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Covid-19 – Setor gráfico paranaense contribui para a produção de protetores faciais e de óculos

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O Coronavírus vem fazendo vários setores da sociedade se mobilizarem em busca de soluções para amenizar os problemas causados pela pandemia. Em Curitiba, a junção e a dedicação de médicos, professores, designers, engenheiros e empresários da indústria gráfica resultaram na criação e produção em escala de um protetor facial, batizado de Face Shield, além de óculos protetores. Feitos em plástico e reutilizáveis, os produtos vêm sendo doados à Secretaria Estadual de Saúde, que se encarrega de distribuir em todo o Paraná a profissionais da saúde, Polícia Militar, Guarda Municipal e em outros setores.

Um dos coordenadores do projeto, o professor de Engenharia da Escola Politécnica da PUC-PR, Dalton Alexandre Kai, conta que tudo começou com um grupo de WhatsApp, criado na universidade por profissionais de um comitê de crise com o objetivo de ajudar a amenizar o impacto da doença. “Conversamos bastante em uma equipe multidisciplinar sobre o que poderíamos fazer. De imediato percebemos a falta de equipamentos de proteção individual para os profissionais da saúde. Depois de muitos testes e protótipos, desenvolvemos aqui na PUC o protetor facial e os óculos de proteção, que seguem requisitos da vigilância sanitária e que foram validados pelos profissionais dos hospitais Cajuru e Marcelino Champagnat, em Curitiba”.

O professor conta que os produtos são em acetato e estavam sendo cortados a laser nos laboratórios da própria universidade. No entanto, a fabricação era lenta, principalmente por se ter que limpar as bordas queimadas pelo laser, o que inviabilizava fazer grandes quantidades. Uma alternativa seria usar máquinas de corte e vinco, disponíveis em algumas gráficas. Como tem boa relação com o Sigep/Abigraf-PR (Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado do Paraná e Associação Brasileira da Indústria Gráfica – Abigraf Regional Paraná) por ter sido muitos anos jurado do Prêmio Paranaense de Excelência Gráfica Oscar Schrappe Sobrinho, Dalton Kai pediu ajuda. “Solicitamos apoio para conversarmos com os empresários que pudessem fornecer materiais e o corte e vinco. Fomos prontamente atendidos”.

Kai explica que de imediato duas gráficas, a Belton e a Corgraf, se dispuseram a contribuir. A Belton doou material e a Corgraf centralizou toda a produção. “Para se ter ideia da importância desse apoio, na universidade conseguimos fazer 280 protetores faciais em dois dias. Na Corgraf foram quase mil em apenas uma hora. Além disso, já estamos prevendo a chegada de mais matéria-prima para nova leva de produção na Corgraf nos próximos dias”, explica, ressaltando que contribuíram com o projeto também o professor Aguilar Selhorst, da Escola de Belas Artes da PUC, e Willian Souza, técnico do Labmaker da PUC.

 

Momento de ser sensível

Com toda a estrutura necessária, a Corgraf tem centralizado a produção rápida e em escala dos protetores faciais e dos óculos protetores. Segundo o diretor, Vicente Linares, é hora de todos se envolverem da maneira que podem. “Estamos muito sensíveis a todo este momento pelo qual o mundo está passando. Se cada um de nós, dentro da sua área e das suas condições, puder contribuir isso vai ajudar muitas pessoas. Quando fiquei sabendo desta demanda e que tínhamos a estrutura para ajudar, resolvemos abraçar a causa, junto com outros parceiros”.

Até a primeira semana de abril, Linares conta que já tinham sido produzidas 3500 peças, entre protetores e óculos, com absolutamente todos os custos absorvidos pela empresa. Mesmo tendo reduzido a sua operação para 30% da capacidade em função da crise, Linares afirma que vai continuar no projeto até quando for preciso. “Enquanto houver demanda vamos fazer. Contamos também com o apoio de outros empresários gráficos com a doação dos materiais e vamos juntos ajudar a amenizar o impacto desta pandemia”.

O diretor da Corgraf afirma que expandiu a contribuição da empresa também para outras áreas, como a produção de folhetos explicativos sobre os protocolos de segurança em relação ao Covid-19, entregues nos bairros.

O diretor da Belton, Luciano Szurmiak, conta que imediatamente se dispôs a ajudar, pois já tinha a matéria-prima e a máquina de corte e vinco. “Mas conversando com o Vicente, da Corgraf, decidimos centralizar o trabalho na gráfica dele. Assim, forneci o material que eu tinha aqui e ele fez o corte”.

Szurmiak comenta que o momento é de muita dificuldade, inclusive tendo que demitir parte da equipe, mas que mesmo assim há sempre uma forma de cada um doar um pouco e de tirar lições. “São situações que fazem a gente refletir que podemos sempre ajudar e também avaliar que estamos em constante aprendizado. Esses protetores faciais foram desenvolvidos dentro de universidade, mas poderiam muito bem terem sido criados pelas próprias gráficas, pois temos todas as condições para isso”.

A Ótima Gráfica também doou matéria-prima para o projeto iniciado na PUC. Segundo o diretor, Erasto Farias, o pedido chegou na hora certa. “Estávamos fazendo otimização de espaços na gráfica e vimos que tínhamos este material sem utilização, bem no momento em que o professor Dalton fazia a solicitação. Como não temos corte e vinco, passamos para a Corgraf e assim aumentamos essa corrente de solidariedade. Sempre digo que quem precisa tem que pedir e quem pode tem que ajudar. Isso traz felicidade”.

Farias afirma que a Ótima não tem sentido tanto o reflexo da crise por enquanto pelo estilo do seu portfólio. “Não fazemos pedidos de um dia para o outro. Nossas criações, como agendas e outros itens acabados, têm grande produção no primeiro semestre e ficam estocados para serem comercializadas a partir do segundo semestre. Por enquanto estamos trabalhando praticamente no mesmo ritmo, apesar de termos liberado para ficarem em casa pessoas que estão nos grupos de risco, como idosos e diabéticos”.

A Maxi Gráfica também entrou nessa corrente, com a doação do trabalho de corte das máscaras. “Honestamente, entendo que é o mínimo que a empresa deve fazer pela sociedade. O momento pede isso e se todos ajudarem o fardo torna-se menos pesado”, disse o gerente comercial, Anibal Mesquita.

 

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