Segundo pesquisa publicada na revista médica Environmental Health Perspectives, mutação que causa déficit de proteína importante para barreira cutânea pode aumentar suscetibilidade aos danos provocados por substâncias químicas, ampliando o risco de doenças como câncer e dermatite atópica.
Para chegar nessa conclusão, os pesquisadores basearam os resultados em 23 pessoas com a mutação que causa déficit de filagrina e 31 pessoas sem a mutação, que tiveram suas peles expostas por quatro horas a uma dose inofensiva de três produtos químicos: um pesticida comumente utilizado na Suécia, um filtro UV usado na formulação de protetores solares e um hidrocarboneto encontrado em fumaças provenientes de madeiras. Após esse período, os estudiosos recolheram amostras de urina dos participantes para avaliar a velocidade de absorção dessas substâncias e a dose presente no organismo após a exposição. Com isso, os pesquisadores observaram que pacientes que possuíam a mutação causadora do déficit de filagrina absorveram uma maior quantidade dos componentes químicos. Para se ter uma ideia, os participantes com a mutação apresentaram uma dose duas vezes mais alta de pesticida no organismo do que as pessoas que não possuíam essa mutação. “O fato de a pele absorver uma quantidade maior de produtos químicos como resultado dessa variação genética pode significar que pessoas com essa mutação podem, a longo prazo, correr maior risco de desenvolverem doenças como câncer, dermatite atópica e até mesmo distúrbios hormonais”, destaca a especialista.
No entanto, ainda é preciso que mais estudos sejam realizados para investigar de que forma a mutação de filagrina afeta a absorção de outras substâncias químicas na pele. Felizmente, já temos conhecimento de uma série de cuidados que podem ser adotados até que mais pesquisas sejam realizadas para fortalecer a barreira de proteção da pele, como investir na realização de uma rotina skincare simples, composta por um sabonete, um tônico, um hidratante e um fotoprotetor. “Mas tome cuidado na hora de escolher os produtos, principalmente os sabonetes e tônicos, evitando aqueles que são abrasivos e removem excessivamente o manto hidrolipídico da pele, afetando assim sua função de barreira. Fique atento principalmente aos detergentes, como o Lauril Sulfato de Sódio, que retiram os óleos naturais e desequilibram o pH do tecido cutâneo, tornando a pele seca e mais suscetível aos danos externos. O mesmo vale para certos tipos de ácidos, como o Ácido Salícilico, que só devem ser utilizados sob recomendação médica por removerem as camadas mais superficiais da pele”, alerta a médica. No lugar, aposte em ingredientes que vão ajudar a reforçar a barreira da pele, como a Niacinamida. “A Niacinamida aumenta a produção de ceramidas, melhorando assim a função de barreira da pele. Os óleos vegetais também são uma excelente opção, já que, além de promoverem a reparação da barreira cutânea, ainda promovem ação calmante.”
Além disso, é interessante também investir em ativos e produtos que, apesar de não auxiliarem diretamente no fortalecimento da barreira da pele, vão ajudar a minimizar os danos causados por substâncias químicas e agressores externos. É o caso dos antioxidantes, como as Vitaminas A, C e E. “O uso diário de fotoprotetor também é uma das melhores maneiras de contribuir com a proteção da sua pele. O produto pode, inclusive, conter antioxidantes para proteger contra os raios nocivos do sol enquanto oferece uma proteção extra contra os agressores externos”, diz a Dra Roberta.
E os cuidados não devem se restringir apenas à pele propriamente dita. O controle do estresse, que retarda o processo de recuperação da barreira da pele, e a doação de uma alimentação adequada também são medidas fundamentais para não comprometer o tecido cutâneo. “Devemos ficar atentos até mesmo à temperatura do banho, pois a água quente pode remover excessivamente a oleosidade da pele e deixá-la desprotegida. Por isso, o ideal é tomar banhos curtos com água fria ou, no máximo, morna”, aconselha a médica. “No entanto, caso você note que sua barreira cutânea está muito comprometida, com a pele ficando sensível e irritada, o melhor é buscar ajuda de um profissional especializado, que, após uma avaliação, poderá indicar os melhores cuidados e produtos para recuperar a saúde do tecido cutâneo”, finaliza a Dra. Roberta Padovan.
FONTE: DRA. ROBERTA PADOVAN – Médica Pós-graduada em Dermatologia. Graduada em Medicina pela Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE) e especialista em Medicina Estética e Dermatologia pela INCISA. Com participação regular em congressos, jornadas e cursos nacionais e internacionais, a médica é proprietária de duas clínicas, no Maranhão e em São Paulo, com diversos tratamentos para saúde e beleza da pele. Além disso, atuou como médica residente no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. www.robertapadovan.com.br
Estudo: https://ehp.niehs.nih.gov/doi/
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