As medidas adotadas para conter o avanço da Covid-19 levaram à suspensão das aulas presenciais em todo o Brasil. Por enquanto, ainda é impensável a volta das instituições de ensino, que causam sempre grandes aglomerações. Com isso, o espaço ficou aberto para o ensino a distância crescer ainda mais no país.
Desde 2017 já era possível observar um grande crescimento do EAD. No ano passado, o número de estudantes matriculados em cursos a distância correspondiam a 26% do total de estudantes no país, o que já representava um aumento em relação aos anos anteriores.
De acordo com os especialistas, a tendência era que em 2023 o número de alunos do EAD superasse o do ensino presencial. Agora, com a pandemia, esse processo foi acelerado. Ainda não há previsões exatas sobre o tamanho do crescimento do ensino remoto após a crise, mas é certo que o crescimento será mais rápido e maior do que o esperado anteriormente.
A desconfiança em relação ao EAD ainda é muito grande, principalmente por conta das desigualdades que ele tende a escancarar, já que depende de equipamentos de qualidade, como bons computadores e uma conexão de internet estável. Além disso, as interfaces de ensino a distância ainda apresentam alguns problemas.
As instituições estão lidando com esses problemas utilizando plataformas que permitem o ensino assíncrono, ou seja, aquele que não exige a presença e as interações em tempo real, oferecendo uma maior flexibilidade de horários. Uma dessas ferramentas é bem antiga no mundo da internet, mas muito eficiente para discussões sobre os conteúdos: os fóruns. Ou seja, se engana quem pensa que os cursos EAD são compostos apenas por vídeos.
O medo de que os encontros virtuais acarretassem em uma menor qualidade de ensino, por conta da falta de troca de experiências, essencial na educação, também ocorre. Porém, a suspensão das atividades presenciais obrigou muitos estudantes a migrar para o ensino a distância e, em muitos casos, as experiências estão sendo satisfatórias – o que aumenta a chance desse alunos procurarem um curso a distância no futuro.
Outro fator que afastava algumas pessoas do EAD era a organização pessoal que é exigida para estudar em casa. O período de isolamento também serviu para amenizar essas preocupações, já que muitos tiveram que realizar home-office e continuar os estudos por conta própria. Quem se adaptou, também está mais pronto para realizar um curso a distância.
Por fim, também pesa o fato de muitas instituições estarem disponibilizando cursos gratuitos durante a quarentena, atraindo potenciais estudantes. Quem fala sobre isso é Daniele Padrão, editora de tecnologia do Guia55: “Quem aproveitou o isolamento para se aperfeiçoar em algum curso online, com certeza olhará para o ensino a distância com outros olhos depois da pandemia, já que a qualidade das plataformas de ensino está muito superior do que as vistas há alguns anos”, afirma.