Grande estudo com 137.851 pessoas dos 5 continentes acompanhadas por quase 10 anos foi liderado pelas Universidades McMaster e de Toronto. Pesquisa concluiu que dieta rica em carboidratos de baixa qualidade, como doces, massas e arroz branco, aumenta risco de ataques cardíacos, derrames e morte.
Se a sua rotina inclui ingestão em excesso de pão, arroz branco e batata, além dos doces, é hora de rever seu plano alimentar. Um grande estudo de pessoas que vivem em cinco continentes, liderado por pesquisadores da Universidade McMaster e da Universidade de Toronto, descobriu que uma dieta rica em carboidratos de baixa qualidade leva a um risco maior de ataques cardíacos, derrames e morte. “Os maiores riscos de uma dieta rica em carboidratos de baixa qualidade, chamada dieta de alto índice glicêmico, eram semelhantes, independentemente de as pessoas terem ou não doenças cardiovasculares anteriores. É importante deixar claro que existem carboidratos de baixo índice glicêmico, como a maioria das frutas, vegetais, feijão e grãos. Eles contam com fibras, o que evita os picos de insulina. No entanto, o pão, o arroz branco e a batata têm alto índice glicêmico”, afirma a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia. O estudo, publicado no New England Journal of Medicine em 24 de fevereiro, é o maior de uma população geograficamente e dietética diversa sobre este assunto, já que estudos anteriores focaram principalmente em países ocidentais de alta renda.
Um total de 137.851 pessoas com idades entre 35 e 70 anos foram acompanhadas por uma média de 9,5 anos por meio do estudo Prospective Urban and Rural Epidemiology (PURE) conduzido pelo Population Health Research Institute (PHRI) da Universidade McMaster e Hamilton Health Sciences. A equipe de pesquisa usou questionários alimentares para medir a ingestão alimentar de longo prazo dos participantes e estimar o índice glicêmico (a classificação dos alimentos com base em seu efeito sobre os níveis de açúcar no sangue) e carga glicêmica (a quantidade de carboidratos em um alimento vezes seu índice glicêmico) de dietas. Houve 8.780 mortes e 8.252 eventos cardiovasculares maiores registrados entre os participantes durante o período de acompanhamento.
As pessoas que consumiram uma dieta com o índice glicêmico mais alto em 20% tinham 50% mais probabilidade de ter um ataque cardiovascular, derrame ou morte se tivessem uma doença cardíaca pré-existente, ou 20% mais probabilidade de ter um evento se eles não tinham uma condição pré-existente. Esses riscos também eram maiores entre as pessoas obesas. “Este estudo também deixa claro que, entre uma população diversa, uma dieta baixa em índice e carga glicêmica tem um risco menor de doença cardiovascular e morte”, afirma a médica nutróloga. “Os dados presentes, junto com outras publicações anteriores, enfatizam que o consumo de carboidratos de baixa qualidade é provavelmente mais adverso do que o consumo da maioria das gorduras no dieta. Isso exige uma mudança fundamental em nosso pensamento sobre quais tipos de dieta podem ser prejudiciais e quais são neutras ou benéficas”, destaca a médica.
Segundo a Dra. Marcella, o impacto das dietas com alto índice glicêmico vem sendo estudado por muitas décadas e este trabalho ratifica que o consumo de grandes quantidades de carboidratos de baixa qualidade é um problema mundial. “As dietas ricas em carboidratos de baixa qualidade estão associadas à redução da longevidade, enquanto as dietas ricas em carboidratos de alta qualidade, como frutas, vegetais e legumes têm efeitos benéficos”, finaliza a médica nutróloga.
FONTE:
*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.
Link: https://www.nejm.org/doi/pdf/
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