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A pandemia e a sujeira invisível

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Cássia Almeida*

Até o começo de 2020, quando a pandemia de Covid-19 começou a ter seus primeiros casos no mundo, a limpeza de um ambiente era medida com base na sujidade, que é a sujeira física, aquela que podemos ver. Mas, com um vírus perigoso circulando entre as pessoas, outro tipo de sujeira passou a chamar a atenção das pessoas comuns: a sujeira que não se vê.

Por causa dela, a rotina dos profissionais de limpeza mudou muito. A higienização, que é a prática adequada, antes era adotada como padrão principalmente em áreas críticas, como as hospitalares. Com a pandemia, esse tipo de protocolo passa a ser necessário em todos os ambientes, com maior frequência, à medida que entendemos que não basta que os espaços estejam limpos, eles precisam estar higienizados. Com base em testes que estudaram o tempo de duração do vírus em diferentes superfícies e na quantidade de pessoas que circulam pelos diferentes ambientes, foi possível começar a estabelecer protocolos de segurança sanitária para que essa higienização seja realizada. As pessoas também passaram a falar cada vez mais sobre a importância de se higienizar tudo aquilo com que se tem contato no dia a dia.

Mas o que é higienizar de verdade? A limpeza nada mais é que a retirada da sujidade, realizada com equipamentos adequados – que vão de mops a máquinas profissionais – e com produtos como o detergente e o limpa-vidros, por exemplo, capazes de retirar essa sujeira visível. Para higienizar, esses protocolos não bastam. É preciso, na sequência, desinfetar, ou seja, retirar não apenas a sujidade, mas também os micro-organismos presentes nos espaços. Aqui, também são utilizados equipamentos próprios que, muitas vezes, são os mesmos da limpeza. No entanto, o produto passa a ser o desinfetante. A higienização, então, é o resultado dos processos de limpeza e desinfecção somados.

Ao longo da história, os seres humanos associam a limpeza ao odor. Seguindo essa lógica, uma sala que está cheirosa está, automaticamente, limpa. Essa é uma visão equivocada da limpeza e uma das provas disso são os hospitais e outras unidades de saúde. Embora não tenham o famoso “cheiro de limpeza”, esses lugares são rigorosamente higienizados justamente para evitar a proliferação de micro-organismos causadores de doenças. Daí a importância da limpeza profissional neste momento de crise sanitária. Esta não é a primeira vez na história que a “sujeira invisível” compromete a saúde das pessoas. Há cerca de dez anos houve a “gripe suína” e, com ela, o ato de lavar as mãos ganhou atenção especial. Novamente, cá estamos, incentivando essa prática para evitar uma sujeira invisível que compromete a saúde física, mental, emocional, econômica e até política.

Profissionais de limpeza devidamente capacitados são fundamentais para determinar as melhores formas e a freqüência ideal para realizar a higienização e proteger a saúde de todos. Só eles saberão detalhes como proporção de diluição dos produtos, quanto tempo é necessário para que eles façam efeito, entre outras informações. Em um cenário pandêmico, mais que em qualquer outra perspectiva, a crença de que todos nascem sabendo limpar não funciona.

“É urgente que as pessoas compreendam que, assim como o departamento administrativo de uma empresa tem seus procedimentos, a limpeza profissional também os tem. E que passem a dar a esses profissionais o valor que eles realmente têm para a sociedade, construindo uma cultura de colaboração para que a higiefnização realizada pelos profissionais de limpeza dure por mais tempo e, principalmente, entendendo que a saúde é uma responsabilidade de todos e que lavar as mãos com frequência, utilizar álcool em gel e utilizar uma máscara limpa em ambientes coletivos podem salvar vidas.”

 

*Cássia Almeida é superintendente executiva da Fundação de Asseio e Conservação, Serviços Especializados e Facilities (Facop).

 

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