Os conceitos de cooperativismo eram aplicados antes mesmo do entendimento atual que o termo tem de cooperação. O modelo de negócios foi se transformando ao longo dos anos e, hoje, conta com uma grande e sólida estrutura que abarca diversas atividades econômicas no Brasil e no mundo, gerando trabalho, emprego, renda e bem-estar social. Este ano, a data de 04 de julho celebra o Dia Internacional do Cooperativismo, criado para enaltecer os resultados do setor sempre no primeiro sábado do mês de julho.
O cooperativismo tem mesmo muito a comemorar, já que é um dos setores mais transformadores para a realidade de milhares de brasileiros. O anuário da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) indica que entre 2010 e 2018, o número de pessoas que se uniram ao cooperativismo aumentou 62%, enquanto o número de empregos abertos pelo setor cresceu 43% no mesmo período. O estado de São Paulo concentra o maior número de entidades cadastradas na OCB, somando 1025 cooperativas, concentrando 3.903.354 cooperados. O segundo maior estado para o segmento é Minas Gerais, onde existem 771 cooperativas com 2.848. 481 cooperados. A divisão de gênero entre os representantes do setor está na proporção de 64% homens e 36% mulheres.
Mesmo diante das dificuldades que a crise gerada pela pandemia trouxe, o setor espera encontrar em sua essência o drible para a crise. As principais cadeias produtivas atingidas, segundo a OCB, foram a de hortifrutigranjeiros, flores e lácteos. O superintendente do Sistema OCB, Renato Nobile, avalia que a capacidade do cooperativismo sempre foi passar pelas crises, com prejuízos menores do que as outras empresas, devido à sua constituição. “São muitas pessoas de olho no negócio, nas possibilidades de solução de problemas e, até, de antecipação das crises. A gente sempre fala que um dos grandes diferenciais das cooperativas é a participação ativa de seus membros, em que pessoas se unem com o propósito de se fortalecer economicamente, ganhando maior eficiência e, consequentemente, mais espaço no mercado. Isso resulta em maior renda e melhor qualidade de vida aos cooperados, colaboradores e familiares, beneficiando também a comunidade onde estão inseridos”.
Os setores que mais crescem no cooperativismo são as cooperativas de crédito, transporte e agropecuária. Mas em todos os ramos de atividade novas cooperativas surgem a cada ano. O cooperativismo habitacional, por exemplo, em 2018, tinha 282 cooperativas no país, com 103.745 cooperados, gerando 742 empregos diretos. Essas cooperativas reúnem cooperados para construção, manutenção e administração de conjuntos habitacionais e condomínios, usando autofinanciamentos ou mesmo créditos habitacionais oficiais. A CICOM, cooperativa do segmento com sede em Guarulhos/SP, é uma das jovens frentes de atuação no estado de São Paulo e une a experiência de 15 anos dos fundadores. O diretor executivo, Carlos Massini, explica que o cooperativismo representa muitos diferenciais necessários na busca contínua da igualdade social. “O desafio habitacional do País nos convoca à participar da ação de ampliar a oferta necessária para suprir a demanda por moradias. Através das cooperativas, a aquisição pode chegar a pessoas com baixa renda e que não precisam se preocupar em enfrentar a burocracia do sistema bancário”. Massini garante que o custo dos imóveis chega a ser 40% menor através das cooperativas habitacionais, já que não visam lucro, mas sim a cooperação entre aqueles que buscam uma moradia.
A OCB fez uma Pesquisa Nacional do Cooperativismo, em 2018, para entender a percepção dos brasileiros sobre o setor, a proposta de negócio e seus diferenciais. Foram entrevistadas 6.700 pessoas de todo o Brasil, nas 27 capitais e também no interior do País. O resultado mostra que o modelo de negócios tem muito espaço para expansão, pois de cada 10 brasileiros apenas 04 conhecem o cooperativismo.
Para 2020, mesmo diante da crise sem precedentes, Renato Nobile avalia que a expectativa do cooperativismo é sempre a melhor. E para contribuir, a OCB está implementando ações para contribuir com as cooperativas. “Por exemplo, lançamos a série Inovando na Crise, que contém 10 e-books que ajudam a encontrar soluções inovadoras. A OCB também criou a plataforma CooperaBrasil, que integra e divulga produtos e serviços das cooperativas na internet para fomentar o comércio e a intercooperação. Trata-se de um espaço online para dar visibilidade e apoiar os negócios das coops neste período de crise. E é importante destacar que uma cooperativa forte é sinônimo de famílias fortalecidas pelo trabalho e pela renda. Assim, convidamos não só as cooperativas a conhecerem esse ambiente virtual, mas a sociedade também”.
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