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Composto da alcaparra regula batimento cardíaco, contração muscular e função cerebral, diz estudo

Publicado no começo de julho, estudo da Universidade da Califórnia descobriu que o composto chamado quercetina, cuja fonte natural mais rica é a alcaparra em conserva, pode regular diretamente proteínas necessárias para o corpo inteiro

Composto da alcaparra regula batimento cardíaco, contração muscular e função cerebral, diz estudo

A depender de um novo estudo, publicado no começo de julho no periódico Communications Biology, as alcaparras em conserva devem começar a fazer parte da sua alimentação. Isso por que o estudo, liderado por pesquisadores da Universidade da Califórnia descobriram que um composto chamado quercetina, presente nas alcaparras, pode regular diretamente as proteínas necessárias para processos corporais, como batimentos cardíacos, funções cerebrais, contração muscular e funcionamento normal da tireóide, além de pâncreas e trato gastrointestinal. “As alcaparras são a fonte natural mais rica conhecida de quercetina, um flavonoide alimentar envolvido na ativação de diversas funções do organismo. O estudo mostra que a quercetina das alcaparras ativa proteínas necessárias para a atividade normal do cérebro e do coração humano e pode até levar a futuras terapias para o tratamento da epilepsia e ritmos cardíacos anormais”, explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

Os pesquisadores descobriram que a quercetina, um bioflavonoide derivado de plantas, modula os canais de íons de potássio na família de genes KCNQ. “Esses canais são altamente influentes na saúde humana e sua disfunção está ligada a várias doenças humanas comuns, incluindo diabetes, arritmia cardíaca e epilepsia”, diz a médica. O mecanismo pode se estender a outros alimentos ricos em quercetina em nossa dieta, como maçã com casca, uva vermelha e brócolis, além de suplementos nutricionais à base de quercetina.

Segundo o estudo, um por cento de extrato de alcaparras em conserva já ativava canais importantes para a atividade normal do cérebro e do coração humano. “O mecanismo molecular da quercetina é a ligação a uma região do canal KCNQ necessária para responder à atividade elétrica e, ao fazer isso, o flavonoide ‘engana’ o canal para abrir quando ele normalmente se fecharia”, diz a médica. Aumentar a atividade dos canais KCNQ em diferentes partes do corpo é potencialmente benéfico, pois drogas sintéticas que fazem isso têm sido usadas para tratar a epilepsia e mostram-se promissoras na prevenção de ritmos cardíacos anormais.

As evidências arqueológicas do consumo de alcaparras remontam a 10.000 anos, de acordo com descobertas arqueológicas de depósitos de solo mesolítico na Síria e habitações de cavernas da Idade da Pedra na Grécia e Israel. “As alcaparras são tradicionalmente usadas como medicina popular há centenas, senão milhares de anos, e atualmente são estudadas em seu potencial para propriedades anticâncer, antidiabéticas e anti-inflamatórias e seus possíveis benefícios circulatórios e gastrointestinais”, diz a Dra. Marcella.

Os pesquisadores, agora, pretendem ampliar o estudo, inclusive para o desenvolvimento de moléculas para otimizar a ação da quercetina com o objetivo de criar novas drogas terapêuticas. Apesar das poucas calorias (em 100g, são menos de 30kcal) e seus benefícios circulatórios, a médica nutróloga lembra que pessoas hipertensas devem consumir com moderação e orientação, já que as alcaparras são geralmente conservadas no sal.

FONTE: *DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.

LINK: https://www.nature.com/articles/s42003-020-1089-8

guilherme.zanette@holdingcomunicacoes.com.br

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