Ensaios fotográficos online ganham força na quarentena

Ensaios fotográficos online ganham força na quarentena

Com a necessidade de se reinventar durante a quarentena, fotógrafos começaram a investir em uma modalidade jamais imaginada: o ensaio virtual, feito a distância. Foi o caso da fotógrafa paulista Tainá Medeiros, idealizadora do Projeto 50+porque você pode, que precisou inovar e decidiu apostar no digital, com a proposta do OnClick.

“Vi a necessidade de me reinventar para continuar fazendo o que amo tanto e conseguir proporcionar uma experiência leve para a quarentena, que não tem sido fácil em todos os sentidos. A inspiração veio em alguns perfis estrangeiros e no primeiro momento pensei que não seria possível”, disse.

Tudo é feito por um aplicativo de chamada de vídeo. A fotógrafa direciona a modelo, indica poses e como posicionar o celular. Depois do trabalho, ela seleciona as melhores fotos e faz a edição do material.

“É um exercício para a criatividade. Esses ensaios exigem muito mais atenção, pois a direção da modelo é fundamental, assim como a direção de como posicionar o celular, que pode ser realmente desafiadora”, afirmou.

Um dos pontos mais positivos do ensaio neste formato, argumenta Tainá, é usar a tecnologia para encurtar as distâncias. “Fiz ensaios em várias cidades como Anápolis, Rio de Janeiro e Santos. É muito legal conseguir usar a tecnologia a nosso favor”, confessou.

Para reforçar ainda mais a autoestima das mulheres durante o isolamento, a fotógrafa decidiu ir além dos ensaios e vai lançar, no próximo mês, um ebook para quem gosta de fotografar com seu smartphone, mas não possui muita experiência.

“As lentes dos celulares hoje em dia são muito potentes, mas é preciso saber usar da maneira correta. E eu quero que mais pessoas se apaixonem pela fotografia e por si mesmas”, relatou a fotógrafa.

No livro digital, Tainá pretende ensinar as pessoas a usarem o próprio celular para se fotografar, sem gastar com uma super produção.

“Passamos por um momento complicado, e muita gente se sente só com o isolamento. Então, é bom ter um respiro, sair da invisibilidade e minimizar os efeitos da quarentena”, salientou.

Autoestima no isolamento social

Um das fotografadas por Tainá via online foi a nutricionista Simone Bassi Blank, de Santos (SP). Ela foi selecionada para a campanha 50+porque você pode, da fotógrafa Tainá Medeiros, que aconteceria em março.

“Como foi adiada por causa da pandemia, mantínhamos contato pelo grupo, o que fazia as expectativas aumentarem.  Então, Tainá teve a ideia do ensaio online e perguntou se eu topava testar. Na mesma hora aceitei e marcamos a sessão”, recordou.

Como elas não se conheciam pessoalmente, marcaram uma reunião através do aplicativo FaceTime. “Por meio do aplicativo, ela conduziu todo o proceder…para onde olhar, o que vestir. Mas foi sem produção, sem make, cabelo lavado, apenas a curtição do momento. Por alguns instantes a dor do isolamento social ficou em segundo plano, foi tudo inusitado, leve e delicioso.  O olhar cuidadoso e o talento dela criou este resultado surpreendente. As fotografias ficaram lindas e capturaram uma sensualidade delicada que existe em toda mulher independente do corpo e da idade. Me reconhecer nesse formato, aos 53 anos, foi um resgate de autoestima que eu adorei participar e recomendo”, relatou Simone.

A modelo fotográfica Maria Mirella Cardoso, de São Paulo, já está acostumada com as lentes, mas é a primeira vez que participa desse formato.

“Recebi o convite da Tainá para estrear esse novo projeto #OnClick e nunca tinha feito nada parecido, me surpreendi com tudo. Mesmo a distância, a fotógrafa fez toda direção das poses, confesso que amei fazer fotos com uma mulher, me senti super à vontade, foi leve, divertido, as fotos estão lindas. Agora podemos tirar foto com toda segurança em época de pandemia”, disse Maria Mirella.

A empresária Ana Luiza Cotrim, de Anápolis (GO), se disse encantada com o resultado das fotos.

“Em meio a essa crise que estamos vivendo, os profissionais estão tendo que se reinventar e abusar da criatividade cada vez mais e ainda bem que a tecnologia permite esse ensaio inovador. E foi no conforto do meu lar; assim pude explorar todos dos cantos da minha casa e o resultado das minhas fotos ficou maravilhoso, como se fosse um ensaio presencial mesmo. Estou encantada com essa oportunidade e com esse trabalho”, comemorou.

Arte exige foco extra

Assim como Tainá, a fotógrafa Luciana Heringer, de Brasília, também tem mantido seu trabalho a distância. Ela contou que está conseguindo realizar os trabalhos agendados antes da quarentena, mas disse que os ensaios exigem agora um foco extra na direção de fotografia.

“O ensaio online é a prova de que a fotografia se adapta às necessidades que surgem, seja para aqueles que querem registrar esse momento de pandemia ou para aqueles que já tinham algo planejado, como aniversários. No dia 15 de junho, participarei da festa online do Felipe, que fará dois anos. A mãe dele tinha tudo programado para essa comemoração, agora será online: convidados e fotógrafa. Já fizemos um teste, conversamos sobre o melhor lugar para a mesa e o horário”, descreveu Luciana.

Para ela, esse tipo de fotografia não substitui a presencial, mas ajuda a manter a renda. “Enquanto estamos privados do convívio social, esse tipo de fotografia nos ajuda, mas não substitui a fotografia presencial, na qual temos um equipamento profissional e uma direção mais precisa”, observou.

Luciana explicou que pode fazer o ensaio por outras plataformas de vídeo chamada, mas prefere por FaceTime, porque a resolução é melhor.

“Fazemos uma chamada de vídeo antes para conhecer o ambiente e os pontos com a melhor iluminação da casa. Na hora combinada, entro novamente por chamada de vídeo e vamos interagindo e fotografando.  Nesse tipo de fotografia, a principal dificuldade é conhecer o que tem em volta, mas vamos nos adaptando. Tenho percebido muita facilidade por parte das crianças que já brincam com o celular normalmente, elas não percebem que estão sendo fotografadas, é uma diversão!”, disse.

A fotógrafa explicou os detalhes do trabalho. “A gente pede para colocar o celular normalmente em um suporte. Tem um botão chamado live, aí vou pedindo para colocar na vertical, ou horizontal, vou encaminhando e eu vou fazendo as fotos. A direção de fotografia é mais trabalhosa, mais suada. O grande segredo é posicionar o celular de frente para uma luz boa, de acordo com o horário, não é uma tarefa muito simples não, mas a gente vai se adaptando”, finalizou.

Publicado em 06/06/2020 – 16:15 Por Ludmila Souza – Repórter da Agência Brasil – São Paulo

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