Celebrado em 6 de junho, o Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras foi criado para conscientizar a população sobre como se prevenir desse tipo de ferimento que afeta cerca de um milhão de brasileiros todos os anos e tem se tornado ainda mais frequente na pandemia devido ao uso frequente de álcool.
6 de junho marca o Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras, que tem como objetivo divulgar as medidas preventivas necessárias para reduzir esse tipo de lesão que figura entre os acidentes domésticos mais comuns, afetando cerca de um milhão de brasileiros todos os anos. E a conscientização contra as queimaduras é ainda mais importante nesse período de pandemia, pois o risco desse tipo de ferimento é maior devido a utilização frequente do álcool, tanto em gel quanto líquido, que é altamente inflamável. “Além disso, nesse período de pandemia mais pessoas foram para a cozinha preparar suas refeições, o que resulta em um maior número de casos de acidentes domésticos como as queimaduras. Para se ter uma ideia, durante a pandemia realizei mais atendimentos relacionados a acidentes domésticos do que o normal”, explica a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Isaps (International Society of Aesthetic Plastic Surgery). Logo, para prevenir grandes sequelas, é fundamental saber o que fazer quando esse tipo de acidente ocorre.
Mas, primeiro, é importante entender que nem toda queimadura é igual. Queimaduras de 1º grau, por exemplo, são superficiais e atingem apenas a epiderme, sendo que dificilmente deixam cicatrizes perceptíveis. “Já as queimaduras de 2º grau causam um trauma mais profundo, chegando até a derme a afetando uma série de estruturas complexas, como fibras de colágeno, elastina, glândulas, folículos pilosos, vasos sanguíneos. Por isso, podem alterar a aparência original do tecido, causando as cicatrizes”, alerta a especialista. “Por fim, as queimaduras de 3º grau são as mais graves, pois, além de atingirem toda a derme, também afetam os tecidos adjacentes, o que dificulta muito o processo de cicatrização da pele e pode resultar em sérias complicações, como infecções graves.”
Então, para prevenir esse tipo de acidente, a primeira providência que você deve tomar é proibir o uso de álcool na cozinha. “Não há qualquer necessidade de utilizar o álcool líquido ou em gel na cozinha, mesmo nesse período de pandemia, pois o Coronavírus possui uma cápsula de gordura que pode ser danificada por qualquer produto convencional de limpeza, como sabão, detergente ou desengordurante. Por isso, a higienização das mãos na cozinha deve ser feita com água e sabão ou detergente. Já para limpar o ambiente prefira produtos desengordurantes específicos para a higienização do local”, ressalta a Dra. Beatriz Lassance. “Outros cuidados importantes para evitar queimaduras incluem não deixar cabos de panelas virados para fora do fogão, utilizar utensílios adequados, como luvas, para retirar alimentos do forno, manter a válvula da panela de pressão limpa e abri-la apenas após toda a pressão ter saído e tomar cuidado extra ao fazer frituras, evitando que a água entre em contato com óleo.”
Porém, caso você sofra com queimaduras, é importante que você coloque a região sob água corrente ou envolva com um pano limpo umedecido em água fria. “Com isso, além de diminuir a dor, você cortará o calor residual, que pode continuar a provocar danos mesmo após a interrupção do contato com o agente causador. Evite nesse momento qualquer tipo de receita caseira para amenizar a lesão, como aplicação de creme dental ou manteiga, pois essas substâncias não ajudam no tratamento e ainda podem dificultar a cicatrização e causar infecções”, explica a cirurgiã plástica. Em seguida, é fundamental que você entre em contato com seu médico. “Você pode ligar para seu cirurgião plástico de confiança, que, em muitos casos, pode te encaminhar para o hospital sem a necessidade de passar pelo pronto socorro. A maioria dos pequenos acidentes podem ser resolvidos em consultório, mas é muito importante que nenhum tipo de remédio seja administrado até o momento do atendimento médico, já que apenas ele poderá indicar o tratamento correto de acordo com o grau e a gravidade da queimadura”, recomenda a Dra. Beatriz.
Geralmente, o tratamento das queimaduras inicia-se com a limpeza do ferimento e a aplicação de um creme antibiótico para evitar infecções. Em casos mais leves, o médico poderá aplicar também medicamentos tópicos calmantes e recomendar o uso de hidratantes para dar fim à desidratação que a queimadura causa no tecido. “Já em casos mais graves, cirurgias de enxertia de pele podem ser necessárias. Esse procedimento consiste na cobertura da área lesionada com pele saudável retirada de outra parte do corpo, geralmente da coxa”, afirma o cirurgião plástico Dr. Paolo Rubez, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Após a cirurgia, o uso de malhas compressivas é recomendado para que a pele possa se regenerar com menos cicatrizes.
Porém, mesmo após o devido tratamento e cicatrização das queimaduras, o acompanhamento com o paciente deve continuar, pois as cicatrizes podem causar grande desconforto estético, além de comprometerem o movimento das articulações quando surgem em região de dobra, necessitando então de tratamentos que podem variar de acordo com o tamanho, extensão e visibilidade das cicatrizes. As alterações mais superficiais, por exemplo, podem ser tratadas através de técnicas como microagulhamento, peeling e microdermoabrasão. “Já em casos de queimaduras mais agressivas, como de 2º e 3º graus, a cirurgia plástica reparadora é a melhor alternativa. Nesses casos, também utilizamos o enxerto de pele para melhorar a aparência das cicatrizes. Porém, é importante que o paciente tenha em mente que essa melhora é apenas parcial, principalmente nos casos de queimadura de 3º grau”, ressalta o Dr. Paolo Rubez. Dessa forma, o mais importante é que o paciente com queimaduras continue a consultar o médico mesmo após o tratamento e cicatrização das queimaduras. “Apenas ele poderá avaliar o estado da pele e indicar os tratamentos, medicamentos e cuidados que podem melhorar sua aparência, podendo até mesmo recomendar acompanhamento estético para ajudar na superação do desconforto que as alterações causam”, finaliza o cirurgião.
FONTES:
*DRA. BEATRIZ LASSANCE: Cirurgiã Plástica formada na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e residência em cirurgia plástica na Faculdade de Medicina do ABC. Trabalhou no Onze Lieve Vrouwe Gusthuis – Amsterdam -NL e é Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgery) e da American Society of Plastic Surgery. Além disso, é membro do American College of LifeStyle Medicine e do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida.
*DR. PAOLO RUBEZ: Cirurgião plástico, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS) e da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS), Dr. Paolo Rubez é Mestre em Cirurgia Plástica pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP. O médico é especialista em Cirurgia de Enxaqueca pela Case Western University, com o Dr Bahman Guyuron (em Cleveland – EUA) e em Rinoplastia Estética e Reparadora, pela mesma Universidade, e pela Escola Paulista de Medicina/UNIFESP. http://drpaolorubez.com.br/