(*) Por Gilmar Cardoso
Quaresma, palavra que vem do latim quadragésima, é o período de quarenta dias que antecedem a festa máxima do cristianismo: a ressurreição de Jesus Cristo, comemorada no Domingo de Páscoa.
O tempo de quarenta dias é simbólico, o número quatro simboliza o universo material. O zero significa o tempo de nossa vida na terra, suas provações e dificuldades. A duração da quaresma está baseada no símbolo deste número na Bíblia. Nela, são relatadas as passagens dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou a estada dos judeus no Egito, entre outras. Esses períodos vêm sempre antes de fatos importantes e se relacionam com a necessidade de ir criando um clima adequado e dirigindo o coração para algo que vai acontecer. Antes de iniciar sua vida pública, logo após ter sido batizado por João no rio Jordão, Jesus passou 40 dias no deserto. Esse retiro de Jesus mostra a necessidade que ele teve em se preparar para a missão que o esperava.
A quaresma é o tempo litúrgico de conversão, que a Igreja marca para nos preparar para a grande festa da Páscoa. É tempo para nos arrepender de nossos pecados e de mudar algo de nós para sermos melhores e poder viver mais próximos de Cristo.
Gilmar Cardoso é advogado e poeta
A Quaresma dura 40 dias; começa na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos. Ao longo deste tempo, sobretudo na liturgia do domingo, fazemos um esforço para recuperar o ritmo e estilo de verdadeiros fiéis que devemos viver como filhos de Deus.
A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa luto e penitência. É um tempo de reflexão, de penitência, de conversão espiritual; tempo e preparação para o mistério pascal.
Na Quaresma, Cristo nos convida a mudar de vida. A Igreja nos convida a viver a Quaresma como um caminho a Jesus Cristo, escutando a Palavra de Deus, orando, compartilhando com o próximo e praticando boas obras. Convida-nos a viver uma série de atitudes cristãs que nos ajudam a parecer mais com Jesus Cristo, já que por ação do pecado, nos afastamos mais de Deus.
Por isso, a Quaresma é o tempo do perdão e da reconciliação fraterna. Cada dia, durante a vida, devemos retirar de nossos corações o ódio, o rancor, a inveja, os zelos que se opõem a nosso amor a Deus e aos irmãos. Na Quaresma, aprendemos a conhecer e apreciar a Cruz de Jesus. Com isto aprendemos também a tomar nossa cruz com alegria para alcançar a glória da ressurreição.
Desde 1964 a campanha da fraternidade, organizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, tem início anualmente na quarta-feira de cinzas, e traz assuntos que envolvem a dignidade humana e a vida em sociedade.
A campanha da fraternidade é tradicionalmente realizada pela Igreja Católica em parceria com instituições cristãs desde a década de 1960. O texto-base é escrito por membros do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) e passa pelo aval da direção-geral da CNBB.
A Campanha da Fraternidade todos os anos propõe um tema e uma comissão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) prepara os textos. É o Conselho Pastoral da CNBB que aprova o texto. A cada cinco anos a Campanha da Fraternidade é promovida de forma ecumênica. Isso foi pedido, aceito e é uma ideia importante envolvendo outras Igrejas Cristãs na promoção da Campanha da Fraternidade. A CFE 2021 quer convidar os cristãos e pessoas de boa vontade a pensarem, avaliarem e identificarem caminhos para a superação das polarizações e das violências que marcam o mundo atual”, afirmou a CNBB em nota.
Nessa quarta-feira de cinzas, dia 17 de fevereiro, a Igreja Católica lançou a 57ª Campanha da Fraternidade em terras brasileiras. O objetivo é aprofundar os laços de fraternidade entre as pessoas e comunidades, com o intuito de melhorar as condições de vida do povo.
O Texto-Base da CFE 2021 nos ajuda, por meio do tema escolhido – “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” – e do lema – “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Ef 2,14a) – a sinalizar que o diálogo é o nosso melhor testemunho. A fé nos lembra de que Cristo é nossa Paz e nos anima a prosseguir pelo caminho da unidade na diversidade.
O maior título do reino de Deus é o de servo. Não é Apóstolo, Anjo, Querubim, Serafim. O céu é lugar de serviço. Jesus veio para servir. Ele deixou uma mulher em Samaria interromper seu descanso, uma mulher em adultério interromper seu sermão, uma mulher com uma doença interrompe seus planos, e uma com um remorso interromper sua refeição.
Embora nenhum dos apóstolos tenha lavado os seus pés, ele lavou os deles. Embora nenhum dos soldados na cruz implorou por misericórdia, Ele a deu. E, embora seus seguidores tenham se escondido como coelhos assustados na quinta-feira, ele veio procurá-los no Domingo de Páscoa. O Rei ressuscitado subiu ao céu só depois ele gastou quarenta dias com seus amigos, ensinando-os, incentivando-os… Servindo-lhes.
Por quê? É o que ele veio fazer. Ele veio para servir e do que era dividido fez uma unidade.
(*) Gilmar Cardoso, advogado, poeta, membro do Centro de Letras do Paraná e da Academia Mourãoense de Letras