Cigarros eletrônicos ampliam riscos de complicações para pacientes com Covid-19

Dia Mundial Sem Tabaco (31 de maio) – Não é novidade que o hábito de fumar pode ampliar a predisposição para doenças respiratórias, além de complicar o quadro de recuperação de quem contrai a Covid-19. Desde o início da pandemia, tanto tabagistas quanto pessoas com doenças respiratórias crônicas, como a asma, sabem que precisam redobrar os cuidados para evitar a doença e possíveis complicações no quadro, mas acabam descuidando quando o assunto são os chamados Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs).

“Com respeito à Covid-19, estudos comprovam que o uso do cigarro eletrônico, do tipo vaper ou mesmo narguilés provocam inflamações de vias aéreas e pioram os desfechos da doença. Esse tem sido o foco das campanhas de 2021 do Dia Mundial Sem Tabaco, inclusive com a defesa da proibição dos DEFs no Brasil, pois seus usos acabam sendo direcionados a jovens e adolescentes”, alerta o pneumologista Irinei Melek, preceptor da especialidade no Hospital Angelina Caron (HAC) e presidente da Sociedade Paranaense de Pneumologia.

Pesquisas científicas divulgadas desde 2020 reforçam que o tabagismo e o uso de cigarros eletrônicos aumentam a gravidade das infecções pulmonares. “Fumantes têm 2,25 vezes mais chances de complicações graves decorrentes da Covid-19 do que não fumantes. Além da questão de se proibir ou não a circulação de cigarros eletrônicos e DEFs, é preciso um debate nacional sobre a necessidade de se aumentar os impostos sobre o tabaco e relacionados, direcionando esses recursos para o tratamento e a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis”, defende Melek.

156 mil mortes por ano no Brasil

De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo provoca cerca de 156 mil mortes no Brasil anualmente. “Os riscos do tabagismo vão muito além do câncer. O hábito de fumar não traz apenas problemas como o câncer de pulmão, bexiga, boca, esôfago, faringe e laringe, entre outros. Há 50 doenças relacionadas. O simples fato de conviver com um fumante, sendo um fumante passivo, aumenta em 30% as chances de ter câncer de pulmão e em 25% as chances de doenças cardiovasculares. Cada vez que um fumante ativo ou passivo inala a fumaça, 4,7 mil substâncias tóxicas entram no organismo”, explica o pneumologista.

O impacto econômico do tabagismo também afeta o setor da saúde. Dados da OMS estimam que no Brasil sejam gastos mais de R$ 57 bilhões com custos diretos e indiretos para o tratamento das 50 doenças relacionadas com o tabaco. Pelo mundo, o valor gasto com despesas de saúde e baixa produtividade chega a 1,4 trilhão de dólares.