Mesmo com pandemia, país registra recorde na abertura de MEI

Foram mais de 2,6 milhões de novos microempreendedores individuais criados em 2020. Número total de MEI ativos já supera 11,3 milhões em todo o Brasil 

Mesmo com pandemia, país registra recorde na abertura de MEI A procura pela formalização por meio do registro como Microempreendedor Individual (MEI) continua em ritmo de crescimento no país, mesmo diante das dificuldades impostas pela pandemia da Covid-19. Somente em 2020, foram registrados 2,6 milhões de novos MEI. O número é o maior registado nos últimos cinco anos, de acordo com levantamento feito pelo Sebrae com dados da Receita Federal. Atualmente, o Brasil já conta com mais de 11,3 milhões de MEI ativos.

Os setores de Comércio Varejista de Vestuário e Acessórios (180 mil); Promoção de Vendas (140 mil); Cabeleireiros, Manicure e Pedicure (131 mil); Fornecimento de Alimentos para Consumo Domiciliar (106 mil) e Obras de Alvenaria (105 mil) seguiram – a exemplo de 2019 – liderando o ranking de atividades com o maior número de MEI criados. Apesar disso, uma análise comparativa mais aprofundada entre os dois anos mostra novidades.

Segundo o presidente do Sebrae, Carlos Melles, houve uma mudança de perfil dos MEI entre as atividades econômicas mais procuradas. “O setor de cabeleireiros, manicure e pedicure, por exemplo, que em 2019 estava no topo com o maior número de MEI abertos, teve uma queda de quase 20% no ano passado. Essa mudança, com certeza, está diretamente relacionada aos impactos provocados pela pandemia do novo coronavírus”, analisa.

Outra alteração nesse cenário foi o aumento de quase 15% do número de novos MEI no setor varejista de vestuário e acessórios, que superou a marca de 180 mil novos registros em 2020.  Entretanto, o maior crescimento do número de novos MEI foi identificado nas áreas de Transportes (86%), Restaurantes e Similares (59%), Fornecimento de Alimentos para Consumo Domiciliar (48%) e Comércio Varejista de Bebidas (41%).

No Distrito Federal, o empresário Valmir Ferreira abriu um e-commerce de cafés especiais como microempreendedor individual, em abril de 2020. A proposta do negócio é oferecer um produto de alta qualidade para que as pessoas consumam em casa. Para ele, abrir a empresa como MEI foi muito mais fácil. “Escolhi ser MEI pela facilidade para abrir a empresa e pela simplicidade para pagar os impostos”, contou. Além da loja virtual, ele também atende pelo Whatsapp.

Para o analista de gestão estratégica do Sebrae, Tomaz Carrijo, o cenário de crescimento dos MEI no ano passado no país vai ao encontro das projeções da Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), considerado o maior estudo contínuo sobre o empreendedorismo no mundo, realizado no Brasil com a colaboração do Sebrae. O levantamento divulgado no ano passado indicava que o país deveria alcançar o recorde histórico de empreendedorismo com cerca de 25% da população adulta envolvida em um novo negócio ou com uma empresa com até 3,5 anos de atividade. “Uma a análise da evolução das taxas de empreendedorismo no país nos últimos 20 anos mostra que, em tempos de recessão econômica, é comum que os brasileiros recorram ao empreendedorismo por necessidade, como alternativa de ocupação e renda. Isso já ocorreu em períodos anteriores (a exemplo do que foi verificado entre os anos de 2014 e 2016)”, comenta Tomaz.

“Estamos vivendo um momento de crise sem precedentes e sabemos como isso tem exigido um esforço ainda maior dos brasileiros que já são donos de pequenos negócios ou que buscam a formalização com uma saída para enfrentar os problemas. O aumento no número de MEI mostra o quanto essa figura jurídica tem se tornado peça fundamental para a economia brasileira ao longo dos últimos 10 anos”, destacou o presidente do Sebrae, Carlos Melles.

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