Infectologista explica como ela é absorvida pelo organismo humano e sua relação com o Coronavírus
Vivemos um momento em que se manter saudável é fundamental. Especialmente durante a pandemia, onde os cuidados devem ser redobrados. Inclusive, a imunidade, recebeu uma atenção especial nesse período entre os brasileiros. Como é possível mantê-la em alta?
Várias atitudes e hábitos contribuem para manter a imunidade lá em cima, as dicas mais conhecidas são: alimentação adequada, prática de atividade física, ingestão de líquidos. Porém, ultimamente, tem se falado da importância da Vitamina D na manutenção da saúde e da imunidade. A dúvida que fica é: elas têm relação?
Segundo o infectologista e consultor médico da Indústria Farmacêutica Prati-Donaduzzi, Dr. Eduardo Motti, a Vitamina D é essencial para os ossos, os órgãos vitais e para melhorar o sistema imunológico. “A Vitamina D e o Cálcio ajudam a manter os ossos saudáveis. O papel dela é favorecer a absorção do cálcio no intestino e sua incorporação aos ossos. Por este motivo, é importante sempre verificar os níveis corretos da vitamina no seu organismo”, explica.
Quando há deficiência de Vitamina D em crianças, pode acarretar no raquitismo, uma doença na qual os ossos crescem deformados e fracos, com pouco cálcio. Já em adultos, a falta de Vitamina D favorece o aparecimento da osteoporose. Isto acontece porque, quando há falta de cálcio e de Vitamina D, o cálcio é retirado dos ossos para ser usado pelas células.
Motti ressalta que muitas outras células têm receptores para Vitamina D. Entre elas estão o fígado, os músculos, os rins, o coração e os componentes do sistema imunológico. Segundo explica o infectologista, estudos científicos demonstram que a falta de Vitamina D está associada a maior mortalidade por doenças do coração, além de fraqueza muscular, dificuldade para controlar o diabetes e a uma maior suscetibilidade a diversas infecções.
Além disso, a Vitamina D é importante para a imunidade inata e a adaptativa – isto é, em resposta a infecções. As crianças com deficiência em Vitamina D são mais suscetíveis às infecções respiratórias e o problema é revertido quando os níveis normais são restabelecidos.
Entenda como a vitamina é absorvida pelo organismo humano
O infectologista destaca que a Vitamina D é uma das vitaminas lipossolúveis, ou seja, aquelas que se dissolvem em gorduras. “Isso é bom, porque ela se deposita nos tecidos gordurosos e pode formar uma reserva. Porém, para ser absorvida no intestino, a Vitamina D precisa da presença de gorduras e sais biliares. Desta forma, pessoas com problemas intestinais ou que fizeram cirurgias de redução do estômago têm dificuldade para absorvê-la”, ressalta Motti.
A vitamina D também pode ser produzida pelo nosso organismo através da exposição da pele aos raios solares. Mas, apesar de vivermos em um país tropical com muito Sol, estudos mostram que até 2/3 das pessoas têm níveis sanguíneos de Vitamina D abaixo do recomendado (30 pg/ml).
A importância da suplementação de Vitamina D durante o isolamento social e Coronavírus
Com o agravamento da pandemia, e a recomendação de seguir o isolamento social com o objetivo de evitar exposição aos espaços abertos e diminuir o contágio, a dieta do brasileiro ficou ainda mais pobre em Vitamina D.
Nesse sentido, a questão da vitamina ganhou destaque entre as substâncias estudadas na pandemia, para entender o seu papel e benefícios, e se há alguma contribuição de prevenção em relação à infecção pelo Coronavírus.
Verificou-se que uma grande porcentagem de pacientes com a forma grave da Covid-19 tinha níveis insatisfatórios de Vitamina D no sangue. Um estudo publicado no periódico Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism realizado por membros da Universidade de Cantábria e do Hospital Marqués de Valdecilla, em Santander (Espanha), mostrou que 80% dos casos graves internados tinham níveis baixos de Vitamina D no sangue, contra apenas 40% de controles não internados.
Motti explica que quando não há quantidade suficiente de Vitamina D, a reposição através de suplementação pode ser útil. Muitos especialistas recomendam o uso diário de 400-1000UI. Caso o nível sérico esteja abaixo de 30 ng/ml, pode ser necessária uma reposição mais rápida com formas mais concentradas de Vitamina D – que devem ser prescritas por um médico.
Apesar de bons indícios, os estudos controlados e randomizados ainda não comprovaram os resultados destas observações. Acredita-se que isso pode estar ligado a variedade de dietas, exposição ao Sol e à genética das pessoas, todos os fatores que influenciam a Vitamina D.
De qualquer forma, uma informação precisa está clara: “a Vitamina D não trata a Covid-19, mas pode ser importante na prevenção da doença, especialmente das formas mais graves. Os estudos continuam e é bom ficar atento aos resultados”, alerta o médico.