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Pessoas com sintomas de AVC deixam de procurar ajuda médica com medo de contrair Coronavírus

O drama de grandes cidades que enfrentam a pandemia do novo Coronavírus estampa os noticiários nas últimas semanas. Mas essas mesmas cidades têm registrado outros índices alarmantes: pessoas morrendo por falta de auxílio médico em casos como AVC (acidente vascular cerebral) e infarto, já que preferem aguardar em casa por receio de contágio com a doença ao procurar um hospital.

Em reportagem de 15 de abril, o jornal The Guardian revelou que médicos e paramédicos no Reino Unido haviam alertado sobre um aumento acentuado no número de pessoas gravemente doentes que morriam em casa porque estavam relutantes em chamar uma ambulância. Algo semelhante está acontecendo com o AVC.

Segundo a Associação dos Neurologistas Britânicos, os hospitais da University College London, NHS Foundation Trust observaram uma redução de 30% nas pessoas encaminhadas com AVC em comparação com o mesmo período do ano passado. “Não há razão para supor que a incidência de derrame tenha diminuído desde o início da crise do Covid-19, mas temos menos pessoas com sintomas sugestivos de AVC presentes nos hospitais”, afirmou a Organização Europeia de AVC, na semana passada, ao publicar o levantamento de que 80% dos prestadores de cuidados com AVC em 55 países estavam enfrentando demanda reduzida.

“É um aumento muito grande. Temos que respeitar a quarentena e o isolamento, isso é fundamental neste momento. Mas não em detrimento da nossa saúde, especialmente quando temos sintomas que podem levar a um derrame. E isso também está sendo registrado em Curitiba”, relata o médico neurologista Eduardo Hummelgen, do Hospital Angelina Caron (HAC).

Segundo Hummelgen, é uma corrida contra o tempo para se recuperar um paciente com sinais de AVC. “As primeiras três a quatro horas após o derrame são as mais importantes, para estabilizar o quadro e evitar sequelas. É preciso bom senso: podemos evitar muitas das saídas de casa no nosso dia a dia, mas não quando alguém estiver passando mal”.

Qual hospital devo ir?

O neurologista credita este receio generalizado ao medo de se procurar uma unidade de saúde ou hospital e acabar contraindo a COVID-19, à chamada infecção cruzada. “As secretarias de saúde municipais e estaduais estão separando os hospitais de referência para atendimento do Coronavírus. O dia a dia hospitalar continua, já que muitas doenças e emergências não escolhem hora para aparecer. Por isso, é importante consultar a lista de hospitais referências em dois momentos distintos”. Confira:

  • Sintomas neurológicos ou cardíacos: procure um hospital que não é referência para atendimentos de COVID-19.
  • Sintomas de COVID-19: Procure um hospital que é referência para atendimentos da doença.

Dados de 2018 do Datasus mostram que as doenças ligadas a infartos e AVCs foram a causa de 357,7 mil das 1,31 milhão de mortes no país (27%). Dessas, quase 100 mil mortes foram por doenças cerebrovasculares. Os índices são maiores que as mortes por câncer, acidentes, violência, doenças infecciosas ou de outros tipos.

Reabilitação em casa

Hummelgen coordena o Centro de Reabilitação Neurológica, voltado a pacientes com sequelas causadas por acidentes, AVC ou outras enfermidades, para que possam retomar sua autonomia em casa e no trabalho. Devido à pandemia, seguindo as determinações da Secretaria Estadual de Saúde, os atendimentos no centro foram reduzidos. “Analisamos caso a caso. Os pacientes dos grupos de risco não estão mais fazendo as sessões presenciais. Também orientamos alguns exercícios, especialmente de fisioterapia e terapia ocupacional, que podem ser feitos em casa. Avaliamos o risco e o benefício de cada um em suas recuperações individuais”.

Sinais do AVC

  • Confusão, sonolência e alteração de consciência;
  • Paralisia dos membros de um lado do corpo;
  • Falta de coordenação motora com desequilíbrio ao levantar ou andar;
  • Enrolar a língua, dificuldade para falar ou pronunciar algumas palavras;
  • Dificuldade em sorrir de forma igual, com um lado da boca puxando para baixo;

35 anos de Neurologia

Iniciado em 1985, o serviço de neurocirurgia do Hospital Angelina Caron venceu todas as etapas de desenvolvimento da especialidade, chegando a realizar anualmente mais de mil procedimentos cirúrgicos – desde os minimamente invasivos (no tratamento da coluna vertebral) até as mais complexas microcirurgias para tumores cerebrais e tratamento cirúrgico da epilepsia. Em 35 anos de atividade, a excelência e qualificação do corpo clínico, aliados a modernos equipamentos para diagnóstico e tratamento das doenças neurocirúrgicas, tornaram o HAC referência da especialidade no Brasil. A Neurologia do Hospital Angelina Caron conta com uma equipe de neurologistas, neuropediatras e fisiatra, que atendem pacientes internados, com destaque ao recente protocolo de atendimento ao AVC agudo, e também fazem seguimento dos pacientes em caráter ambulatorial no consultório.

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