Motivados pela influência das mídias sociais na autopercepção das pessoas, muitos jovens começaram a ingressar mais cedo nos procedimentos estéticos e em cirurgias plásticas. Muitos deles começam na adolescência
A verdade é que se os jovens millennials estão adiantando procedimentos estéticos para tratar sinais que ainda nem apareceram – e isso foi identificado há alguns anos como Dismorfia Snapchat ou Dismorfia Instagram – os adolescentes parecem ter embarcado na mesma onda, completamente influenciados pelas mídias sociais. Somente para ilustrar, um relatório publicado pela Fortune Business Insights, no começo desse mês, destaca que o tamanho global do mercado de implantes estéticos (mamários, dentários e faciais) deverá chegar a US$ 6,14 bilhões até 2026, exibindo um CAGR (taxa de crescimento anual composta) de 6,6% durante o período de previsão. Você imagina o porquê disso? “Desde o advento da Internet, o mundo mudou rapidamente para as plataformas de mídia social da comunicação cara a cara em busca de influenciadores. Os millennials e a geração Z (nascidos entre 1995 e 2015) são incentivados a seguir certos padrões de beleza em várias plataformas de mídia social como Instagram, Facebook e Twitter, bem como em vários sites de namoro. Há também o desejo de receber ‘likes’ e obter mais ‘seguidores’ nas mídias sociais, especialmente na população adolescente, que pensa nisso como sua posição social. No total, esses fatores motivaram muitos jovens a se submeterem à cirurgia plástica. Vários homens e mulheres solteiros ainda estão passando por uma cirurgia de aprimoramento de beleza para ficar bem em mídias sociais e sites de namoro, o que está alimentando ainda mais a receita global do mercado de implantes estéticos”, diz o relatório da Fortune Business Insights, que ainda destaca que a América Latina deve exibir um crescimento notável no mercado de implantes estéticos e o Brasil tem um enorme potencial de crescimento. “Além disso, os pacientes adolescentes estão cada vez mais informados e seguros daquilo que os incomodam e o que pode ser mudado. Isso é influência de um mundo conectado e com grande disponibilidade de informação. As selfies apenas realçam o objeto do incômodo”, diz o médico.
Segundo o cirurgião plástico Dr. Mário, a geração das selfies tem relação também com a autopercepção estética das pessoas. “O fato de se ter uma câmera nas mãos a todo o momento é um convite para o autorretrato de todos os ângulos e em todas as situações. Isso gera frustração, pois sempre existe um ângulo que desagrada, principalmente porque se compara com fotos de outras pessoas nas redes sociais ignorando o fato de que muitas delas são super produzidas e manipuladas digitalmente”, diz o médico. “E os jovens são mais afetados por este fenômeno”, acrescenta.
Um alerta importante é feito com relação às câmeras dos celulares, que causam um efeito chamado Fish Eye, que distorce a imagem deixando o nariz, por exemplo muito maior do que é na realidade. Principalmente nas selfies, quando o celular fica a uma distância muito curta em relação à face. “Quanto mais paralelos os feixes de luz entram na lente da câmera, mais a imagem formada corresponde à realidade. Acontece que, no caso dos celulares, por conta do tipo de lente e da sua distância em relação à face (selfies), esses feixes entram de forma não paralela. É um fenômeno físico, que é minimizado no caso de fotos mais profissionais”, diz o Dr. Mário.
A iluminação e o ângulo são outros dois pontos importantes para uma boa foto e que podem influenciar na autopercepção. “Tudo é uma questão do contraste entre a luz e a sombra e o ângulo escolhido. Tanto é que nas fotos que tiramos antes e depois das cirurgias, tudo tem de estar padronizado para poder ser comparado. A distância entre a câmera e o paciente, a intensidade e direção da luz e o tipo de lente devem ser sempre os mesmos. Isso é tão importante, que em alguns congressos médicos, uma foto mal executada pode significar o insucesso de toda uma apresentação”, afirma o médico.
Quando um paciente percebe, por conta de sua foto, um nariz maior do que realmente é, o médico diz que a conduta correta é tentar fazer entender que aquilo não corresponde à realidade. “Isso pode ser feito, tirando a mesma foto com a distância e a câmera adequadas”, diz.
Já para o caso em que há uma indicação cirúrgica de fato, o cirurgião plástico argumenta que não existe problema em fazer cirurgia em adolescentes. “A indicação para uma cirurgia está mais ligada ao problema do que à idade do paciente.” Mas é importante uma boa conversa com o médico antes de qualquer procedimento. “As pessoas estão cada vez mais críticas, e isso gera uma expectativa maior em relação aos resultados de uma cirurgia. Procure um cirurgião plástico membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e busque também recomendações. Nesse momento, aproveite a telemedicina para explicar ao médico o que incomoda”, finaliza.
FONTE: DR. MÁRIO FARINAZZO – Cirurgião plástico, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e Chefe do Setor de Rinologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Formado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o médico é especialista em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Professor de Trauma da Face e Rinoplastia da UNIFESP e Cirurgião Instrutor do Dallas Rinoplasthy™ e Dallas Cosmetic Surgery and Medicine™ Annual Meetings. Opera nos Hospitais Sírio, Einstein, São Luiz, Oswaldo Cruz, entre outros. www.mariofarinazzo.com.br
https://www.
paula.amoroso@holdingcomunicacoes.com.br