Localizado no parque São Lourenço, memorial conta com uma nova edificação e um jardim de esculturas, que homenageiam o artista e o Movimento Paranista, que ajudou a criar
O legado que o artista João Turin (1878-1949) deixou para a cultura do Paraná poderá ser apreciado em um grande espaço de mais de 8 mil m² que recebe seu nome e também o do movimento artístico do qual foi um dos principais expoentes. O Memorial Paranista João Turin conta com quase 100 obras do artista e está localizado no Parque São Lourenço, um dos cartões postais de Curitiba, e tem previsão de ser inaugurado em 14 de maio (sexta-feira) às 17h pelo prefeito e idealizador do projeto, Rafael Greca.
O Memorial Paranista João Turin conta com obras reunidas em uma exposição permanente, rica em informações sobre o artista, que se destacou principalmente como escultor, criando esculturas e baixos relevos sobre animais selvagens, povos indígenas e reproduções de momentos históricos.
Na parte externa, foi construído um jardim com 15 esculturas de bronze ampliadas. Duas delas ganharam proporções heroicas, como “Marumbi”, com quase 3 metros de altura e 700 quilos. Esta escultura representa com realismo a luta de duas onças e mostra porque João Turin também é lembrado como um dos mais importantes escultores animalistas do Brasil.
Outro destaque é uma Pietá em baixo relevo, gentilmente emprestada pela Família Lago, detentora dos direitos autorais de João Turin. Esta é uma obra de 1917, e o primeiro exemplar está na França, feito para a Igreja de Saint Martin, em Condé-sur-Noireau. É uma verdadeira relíquia, que resistiu aos bombardeios da Segunda Guerra Mundial.
A iniciativa, que tem coordenação geral da Prefeitura de Curitiba, reuniu quase 100 obras de Turin graças a uma junção de esforços. Das 15 esculturas ampliadas, 12 foram compradas pela Prefeitura, e as outras 3 foram doadas pela Companhia Paranaense de Energia (Copel), por meio da Lei Rouanet. 78 esculturas em tamanho original foram doadas pela Família Lago para o Governo do Estado do Paraná, que emprestou as obras à Prefeitura de Curitiba em regime de comodato.
A Família Lago também doou uma fundição elétrica e moderna ao memorial, substituindo uma antiga fundição existente no local, que estava obsoleta. “Isso vai propiciar aos novos artistas meios para fundir suas peças, estimulando e ajudando o desenvolvimento da arte escultórica paranaense. Acreditamos que seria o que João Turin gostaria de ver, pois ele mesmo teve imensa dificuldade em fundir suas peças à sua época, deixando muitas obras inéditas”, comenta Samuel Lago. O Memorial Paranista João Turin foi projetado por Guilherme Klock, arquiteto do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc).
Paranismo
João Turin é um dos principais expoentes do Movimento Paranista, que buscava construir a identidade regional do estado do Paraná por meio da arte e de símbolos locais como o pinheiro, pinhões e a erva-mate, representados na arquitetura, pintura, escultura e grafismos. “O Paranismo foi o resultado de um longo processo de formulação de uma autoimagem do Paraná, em contraposição às outras regiões do país, que tinham seus próprios movimentos artísticos locais. O Paranismo ajudou a compor o mosaico das várias manifestações artísticas que se desenvolviam no Brasil”, comenta Samuel Lago.
No processo de formação do Paranismo, desempenharam um papel fundamental intelectuais, literatos e artistas plásticos, que se tornaram os principais “arquitetos” de uma identidade local. “A arte de João Turin corre nas veias de todos que aqui vivem e amam esta terra. O Paranaense se vê pelos olhos de Turin, que inspirado por nossa fauna e flora, elevou a observação da natureza em identidade e sentimento de pertencimento”, afirma Lago.
Sobre João Turin
Em quase 50 anos de carreira, João Turin deixou mais de 400 obras. Há esculturas em locais públicos de municípios paranaenses, no Rio de Janeiro e até na França, onde o artista tem exposta uma Pietá, feita em 1917. Turin também está no acervo de arte do Vaticano. A escultura “Frade Lendo” foi entregue como presente do povo brasileiro para o Papa Francisco, em 2013, na primeira visita do pontífice ao Brasil.
Nascido em 1878 em Morretes, no litoral do Paraná, João Turin veio ainda garoto para a capital Curitiba, iniciando seus estudos em artes, chegando a ser professor. Especializou-se em escultura na Bélgica. Retornou ao Brasil em 1922, trazendo comentários elogiosos da imprensa francesa. Foi premiado no salão de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1944 e 1947. Faleceu em 1949.
Em junho de 2014, seu legado foi prestigiado pelas 266 mil pessoas que visitaram “João Turin – Vida, Obra, Arte”, a exposição mais visitada da história do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, que ficou em cartaz por 8 meses. Esta exposição também teve uma versão condensada, exibida em 2015 no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e na Pinacoteca de São Paulo.
Vídeo sobre o Memorial Paranista João Turin: