Em termos da CNSeg (Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização) este 2019 tem sido um bom ano. Ainda mais, a arrecadação do mercado de seguros, bateu recorde atingindo a cifra de R$270,1 bilhões, mesmo sem contabilizar planos de saúde suplementar e Seguro DPVAT.
O mercado de seguros e a economia
Como explicou o presidente da CNSeg, Marcio Coriolano, “a gente sabe que o setor de seguros acompanha a economia. Se a economia vai bem, o setor de seguros vai bem. Se a economia vai mal, não se pode esperar um grande crescimento dele”. E os números refletem aquela regra: o maior crescimento do setor foi percebido em 2012, quando “o Brasil estava bombando” segundo Coriolano, com uma taxa de crescimento de 21,7%. Já de 2009 a 2014, o mercado cresceu também mais de dois dígitos, superando o aumento do Produto Interno Bruto.
Com as melhoras desde o ano passado das expectativas econômicas, o mercado de seguros vem experimentando essa importante recuperação. O crescimento do 2019 comparado com 2018, foi ainda maior do esperado pela própria Confederação no percurso do ano. De acordo com uma publicação do Jornal o Estado de Minas de setembro de 2019, por exemplo, as projeções de desempenho ficavam entre 8% e 10,6% aclarando ainda que não ia ser fácil, sem prever uma cifra final maior para o crescimento anual: 12,1%. Mesmo assim, é importante levar em conta que, descontada a inflação, o aumento real com respeito ao 2018 foi de 8,1%.
É muito direta a relação entre o crescimento econômico e os seguros. É só dar uma olhada à Conjuntura Nº13 publicada pela CNSeg para perceber todos os fatores que influenciam no setor. Um deles, pelo qual se projeta melhorias econômicas no cenário interno, é a polêmica aprovação da reforma da previdência. Com relação à taxa Selic, se analisa que a redução dela até o final de 2019, mudará em 2020, com a recuperação da atividade econômica.
Previsões
Como já se falou, as seguradoras vêm experimentando uma recuperação significativa, mudando o perfil dos contratos, se inclinando pela proteção de sinistros eventuais. Já para este ano 2020, se prevê a possibilidade de que o setor consiga os mesmos números obtidos no ano passado, graças também às boas projeções da economia brasileira em termos gerais: de acordo com o Relatório Focus do Banco Central de fevereiro deste ano, a inflação mostra uma queda com relação aos dados de 2019, em linha com previsões feitas pelos economistas mais importantes, de 3,40% para 3,16%, com diminuição similar do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Ao mesmo tempo, a projeção do crescimento da economia brasileira, medida de acordo ao Produto Interno Bruto (PIB), se mantém para este ano em 2,30%.
Já focalizado o análise no seguro mesmo, os principais setores que irão alavancar o mercado serão os seguros de saúde e vida (com previsões de crescimento perto do 7,6% em um cenário pessimista, e 16,5% em cenário otimista), acumulação, patrimoniais, rural (10% pessimista /23% otimista), grandes riscos de engenharia e de transporte, crédito e garantia, marítimo e aeronáutico (9,6% pessimista /20,4% otimista).
Assim, por exemplo, segundo o relatório da CNSeg os referidos crescimentos econômicos, e o conhecido déficit habitacional do país, provocarão no médio prazo uma evolução – se fala até de “explosão”- do mercado imobiliário no Brasil. Isto apresenta claramente uma relação direta com estimações de avanço na contratação e arrecadação do seguro habitacional.
Porém, na área dos planos de seguro de saúde suplementar, se fala da necessidade de lograr ajustes regulatórios para melhorar os negócios do setor. É o caso da rigidez da regulação dos produtos oferecidos, o que faz preciso flexibilizar para formatar os serviços de acordo com a realidade regional, e adaptando também os preços para lograr maior acessibilidade.
Com relação ao crescimento geral no 2020, a Confederação projeta em termos pessimistas, um aumento de 6,7% podendo mudar com perspectivas mais otimistas até 13,14%, tudo dependendo dos rumos da economia ao longo do ano, principalmente com atenção nos fatores de renda, emprego e produção.
Desafios e tendências para o setor das seguradoras
Conforme às análises do Sistema Integrado para Corretores de Seguro (SISC) este ano traz um período de mudanças e inovações para o mercado. Essas serão umas das palavras chave para este período junto com relevância social e investimentos financeiros internacionais.
O desenvolvimento da tecnologia, continuará a mudar a forma de os consumidores interagirem entre si e de como consomem serviços. O foco na inovação contínua exigirá para as seguradoras uma dedicação ainda maior: é o caso da Bradesco Seguros que, percebendo a necessidade, separou a área de inovação da de marketing para cuidar exclusivamente do desenvolvimento de ferramentas que atendam às exigências cada vez mais específicas do consumidor.
Será preciso manter respaldado o fortalecimento das Insurtechs com os avanços da tecnologia. Tratam-se de startups que surgiram para agilizar a implementação das ferramentas demandadas pelos clientes e nas quais o principal foco deverá continuar a ser a agilização da interface com eles. Novidades que já são parte do nosso dia a dia, como a possibilidade de fazer cotação online na hora de seguros se traduzem em facilidades de aquisição e uso. O desafio segundo Fabio Dragone, Diretor da área de Inovação da Bradesco Seguros, é repensar o relacionamento com o consumidor, com o intuito de oferecer soluções mais simples, sem obstaculizar os canais com os quais ele está mais acostumado. Fala: “Temos quatro gerações de clientes aqui, de 20, 40, 60 e 80 anos. Precisamos atender esse cliente no canal que ele quiser. Nenhum será substituído”.
Em conclusão, o 2019 foi um ótimo ano para as seguradoras, e o 2020 visa ser igualmente bom. Fica no consumidor, se manter atualizado para aproveitar as boas condições que, na procura de competitividade, com certeza oferecerão os diversos seguros.
m.p.a.