Durante a campanha eleitoral de 2018, o então candidato Ratinho Júnior vendia uma imagem ufanista do estado, afirmando à exaustão que “o Paraná é o maior produtor de alimento por metro quadrado do mundo”. Especial para a Agência Pública, a Livre.jor checou a informação e verificou que não há base técnica, tampouco pesquisa científica global, que sustente a frase de marketing.
Mas não dá para negar que o agronegócio ocupa progressivamente mais terras no Paraná. A gente não sabia, mas naquele ano, em 2018, o Serviço Florestal Brasileiro elaborou um inventário da cobertura vegetal do Paraná. Considerando essa medição – a mais recente já divulgada – 50,3% do território estadual pertence à agropecuária. Para ser preciso, 33,7% é agricultura e 16,62% é pecuária – concentradas principalmente no Oeste e no Norte do Paraná.
Floresta madura são só 17,84% e, mesmo que a gente some a esse percentual as áreas de mata secundária (12,99%) e de reflorestamento (6,77%), não dá o mesmo tanto que a parcela de terra ocupada pela agropecuária – 37,6% ante os tais 50,3%. Não é só coincidência que as áreas onde há mais erosão do solo também seja aquela com predomínio da agricultura e pecuária ostensivas.
Segundo o Serviço Florestal, há ocorrência de voçorocas e ravinas principalmente no Oeste e no Norte do Paraná, além de sulcos e marcas de erosão inicial. 37% da área vistoriada na pesquisa apresentou sinais de erosão. Ao olhar o estoque de carbono, a situação muda, havendo mais concentração dele do litoral até os Campos Gerais – região com as principais áreas de proteção ambiental do Paraná. Basta comparar os mapas e tirar suas próprias conclusões.
E onde há florestas, elas não estão sozinhas. O Serviço Florestal identificou presença ou vestígios de animais de grande porte (gado, por exemplo) em 46% dos pontos amostrais, sinais de exploração comercial da madeira em 17%, rastros de caçadores em 8% e de incêndios em 5%.
O estudo foi realizado sob a coordenação do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) em parceria com secretarias do Governo do Paraná. Os recursos para coleta de dados em campo foram provenientes do governo estadual e do projeto Global Environment Facility – GEF (Projeto GCP/BRA/079/GFF) administrado pela FAO (agência da ONU para monitoramento da segurança alimentar no mundo).
Um versão resumida da pesquisa pode ser lida aqui > http://www.florestal.gov.br/documentos/informacoes-florestais/inventario-florestal-nacional-ifn/resultados-ifn/3966-relatorio-ifn-pr-2018/file
Fonte: BY JOSÉ LÁZARO JR. Livre.jor