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A desinformação pode ser ainda mais letal que o vírus disseminado no mundo

07 de Abril de 2020. Dia do jornalista. O que refletir sobre a profissão em meio a uma pandemia que afronta, além da ciência e da política, qualquer previsibilidade. O sistema não oferece nenhuma garantia de saúde aos profissionais que atuam no front, dentre eles, os responsáveis pelas notícias. São dezenas de reportes cheirando a notícia, como se diz no jargão jornalístico, mas que neste momento, respiram junto com pessoas contaminadas pela Covid-19, arriscando as próprias vidas, assim como outros tantos profissionais essenciais para este momento. Neste cenário ao menos uma certeza, sem os jornalistas a situação estaria bem pior. A desinformação pode ser ainda mais letal que o vírus disseminado no mundo.

Informação com qualidade e credibilidade. Viés da profissão, por séculos em debate, e que está sempre atual. Com o advento e as forças das chamadas fake news, editorias novas surgiram para certificar falsas informações – alguém inventa um fato e o jornalista é chamado a desmascarar o caso. Isso porque em sua formação original ele é convocado a dizer a verdade, a buscar dentro da ética todos os campos de visão de um mesmo acontecimento. É isso que fortalece a profissão, mesmo diante das novas ferramentas tecnológicas.

No Brasil, hoje atuam em veículos de comunicação 42.332 jornalistas, segundo dados da Workr, plataforma de comunicação corporativa desenvolvida pelo Comunique-se. Os dados são de 2019, e o levantamento é o mais atual disponível. Ao analisar as atividades econômicas que empregam esses profissionais, o sistema DATAVIVA, analisado pelo Observatório da Imprensa, indica que o setor de Informações e Comunicações emprega um total de 21 mil jornalistas do País (47% do total). A Indústria aparece em segundo lugar no ranking, respondendo por 11% dessas contratações, enquanto a Administração Pública ocupa uma participação significativa, com 10%. (Dados da Relação Anual de Informações Sociais, RAIS/TEM, entre 2002-2012). Uma constatação que fica clara é, se a indústria e a administração pública os contratam, são funções economicamente importantes, longe da marginalização que alguns tentam imputar à profissão, enquanto outros se aproveitam dessa condição momentânea para atacar a categoria.

O mundo neste momento está confinado, mais da metade de população mundial não pode ou não deve sair às ruas. E os jornalistas continuam trabalhando, alguns em suas casas, mas a maioria exposta ao perigo invisível pelas ruas das cidades de todo o planeta. E o que o público espera ao ligar o rádio, a televisão ou acessar os portais de notícias? Quer confiar no que lê, no que ouve e no que vê – acreditar que aquela é a única informação verdadeira. Não importa o meio, não importa o canal ou a emissora, temos hoje à disposição inúmeras opções para escolher conforme nossa preferência, sinergia, facilidade ou até crença; a informação está disponível para todos. A única coisa que não vale é acreditar no que é mais conveniente, em representação, conluios ou teorias da conspiração.

Fica a lição, e que ela seja replicada para nossas vidas diárias, cotidianas, mesmo que o horizonte para essa retomada de hábitos pareça tão longínquo, distante ou incerto. A reflexão deste dia 07 de abril é sobre o orgulho dessa profissão. A maior satisfação é saber que mesmo beirando o caos, sobreviveremos, porque como jornalistas, cumprimos nossa missão no momento oportuno, mas sem os jornalistas, estaríamos numa crise ainda mais séria: a inconsciência da desinformação.

Ligia Gabrielli e Elizangela Grigoletti

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