Peter Drucker, o pai da Administração Moderna, dizia: “A empresa possui apenas duas funções básicas: marketing e inovação. Estas produzem resultados, todo o resto são custos”.
Se você é empreendedor talvez tenha pensado em pelo menos mais dez itens que considera essenciais para a sua empresa. Mas, afinal, por que inovar é tão importante? Um dos principais motivos é que inovação representa diferencial competitivo e agrega valor ao negócio.
Inventar não é inovar. Para ser chamado de inovador, o produto, serviço ou processo precisa chegar ao usuário. A inovação pode ser baseada em competências existentes ou mesmo destruidora de competências. A descoberta pode ficar nas anotações de um inventor, a inovação não, ela tem que ser utilizada.
Qual empresa não almeja conquistar um diferencial no mercado? Algo que a torne mais eficiente que as concorrentes? A inovação viabiliza essa conquista, ou seja, tem diferencial competitivo. E isso, por si só, já demonstra o quanto inovar é importante. Quanto mais inovadora a empresa for, e conseguir se apropriar dos ganhos dessa inovação, mais sustentável e duradoura é a vantagem competitiva, permitindo posicionamentos estratégicos mais favoráveis.
Mas será que a inovação está tão fora do alcance das empresas? A literatura diz que, para aproximadamente 80% dos projetos de inovação em uma empresa, o conhecimento já existe, seja dentro do próprio negócio ou disponível no mercado. Assim, podemos afirmar que a inovação está dentro da empresa. A questão é organizar esse conhecimento de forma criativa. Somente no restante, ou seja, em 20% dos casos é necessário algum tipo de pesquisa para promover algo realmente novo.
Se sou criativo automaticamente vou ser inovador? Longe disso. Criatividade é a nossa capacidade de gerar novas ideias. Já inovação é a implementação prática de uma ideia, produto ou processo. Portanto, a criatividade gera ideias e a inovação as transforma em algo para o mercado. Ser apenas criativo não basta. Para transformar criatividade em inovação, é necessário muita “transpiração”.
Para que inovação e criatividade passem das pessoas para a empresa é necessário que elas façam parte da estratégia e da cultura do negócio. Ou seja, apostar nas pessoas. É importante que os processos organizacionais estejam afinados com a inovação, que haja políticas que favoreçam a incorporação da criatividade no seio organizacional.
Se uma empresa possui uma política extremamente punitiva, onde qualquer erro se torna uma advertência, suspensão ou demissão, dificilmente seus funcionários terão espaço para serem criativos. Agora, em uma companhia onde os erros são, sempre que possível, tolerados e utilizados como forma de aprendizagem, há mais probabilidade de empregados criativos se arriscarem. O segredo é como cada organização realiza esse ajuste fino e incorpora essas práticas em sua cultura.
A inovação está relacionada ao ambiente em que estamos inseridos. O ecossistema faz a diferença. Em ecossistemas que reúnem universidades, empresas inovadoras, instituições científicas e tecnológicas, além de empresas demandantes de inovação, ocorre o que os economistas chamam de “economia de aglomeração”, e aí se dá o ‘milagre’. O Vale do Silício provavelmente é o caso mais conhecido.
Cada ecossistema tem sua própria alma e favorece a criação de insights importantes. O Biopark, localizado em Toledo, Oeste do Paraná (PR), é um bom exemplo de ecossistema saudável, que já nasce com a capacidade de induzir a atividade inovadora empresarial e provocar bem-estar para todos os stakeholders no entorno. É preciso inovar para superar os grandes desafios da humanidade.
A pandemia de Covid-19 colocou a ciência no “centro da sala”. Em toda nossa história, as pessoas nunca olharam tanto para a ciência como agora. E foi por meio dela e da inovação, que pudemos voltar a ter esperança, dado o desenvolvimento em tempo recorde de vacinas com alto conteúdo inovador. Inovar é importante para a empresa, para o país, para cada cidadão e para as futuras gerações.
Afinal, por que inovar? Porque vale a pena! Vale a pena para todos os indivíduos que no dia a dia se valem dos produtos e serviços inovadores. Para as empresas, que podem obter maiores margens de lucratividade, e assim remunerar melhor seus acionistas, seus funcionários e gerar mais rendas para sua localidade. Para o país é muito importante, porque é através da maior produção de conteúdo tecnológico e inovador que serão melhorados seus termos de troca com o exterior e, consequentemente, a renda e as condições de vida de sua população. Enfim, no limite, inovar é necessário para o planeta e para a nossa própria sobrevivência como espécie. Inovação agora, inovação sempre!
*Pedro Palmeira é conselheiro do Biopark e consultor de empresas do segmento farmacêutico e de biotecnologia. Atuou como chefe de Departamento do BNDES.