Levantamento feito pelo Sebrae com a FGV mostra também que 47,7% dos entrevistados tiveram o crédito negado por instituições financeiras
Obter empréstimo para contornar a crise desencadeada pela pandemia do novo coronavírus tem sido um dos principais desafios dos pequenos negócios. A 4ª edição da pesquisa Impacto da Pandemia do Coronavírus, realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que 21,3% dos pequenos negócios no Paraná conseguiram obter crédito junto às instituições financeiras. Outros 31,1% ainda aguardam respostas e 47,7% tiveram o crédito negado. O percentual é maior que a média no Brasil, que é de 16% de sucesso na obtenção de crédito.
“Nos países desenvolvidos, existem políticas de crédito a juros zero porque os pequenos negócios são essenciais para o funcionamento do sistema econômico. No Brasil, o crédito continua caro e burocrático. Elas são 99% das empresas e respondem por a maior parte dos empregos. Em tempos de pandemia, a prioridade deveria ser manter as empresas vivas. Se não socorrermos as empresas que precisam de crédito, não vai haver empresa para voltar a produzir e não sairemos dessa crise tão cedo”, explica o presidente do Sebrae, Carlos Melles, ao analisar o cenário nacional.
Segundo os entrevistados paranaenses, a falta de garantias ou avalistas foi a principal razão (22,4%) apontada pelos bancos para a negativa de crédito. O CPF negativado ou com restrições também foi citado por 18,4% dos empresários para a negação dos empréstimos. Outros 12,2% afirmaram que o banco não informou o motivo. A maioria (22,9%) solicitou empréstimo entre R$ 5.001,00 e R$ 10.000,00. Outros 20,9% pediram entre R$ 10.001,00 e R$ 20.000,00 e 14,2% entre R$ 10.001,00 e R$ 30.000,00.
No Brasil, o CPF com restrições foi a principal razão (19%) para a não concessão de crédito. A negativação no CADIN/Serasa também foi citada por 11% dos entrevistados para a negação dos empréstimos, este foi o quarto item mais citado. Outros 11% dos empresários ouvidos afirmaram que a falta de garantias ou avalistas teria sido o principal obstáculo.
A pesquisa mostra ainda que, no Paraná, 48,1% dos entrevistados mudaram o funcionamento da empresa com a pandemia, 39,4% interromperam as atividades temporariamente, 8,8% não mudaram a forma de trabalho e 3,7% decidiram fechar a empresa de vez. Devido as medidas de restrição de circulação de pessoas, quase 40% dos empresários afirmaram que conseguem manter o funcionamento devido a utilização de ferramentas digitais, como sites, telefone e aplicativos. Outros 37,6% não conseguem funcionar porque dependem do atendimento presencial.
Entre os que fecharam seus negócios, 29% pretendem abrir outra empresa, 20% vão procurar outro emprego, 16,8% vão criar um negócio informal, 11% querem ser autônomos e 4,5% pretendem se aposentar.
Conforme o levantamento, a pandemia afetou o faturamento de 86,9% dos entrevistados, com uma redução média de 61%. Apenas 3,8% afirmaram ter aumentado o faturamento, sendo que, deste total, 38,9% passaram a vender online.
Questionados sobre a necessidade de demitir funcionários com carteira assinada, nos últimos 30 dias, por conta da Covid-19, 46,9% responderam não ter funcionários, 40,5% não precisaram desligar colaboradores e 12,6% tiveram que dispensar.
Vendas online
A maioria dos empresários (46%) já realizava vendas online antes da pandemia. 18% afirmaram não vender por este tipo de canal, mas que têm interesse. Os meios mais utilizados para a comercialização de produtos e serviços apontados pelos empresários são o Whatsapp (84,6%), seguido pelo Facebook (56,2%) e Instagram (40%).
O mais recente levantamento feito pelo Sebrae em parceria com a FGV, ouviu no Paraná 527 donos de pequenos negócios, entre os dias 29 de maio e 2 de junho. Metade dos entrevistados são do setor de serviços, 44% do comércio e 4% da indústria. Em todo o país foram 7.703 donos de pequenos negócios que responderam a pesquisa, de todos os 26 Estados e do Distrito Federal.
Principais números da pesquisa no PARANÁ:
Como está a restrição de circulação de pessoas no seu município neste momento?
- 36,4% fechamento parcial
- 4% lockdown
- 59,1% em processo de reabertura
- 4% não tiveram restrições
Como foi afetado em termos de faturamento?
- 3,8% aumentaram
- 86,9% diminuíram
- 6,4% permanecem igual
- 2,9% não sabem ainda ou não quiseram responder
Sua empresa vende ou compra de alguma empresa grande?
- 15,6% sim, há menos de 2 anos
- 11,1% sim, há cerca de 4 anos
- 34,9% sim, há mais de 6 anos
- 38,4% não
Desde o começo da crise já buscou empréstimo bancário?
- 38,2% sim
- 61,8% não
Como estão as dívidas/empréstimos da sua empresa?
- 35,3% têm dividas, empréstimos estão em dia
- 32% têm dívidas, empréstimos em atraso
- 32,6% não têm dívidas, nem empréstimos
Quanto tempo tem seu negócio?
- 12% de 1 a 2 anos
- 22% de 2 a 5 anos
- 25% de 5 a 10 anos
- 33% mais de 10 anos
- 9% menos de 1 ano
Confira outros dados da Pesquisa no BRASIL
- Para 87% das MPE o impacto da Covid-19 continua sendo a diminuição do faturamento.
- Entretanto, melhorou o nível de faturamento. Na segunda sondagem, o resultado estava, em média, 69% abaixo do normal. Na última pesquisa o faturamento médio estava 55% abaixo do normal.
- Mais empresas que estavam paradas voltaram a funcionar. A interrupção temporária caiu de 59% para 43%.
- WhatsApp é o principal meio de venda pelas redes sociais, seguido pelo Instagram e pelo Facebook.
- Mais de 2/3 das empresas afirmaram que já adotaram (ou será fácil adotar) protocolos de segurança e higiene no combate à Covid-19 no retorno às atividades.
- A expectativa de retorno à normalidade, na média dos empreendedores ouvidos, passou de março de 2021 para julho de 2021.