Locais de maior convivência como hospitais e escolas deverão ser adaptados para um melhor bem-estar e saúde das pessoas
A chegada da pandemia da Covid-19 fez com que as pessoas ficassem muito mais tempo em casa, muitas delas a trabalho (home office). A Hibou, empresa de monitoramento de mercado e consumo, realizou, no final de abril passado, uma pesquisa com trabalhadores em todo o território nacional. O resultado indicou que 57,7% dos entrevistados trabalham em casa e, destes, 64,8% devem manter o mesmo regime de trabalho no futuro pós-pandemia.
Outro levantamento feito pela empresa de consultoria BTA mostrou que, por conta da Covid-19, o modelo de trabalho home office se tornou o padrão para ao menos 43% das empresas brasileiras. Já um estudo recente de André Micelli, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), indica que o home office deve crescer 30% após a estabilização dos casos de Covid-19 e a retomada das atividades.
Esses dados mostram um cenário futuro em que muitas mais pessoas passarão a ficar em casa para trabalhar. E esse contingente de pessoas ainda poderá crescer, pois muitos profissionais da área médica alertam há alguns anos que, possivelmente, a atual grande epidemia não será a última a afetar toda a população do planeta.
Mas boa parte dos ambientes caseiros projetados nas últimas décadas não foram pensados para a permanência por períodos tão grandes. Dessa forma, uma das áreas que será fundamental para o planejamento dos próximos anos é a da engenharia e arquitetura dos locais de convivência e sua interligação com a natureza e o contexto urbano.
O mestre em Engenharia Biomédica e PhD em Gestão de Saúde Norton Mello, CEO da BIOENG Projetos, explica que, da mesma forma, os espaços públicos – empresas, escolas, restaurantes, hotéis, academias, casas de show e outros ambientes – também foram obrigados a repensar conceitos, aumentando a distância entre frequentadores e também melhorando a questão da circulação de ar. Os novos projetos de construção para o período pós-pandemia devem contar com detalhes que promovam a saúde e o bem-estar das pessoas, aumentando as áreas livres, respeitando a sustentabilidade e utilizando novas tecnologias.
Mello salienta que, no caso dos hospitais, primordiais em qualquer cenário de surtos pandêmicos, é necessário planejar espaços mais flexíveis que permitam alterações imediatas de reestruturação dos serviços de atenção à saúde, observando ainda questões de fluxos de pessoas, insumos e resíduos, análise de riscos, isolamentos, permeabilidade biofílica, sem perder a produtividade dos ambientes.
O CEO também ressalta que é importante pensar no conforto de pacientes, famílias e acompanhantes nos locais, além de todas as equipes clínicas e de suporte, enfim, de todos os que utilizam a edificação.
“Os projetos hospitalares e de clínicas deverão cada vez mais apresentar soluções para aumentar a iluminação e ventilação naturais, tornando os edifícios menos dependentes de fontes artificiais de energia e poupando preciosos recursos. Com esse foco em sustentabilidade, deve-se ainda pensar em uma estrutura que permita redução de gastos fixos, como água e energia, que aumente a produtividade e o acolhimento dos usuários”, destaca Mello.
Escolas
As escolas são outro grande foco de preocupação em termos de novas estruturas. Os projetos de aproveitamento de espaços internos deverão ser repensados para um cenário com menos alunos em sala de aula, mantendo distâncias seguras e renovação permanente do ar. As áreas de convivência, como pátios, cantinas ou lanchonetes também devem ser amplas para contribuir com o distanciamento.
Restaurantes e hotéis
Outros projetos em desenvolvimento preveem áreas livres em ruas abertas para acomodar clientes de bares e restaurantes. Muitos desses locais já passaram por reformas estruturais para respeitar o distanciamento no atendimento dos clientes, diminuindo o número de mesas e melhorando a renovação de ar. Os parklets, estruturas montadas em vagas de estacionamento, já adotados em várias cidades do mundo, também podem ser uma opção mais constante para atender clientes.
“No caso de hotéis, os novos projetos devem focar em estruturas também mais flexíveis, para oferecer uma melhor experiência para o cliente e permitir o distanciamento. As áreas comuns de convívio, como lobbys, devem ser repensados nesse sentido. Os restaurantes também estão sendo adaptados para aumentar a distância entre as pessoas, mas é mandatório que se tenha uma renovação permanente de ar, coisa que os equipamentos de ar-condicionado convencionais não fazem”, explica o CEO da BIOENG Projetos.
Norton Ricardo Ramos de Mello
Graduado em Engenharia Civil pela UFPR, Mestre em Engenharia Biomédica pela UTFPR e PhD. Healthcare Management, pela FCU, Orlando, FL – USA. É CEO da BIOENG Projetos e já desenvolveu mais de 1,5 milhões de m² em projetos na área de saúde e bem-estar. É professor de cursos de pós-graduação no Brasil e nos Estados Unidos.
Mello é também autor de seis livros sobre Planejamento e Projetos de Edificações de Saúde. O mais recente, lançado em abril de 2021, é o Senior Living, sobre residenciais para a longevidade. Membro da Sociedade Brasileira de Engenharia Biomédica, da Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar e da International Federation of Hospital Engineering.
Site: www.bioengprojetos.com.br
imprensa@estiloeditorial.com.br