Isolamento social derruba barreiras e conceito de ‘anywhere’ exige das pessoas o domínio da língua mais valorizada em todo o mundo; pesquisas apontam aumento da demanda por cursos de Inglês
Com a pandemia colocando o mundo em regime de isolamento, o home office foi a alternativa encontrada por empregadores e profissionais para garantir a continuidade do trabalho. Passado um ano de pandemia, o modelo que caiu no gosto de gestores e colaboradores ganhou um novo conceito: o anywhere office, que consiste em permitir que as pessoas realizem suas atividades de qualquer lugar. Essa liberdade que uma boa conexão de internet proporciona está derrubando também barreiras geográficas. Se antes era mais difícil pensar em alçar voos para além de nosso próprio território e país, o isolamento compulsório da pandemia fez o mundo se tornar menor e mais próximo, cabendo dentro de um notebook.
Alguns contextos em evidência são de cursos em universidades e escolas estrangeiras, oportunidades de trabalho para multinacionais que já não fazem mais tanta questão assim da presença física, acompanhamento de notícias e eventos internacionais em tempo real e até mesmo redes sociais que permitem às pessoas fugir da solidão que o confinamento traz. O conceito anywhere extrapolou o mundo do trabalho e escancarou também uma condição indispensável para que o alcance dos voos seja cada vez mais longo: a necessidade de possuir um certo grau de proficiência em Inglês. Essa tendência é confirmada pelo aumento no número de pessoas em busca de cursos de Inglês. Segundo dados do Google Trends, a procura por cursos de idiomas aumentou mais de 200% do final de 2020 até março de 2021. As buscas por cursos de Inglês on-line mais do que dobraram desde o início da pandemia, apresentando forte alta no início de 2021, segundo pesquisa realizada pela Catho Educação. Para se ter uma ideia, há canais de ensino de Inglês on-line ganhando mais de 50 mil seguidores no período da pandemia, com a proposta de ensinar o idioma aos estudantes brasileiros adultos em qualquer parte do mundo.
De acordo com o gerente executivo de conteúdo do PES English, Luiz Fernando Schibelbain, há mais de 380 milhões de pessoas em todo o mundo falando Inglês como primeira língua e outras 430 milhões usando o idioma como segunda língua. “As pessoas costumam classificar o Inglês como língua internacional dos negócios, uma vez que o comércio e as relações de trabalho se expandem para além das fronteiras, colocando empresas e pessoas de diferentes países em contato. Isso se acentuou ainda mais com a restrição que a pandemia trouxe ao presencial, dando vez para que as relações aconteçam e se consolidem no universo on-line e remoto”, destaca Schibelbain. O cenário brasileiro ainda mostra que é preciso avançar bastante quando se trata de ensino de Inglês. 95% da população brasileira não fala o idioma. Apenas 1% apresenta algum grau de fluência. No ranking de habilidades na língua inglesa, o Brasil fica atrás de países como Paraguai, Chile, Peru e Bolívia. Nem mesmo brasileiros que trabalham em empresas multinacionais escapam de um desempenho ruim: em um teste com 108 mil empregados de multinacionais em 76 países, os brasileiros tiveram nota de 2,95 (numa escala até 10).
Para o especialista, a pandemia trouxe muitas tristezas, perdas e restrições. Mas ela também deu às pessoas um passe livre para tentar alcançar horizontes que antes pareciam mais distantes. “Muitos dos melhores programas de MBA que hoje estão disponíveis no modelo remoto são ensinados em Inglês. A maioria das empresas multinacionais exige de potenciais funcionários o domínio da língua. Na medicina ou ciência, o Inglês também não pode ser negligenciado. Grande parte da terminologia técnica é baseada em palavras em Inglês e, se você quiser aprender sobre os últimos desenvolvimentos e descobertas de todo o mundo, você lerá sobre eles em revistas, sites e relatórios de pesquisa publicados primeiramente em Inglês, não importa se os cientistas que escreveram são da China, Brasil, Itália ou Noruega. Diante de tudo isso, o que precisamos fazer é melhorar a nossa realidade brasileira em relação ao domínio do idioma. E isso deve começar pelas escolas e pelas crianças”, aponta.
A tão sonhada proficiência em Inglês é algo que não se conquista do dia para a noite. Schibelbain defende que o aprendizado da língua deve ser encarado como prioridade em qualquer fase da vida das pessoas, mas alerta que essa trajetória deve ser iniciada o mais cedo possível. “Há tempos, o Inglês é apontado como fundamental para que um indivíduo consiga se relacionar com o mundo da forma mais ampla e bem sucedida possível, mas com as transformações pelas quais estamos passando, isso se acentuou. São novas tendências para o futuro, com uma série de vantagens. E para que os adultos do futuro consigam usufruir disso, nossas crianças de hoje, em fase escolar, não têm mais tempo a perder. É preciso que as escolas propiciem essa jornada de aquisição do Inglês desde já, aproveitando a melhor fase para a aprendizagem de línguas, que é a infância, rumo a um mundo de quase 1 bilhão de falantes da língua”, completa