Sebrae/PR trabalha também na aproximação de comerciantes e produtores para abrir novas frentes de comercialização
Já pensou em adquirir produtos característicos de uma região, que se distinguem pela qualidade, especialidade, tipicidade e que têm o registro de Indicação Geográfica (IG), sem precisar se deslocar até a cidade de origem? Isso já está sendo possível graças a empreendedores paranaenses que viram nos produtos típicos uma oportunidade e comercializam em lojas online ou físicas.
Hoje, o Paraná possui nove produtos com registro de IG que são o café do Norte Pioneiro, a goiaba de Carlópolis, o mel do oeste do Paraná, o queijo de Witmarsum, o melado de Capanema, a uva de Marialva, a erva-mate São Matheus – do sul do Paraná, o mel de Ortigueira e a bala de banana de Antonina. Outros cinco já foram protocolados no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI): a cachaça e aguardente de Morretes, o barreado e a farinha de mandioca do Litoral, o morango do Norte Pioneiro do Paraná e os vinhos de Bituruna. No Brasil são 87 produtos com registro.
Com uma infância marcada no campo, o empresário Jeferson Jess, de Curitiba, criou um clube de assinaturas com kits personalizados de produtos artesanais e locais, que trazem a história, a cultura, a identidade ou particularidade de uma determinada região. Dentro dessa proposta da caixa colonial, surgiu a ideia de comercializar também produtos com IG.
“Sempre tive o costume de buscar referências e saber uma pouco da história do que eu consumia e que, muitas vezes, são produtos oriundos de receitas de família”, conta. Para oferecer um diferencial, o empresário trabalha de forma temática. Todo mês, uma região do País é visitada para conhecer suas particularidades, quem são os produtores locais e fechar novos fornecedores.
“Notamos que as pessoas têm curiosidade em conhecer mais os produtos que consomem. Por conta disso, oferecemos experiências aos nossos clientes, pois em cada kit enviamos um informativo do que fazer, onde ir, o que consumir em determinado local. Dizemos que nosso produto também envolve a promoção turística, pois em algum momento nosso cliente pode visitar um destino e fomentar o turismo local”, comenta.
Além do clube de assinaturas, o empresário lançou, em maio deste ano, a loja eletrônica, onde é possível comprar, de forma avulsa, produtos com IG e outros de pequenos produtores. “Tanto o clube, quanto o e-commerce, têm suas propostas, mas procuramos disponibilizar produtos com IG em ambos”, explica.
A culinária também aproximou a empresária e chef de cozinha Rosane Radecki, sócia-proprietária de restaurante em Palmeira, nos Campos Gerais, dos produtos com IG. Rosane mantem um espaço específico para eles, como o queijo de Witmarsum, a bala de banana de Antonina, o café do Norte Pioneiro, além de outros que ainda estão em processo para recebimento do registro, como o vinho de Bituruna e a farinha de mandioca do Litoral.
“Com a pandemia, as pessoas passaram a valorizar mais o que é da sua região ou entorno. A ideia é dar mais visibilidade a esses produtos e facilitar o acesso a eles”, comenta. A empresária participou recentemente de uma rodada de negócios, promovida pelo Sebrae/PR, na qual teve contato com os produtores espalhados pelo Estado.
O empresário Carlos Antônio Nicolau Feliz, sócio-proprietário de uma adega em Curitiba também abriu espaço a produtos com IG em suas três lojas. “O Sebrae aproximou comerciantes e produtores. Fizemos uma seleção daqueles que podem estar entre os nossos mix de produtos”, conta. Entre eles estão as balas de banana de Antonina e os queijos de Witmarsum.
“Já mantive contato com outros produtores e ideia é incrementar o leque de produtos em breve”, relata. Para ele, há um interesse maior dos clientes por produtos com características diferenciadas e de boa qualidade.
A coordenadora estadual de agronegócios do Sebrae/PR, Maria Isabel Guimarães, explica que a adesão de novos espaços é uma maneira de valorizar e fortalecer a comercialização de produtos com IG, principalmente com a crise desencadeada pela pandemia.
“Em um momento difícil como esse é importante que os envolvidos nessa cadeia encontrem maneiras de diversificar, potencializar seus negócios e valorizar suas marcas. Temos feito essa articulação e promovido encontro de negócios nas cadeias produtivas”, afirma.
Relevância
A Indicação Geográfica (IG) é importante para os pequenos negócios, pois é considerada um diferencial competitivo. Além disso, esse signo permite a valorização dos produtos tradicionais brasileiros e a herança histórico-cultural, protegendo as regiões produtoras. Nesse contexto, o legado agrega à área de produção definida, tipicidade, autenticidade com que os produtos são desenvolvidos e a disciplina quanto ao método de produção, garantindo um padrão de qualidade.