Início Geral Pandemia de Covid-19 completa 1 ano e preocupa hotelaria de Ponta Grossa

Pandemia de Covid-19 completa 1 ano e preocupa hotelaria de Ponta Grossa

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Taxa de ocupação atingiu o menor patamar já registrado no acumulado de 12 meses

Desde março de 2020 a hotelaria vem acompanhado a taxa de ocupação em oscilação

 

Em março deste ano completou 1 ano em que o turismo está convivendo com a pandemia de Covid-19 e, desde a data, o setor está buscando maneiras de manter o funcionamento e receber visitantes de maneira segura mesmo em meio à essa situação.

Um dos setores que sentiu de maneira imediata o que estava acontecendo foi a hotelaria. Segundo dados do Ponta Grossa Campos Gerais Convention & Visitors Bureau, dois meses antes do início da pandemia no Brasil, a taxa de ocupação estava em 56%, caindo para 41% em março e fechando abril em 13%, valor mais baixo já registrado em Ponta Grossa.

Henrique Plattek, diretor do Convention, comenta o efeito no setor. “O impacto deste ano de pandemia foi massivo e só não foi pior graças a natureza agroindustrial de nossa região. As perdas não param de se acumular e não há muito o que as empresas podem fazer”, comenta.

Para ele, o que mais pode ajudar agora é um pouco de estabilidade. “Fazer medidas de contenção da pandemia nos momentos certos e continuar em ritmo acelerado a vacinação é o que mais terá efeitos positivos para toda a cadeia turística”.

Situação dos hotéis

Quando a pandemia começou no Brasil e os reflexos iniciaram na região, diversos hotéis optaram por parar as suas atividades, caso do Luds Comfort Hotel, que ficou sem atendimento por cerca de 1 mês.

Neste período, a empresa iniciou seu processo de adaptação, desde a limpeza ao café da manhã. “Acreditamos que algumas das medidas sanitárias vieram pra ficar mesmo no pós pandemia e com isto também aumentam os custos da operação”, comenta Debora Slud, diretora executiva do hotel.

A pandemia também gerou efeitos na saúde financeira do hotel, o que, segundo Debora, adiou em média 3 anos alguns dos projetos. “A meta de 2020 foi apenas sobreviver com a qualidade de sempre e saúde financeira.  2021 ainda é um ano de apertar os cintos e agir com cautela, mas continuamos aprimorando o nosso jeitinho Luds de ser e aprendendo com os desafios as quais somos expostos”.

Aqueles que continuaram abertos precisaram enfrentar a oscilação do mercado, pois a partir de maio, a ocupação voltou a subir, todavia sem passar a casa dos 48%, o que fez 2020 fechar com 36% de taxa de ocupação, queda de 19% em comparação a 2019.

Gráfico 1 – taxa de ocupação entre 2019 e 2020

O Premium Vila Velha Hotel está há mais de 40 anos na cidade e durante esse período não tinha visto um cenário tão preocupante, como explica a gerente geral, Alecsandra Hypólito. “Passamos por várias fases desde o início da pandemia em março de 2020, como o susto, o medo, a insegurança de não saber qual a medida correta a se tomar”.

Ela enfatiza que o fechamento de todos os atrativos turísticos, num ano que começava muito atraente para o segmento, a paralisação das empresas que geravam hóspedes corporativos e o cancelamento de grandes eventos, como a Agroleite, desestabilizaram as empresas, o que gerou demissões. “Tivemos de utilizar os aportes do governo na área trabalhista, pois nossos colaboradores são peças essenciais no nosso serviço, mas, mesmo assim, ainda sofremos com desligamentos”.

Alecsandra confirma o que os dados do Convention apontam ao citar grandes hotéis com ocupação inferior a 60%. “Não é por conta de valores, mas sim porque a maioria das empresas, nossos principais clientes, preferem fazer suas reuniões, cursos ou serviços da maneira online, e aqueles que realmente precisam ser presenciais, diminuíram [estadia] de 5 dias a 2”, finaliza.

