Podendo também ser realizada por homens e casais homoafetivos, a gravidez por produção independente é um procedimento que vem ganhando cada vez mais popularidade, mas que ainda é alvo de muito preconceito.
Para a grande maioria das pessoas pode ser impensável a ideia de criar um filho sozinha, mas, de acordo com o especialista, existem vários fatores que podem levar a mulher a buscar pela produção independente. “É claro que tudo depende de questões intimas de cada paciente, mas, no geral, as mulheres tomam essa decisão principalmente por dois fatores: avanço da idade, visto que, quanto mais velha a mulher, menores são as chances de uma gravidez e maiores são os riscos; ou por terem experimentado inúmeros relacionamentos que falharam, o que faz com que decidam iniciar a jornada da maternidade por conta própria ao invés de esperarem encontrar o parceiro ideal para dividir a educação da criança”, comenta o médico.
Mas, afinal, como funciona esse procedimento? O primeiro passo, é claro, é buscar por um especialista em reprodução humana para auxiliar a mulher nesse processo, que se inicia com a busca por um doador de sêmen. “A doação do sêmen é intermediada por meio de bancos do material que garantem o anonimato do doador e da receptora. No entanto, a mulher pode participar ativamente desse processo através da seleção de características específicas do doador do sêmen, como altura, cor dos olhos e cabelos, etnia, entre outros”, afirma o Dr. Rodrigo.
Em seguida, pode-se utilizar de duas técnicas para garantir a fecundação do óvulo: a inseminação artificial e a fertilização in vitro. “A inseminação artificial, também conhecida como inseminação intrauterina, consiste, basicamente, na inserção do espermatozoide doado na cavidade do útero durante o período de ovulação da mulher para que a fecundação ocorra naturalmente, sendo que, em alguns casos, é necessário que a ovulação seja previamente estimulada por meio de tratamento medicamentoso”, diz o médico. “Já a fertilização in vitro inicia-se com a indução medicamentosa da ovulação para que os óvulos sejam coletados e fecundados em laboratório. Em seguida, o embrião é reposicionado no interior do útero. Por esse motivo, a fertilização in vitro é a opção ideal para mulheres que sofrem de alguma condição que impeça a fecundação, como a obstrução das trompas uterinas, ou que não ovulam mais, seja devido à idade ou alguma doença pré-existente, já que os óvulos também podem ser obtidos por meio de doação”, destaca. É importante ressaltar ainda que, apesar de menos comum, a produção independente também pode ser realizada por homens, sendo que, nesse caso, o homem que fornece o sêmen e a doação anônima do óvulo é necessária, assim como a busca por uma barriga solidária, ou seja, uma mulher que esteja disposta a gestar o bebê.
No geral, após 14 dias do procedimento já é possível realizar o exame para confirmar o sucesso da gravidez. A partir desse momento, a gestação prossegue normalmente, com as consultas e exames pré-natais convencionais. “Com alta taxas de sucesso, a gravidez por produção independente é especialmente indicada para homens e mulheres solteiras que desejam ter filhos, independentemente de serem inférteis, e casais homoafetivos do sexo masculino e feminino”, aponta o especialista.
Mas é importante ressaltar que a decisão de optar pela produção independente deve ser muito bem pensada e discutida com um especialista em reprodução humana e um psicólogo. “Isso porque, além da maternidade ser uma tarefa árdua que, nesse caso, deverá ser enfrentada sozinha, a gravidez por produção independente ainda é alvo de grande preconceito por parte da família, amigos e sociedade no geral, o que pode causar um grande impacto na saúde mental da mulher”, finaliza o Dr. Rodrigo da Rosa Filho.
FONTE: *DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.