizinhos.”
O Gartner prevê que, até 2023, 65% das maiores organizações que usam centros de entrega de serviços no exterior ou em países vizinhos terão adotado uma estratégia de fornecimento multinacional para esses serviços.
Empreender um gerenciamento proativo de riscos para tratar de eventos geopolíticos – As organizações geralmente seguem um bom processo de gerenciamento de riscos como parte de sua diligência quando selecionam pela primeira vez um fornecedor e/ou país para a entrega de serviços, mas frequentemente não dão continuidade a ele. As organizações deveriam monitorar a imprensa do setor, sites de comércio dos governos, sites de imigração e feedback locais, em busca de sinais de problemas iminentes.
Dividir riscos em vários países – O Gartner recomenda que as organizações construam um roteiro para dividir os riscos em vários países e/ou centros de baixo custo locais, incluindo a automação da prestação de serviços. Analistas do Gartner preveem que, até 2022, o potencial de interrupções geopolíticas irá acelerar a adoção da automação inteligente de serviços gerenciados em mais de 25% e estimulará o movimento desses serviços para opções locais mais maduras. As organizações deveriam avaliar proativamente os principais riscos dentro de seu próprio país as opções de curto prazo para os cenários previstos, identificando sinais-chave quando ações significativas forem necessárias.
Criar planos de contingência – Ao usar um grande provedor de entrega regional ou global para fornecer serviços somente daquele país, os planos de contingência geralmente não avaliam adequadamente os cenários de instabilidade geopolítica ou precisam ser atualizados. O Gartner recomenda abordar proativamente esses cenários com o provedor histórico. “Embora você não possa controlar uma interrupção repentina da prestação de serviços devido a eventos inesperados, você pode estar preparado para isso”, afirma Longwood. “Verifique com os provedores de serviços para determinar quais programas de recuperação de desastre eles têm para os clientes e trabalhe com eles para criar um plano viável de continuidade de negócios.”