Rodolfo Stancki, professor da área de Comunicação, escreve sobre livro organizado pela professora Graciela Sanjutá Soares Faria, que nasceu de uma rede de contatos de mulheres vinculadas ao UniBrasil – Centro Universitário.
A coletânea “E se o felizes não foi para sempre?” usa da ficção e da poesia para discutir marcas deixadas pelo fim de relacionamentos.
“E se o felizes não foi para sempre?”
Graciela Sanjutá Soares Faria (org.)
A ficção é uma forma bastante legítima de representação da realidade. Por meio de uma cena de cotidiano inventada, uma narrativa trata de temas da vida de um autor e daquele que o lê. Mesmo no mais fantástico dos fictícios há uma troca, em que se compartilham vivências que são ressignificadas no momento da recepção.
Nascido a partir de uma teia de relações de mulheres vinculadas ao UniBrasil – Centro Universitário, o livro “E se o felizes não foi para sempre?” traz histórias e poemas de psicólogas, professoras e escritoras que relatam, por meio da ficção, experiências de relacionamentos que, por diferentes motivos, foram interrompidos. Organizada pela professora Graciela Sanjutá Soares Faria, coordenadora do curso de Psicologia, a obra apresenta narrativas muito pessoais de 12 autoras sobre solidão, saudade e decepções amorosas.
O título brinca com a ideia de que a felicidade, especialmente a de casais amorosos, não necessariamente é eterna. Ela é válida mesmo quando concentrada em um pequeno período de vida, deixando marcas de alegria, nostalgia e tristeza.
Cada trecho do livro soa como um desabafo. São experiências, sentimentos e trajetórias que ganham uma aparência de ficção, mas parecem ser tão verdadeiras quanto um relato jornalístico. A diferença aqui é a roupagem, mais leve e destinada à reflexão.
Não por acaso, a coletânea parece ter dois públicos distintos. Um deles formado por mulheres, que podem se identificar com as situações narradas ao longo das 186 páginas da obra. É como se as autoras estivessem, ali, escrevendo sobre si mesmas de modo a estender a mão para quem passou por uma separação que deixou marcas, dizendo que não estão sozinhas.
O outro público potencial é formado por homens. Para eles, as narrativas são um exercício de empatia, em que o papel de leitor é um lugar de escuta. Uma chave para compreender as dores e vivências das mulheres.
Por ter muitas colaboradoras, “E se o felizes não foi para sempre?” também é uma coletânea de textos plural. As narrativas seguem estilos e tamanhos diferentes. O mesmo vale para as poesias, que são agrupadas ao fim do livro. A variedade de abordagens se reflete também no modo como cada autora trata do tema da separação. Algumas lidam com a memória, enquanto outras falam de superação.
Cada vivência de uma escritora faz com que sua própria ficção se torne muito particular. Talvez isso ajude a obra a encontrar diferentes públicos, pois cada leitora e leitor pode encontrar ali um caminho para entender o próprio cotidiano. (wcmc)