Segundo dados do PGCG CVB, a diária média dos hotéis fechou 2020 em R$195, aumento de pouco mais de 1% em relação a 2019, uma defasagem enorme quando comparada à inflação de 4,52% e o IGMP de 23%.

 

Gráfico 2 – comparação do aumento da diária média em relação à inflação e IGPM

A preocupação financeira faz parte do Bourbon Ponta Grossa Convention, como explica o gerente geral, Jefferson Vidal Silva. “Nossa maior urgência era preservar o caixa dos hotéis, o que continua como principal prioridade até hoje”.

Além disso, as ações da rede Bourbon durante a pandemia, como fechar 22 empreendimentos e desenvolver protocolos de segurança, foram essenciais. “Temos sete hotéis grandes de convenções, com muitos eventos programados, então a equipe de MICE trabalhou arduamente para transferir os eventos para 2021, sem devolver dinheiro. Foram meses intensos de readequação e, hoje, fizemos o cálculo que os R$8 milhões em receita de eventos de 2020 e que estava prevista para 2021 já foram novamente transferidos para 2022. É uma situação difícil”, finaliza.

Porém, a pandemia não impediu a inauguração de novos empreendimentos na cidade, como é o caso do Ibis, aberto em outubro.

Segundo a gerente geral, Maíra Sidrim, na época de inauguração, o cenário era mais otimista em relação a pandemia, com projeção de uma média de ocupação de 30% até o fim do ano.

Ela aponta que 2021 iniciou com um crescimento nas ocupações, pois além do retorno dos clientes de negócios, os atrativos turísticos geraram demanda de lazer aos finais de semana. “A partir do final de fevereiro, com o início do segundo lockdown nos principais mercados emissores e também no Paraná, vimos a nossa taxa de ocupação cair em mais de 50% em relação aos meses anteriores” enfatiza.

Os dados do Ponta Grossa Convention apontam o início deste ano com taxa de ocupação oscilando entre 48% e 50% e no período de lockdown com queda de 17%.

 

Acumulado dos 12 meses

Entre março, início da pandemia, e dezembro de 2020, a taxa de ocupação média ficou em 35%. Já entre março de 2020 e março de 2021, o valor é de cerca de 40% contra 56% em relação a 12 meses em 2019.

Gráfico 3 – comparação de 2019, 2020 e 2021

Para o Sindicato Empresarial de Hotelaria e Gastronomia dos Campos Gerais, os dados são preocupantes. “A hotelaria, como todo o setor do turismo, depende da movimentação e aglomeração de pessoas e essas duas variáveis estando restritas faz com que as pessoas não frequentem os hotéis e não visitam os atrativos turísticos. São atividades que você só pode realizar ao vivo, diferente de um delivery que você pode mandar ao cliente aquilo que se espera”, comenta Daniel Wagner, presidente da entidade.

Ele ainda ressalta que as medidas de funcionamento dos serviços só essenciais fizeram com que o otimismo que iniciou em 2021 fosse abandonado. “Estávamos sentindo uma melhora, mas já um banho de água fria com o mês de março que foi um mês muito difícil para todos”.

Daniel comenta ainda das atividades que movimentam os hotéis, como os eventos e turismo corporativo. “Acreditamos que os eventos terão uma recuperação muito lenta, porque o turismo de eventos era o que nos ajudava, a parte do turismo corporativo teve muita coisa substituta por reuniões online, então também a recuperação, mas não será tão rápida”, comenta.

Ele cita que o turismo de lazer será uma das formas que trará hóspedes aos hotéis, pois há um aumento significativo de movimentação, principalmente nos atrativos turísticos naturais.

Henrique, assim como Daniel, é cauteloso ao apontar uma retomada do setor neste ano, pois “Acabamos de passar por um novo lockdown por conta da segunda onda e acho que ninguém quer comemorar antes da hora”, finaliza o diretor do Convention.

Gráfico 4 – Dados de 2019 e 2020

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