E se o felizes não foi para sempre?

E se o felizes não foi para sempre?

Rodolfo Stancki, professor da área de Comunicação, escreve sobre livro organizado pela professora Graciela Sanjutá Soares Faria, que nasceu de uma rede de contatos de mulheres vinculadas ao UniBrasil – Centro Universitário.

A coletânea “E se o felizes não foi para sempre?” usa da ficção e da poesia para discutir marcas deixadas pelo fim de relacionamentos.

“E se o felizes não foi para sempre?”

Graciela Sanjutá Soares Faria (org.)

Editora Ataîru, 2020.

A ficção é uma forma bastante legítima de representação da realidade. Por meio de uma cena de cotidiano inventada, uma narrativa trata de temas da vida de um autor e daquele que o lê. Mesmo no mais fantástico dos fictícios há uma troca, em que se compartilham vivências que são ressignificadas no momento da recepção.
Nascido a partir de uma teia de relações de mulheres vinculadas ao UniBrasil – Centro Universitário, o livro “E se o felizes não foi para sempre?” traz histórias e poemas de psicólogas, professoras e escritoras que relatam, por meio da ficção, experiências de relacionamentos que, por diferentes motivos, foram interrompidos. Organizada pela professora Graciela Sanjutá Soares Faria, coordenadora do curso de Psicologia, a obra apresenta narrativas muito pessoais de 12 autoras sobre solidão, saudade e decepções amorosas.

O título brinca com a ideia de que a felicidade, especialmente a de casais amorosos, não necessariamente é eterna. Ela é válida mesmo quando concentrada em um pequeno período de vida, deixando marcas de alegria, nostalgia e tristeza.

Cada trecho do livro soa como um desabafo. São experiências, sentimentos e trajetórias que ganham uma aparência de ficção, mas parecem ser tão verdadeiras quanto um relato jornalístico. A diferença aqui é a roupagem, mais leve e destinada à reflexão.

Não por acaso, a coletânea parece ter dois públicos distintos. Um deles formado por mulheres, que podem se identificar com as situações narradas ao longo das 186 páginas da obra. É como se as autoras estivessem, ali, escrevendo sobre si mesmas de modo a estender a mão para quem passou por uma separação que deixou marcas, dizendo que não estão sozinhas.

O outro público potencial é formado por homens. Para eles, as narrativas são um exercício de empatia, em que o papel de leitor é um lugar de escuta. Uma chave para compreender as dores e vivências das mulheres.
Por ter muitas colaboradoras, “E se o felizes não foi para sempre?” também é uma coletânea de textos plural. As narrativas seguem estilos e tamanhos diferentes. O mesmo vale para as poesias, que são agrupadas ao fim do livro. A variedade de abordagens se reflete também no modo como cada autora trata do tema da separação. Algumas lidam com a memória, enquanto outras falam de superação.

Cada vivência de uma escritora faz com que sua própria ficção se torne muito particular. Talvez isso ajude a obra a encontrar diferentes públicos, pois cada leitora e leitor pode encontrar ali um caminho para entender o próprio cotidiano. (wcmc)

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