Indústria enfrenta escassez de mão de obra qualificada

Formação técnica é diferencial para quem busca oportunidade no mercado de trabalho. Entre os estudantes da Escola Técnica Tupy, 90% estão empregados
Formação técnica é diferencial para quem busca oportunidade no mercado de trabalho. Entre os estudantes da Escola Técnica Tupy, 90% estão empregados
Metade das indústrias brasileiras têm dificuldades para contratar profissionais com qualificação, especialmente nos cargos de produção. A conclusão é da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Pelo levantamento, o maior desafio está na admissão de operadores (96%) e técnicos (90%).
O problema deve se agravar, segundo análise da CNI, à medida que o ritmo de expansão da economia aumentar, o que pode comprometer ainda mais a produtividade e a competitividade do país. A saída apontada pela entidade está na qualificação e requalificação da força de trabalho, com priorização da educação profissionalizante.
Em Joinville, uma pesquisa da Associação Empresarial (ACIJ) nos meses de maio e junho revelou 15.022 vagas abertas, não ocupadas por falta de candidatos habilitados. O estudo mostrou que 75% das oportunidades são destinadas a profissionais técnicos ou operacionais.
Para fomentar a qualificação de nível técnico, a Escola Técnica Tupy oferece formação nas áreas de mecânica, metalurgia, plástico, química, informática e edificações. Entre os alunos matriculados, cerca de 90% conseguem uma colocação profissional no decorrer do curso.
Segundo o coordenador da ETT, professor Jeferson Marcelo da Silva, esse percentual está acima da média nacional de empregabilidade na educação profissionalizante. Um estudo do Ibope feito a pedido da CNI indicou que a média de profissionais empregados um ano após a formatura gira em torno de 70%.
“Assim como no restante do país, a indústria no Norte catarinense também enfrenta dificuldades para contratar mão de obra qualificada. Isso significa que há oportunidade para todos os profissionais que investirem na formação técnica de qualidade”, comenta.
Priscila Cristina de Oliveira Farias, do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) – Regional Joinville, diz que os setores que mais enfrentam dificuldades na contratação de mão de obra especializada são os de metalurgia, mecânica e plásticos, principalmente para as funções operacionais (cargos de produção).
“Joinville, como um polo industrial, acaba sendo um retrato do cenário nacional. Temos muitas indústrias na cidade, mas faltam profissionais qualificados”, reforça a assistente administrativa do IEL.
Ainda segundo Priscila Farias, a procura por profissionais com formação técnica é crescente na cidade. “Um exemplo é a quantidade de vagas abertas para esse nível de formação. Uma excelente porta de entrada é o estágio, em que é possível unir o que é aprendido no curso com a prática diretamente na empresa.”
No Brasil, apenas 9,7% das matrículas do ensino médio estão associadas à educação profissional. Número muito inferior a países como Alemanha, Dinamarca, França e Portugal, onde o percentual chega a 40%, ou Áustria e Finlândia, onde alcança 70%.
Para o supervisor regional do CIEE-SC – Centro de Integração Empresa-Escola, Luiz Carlos Uller, as competências técnicas sempre têm maior carência no fechamento de vagas se comparadas às funções administrativas. “É uma proporção quase automática pelo número de alunos ligados às áreas administrativas disponíveis para o mercado em detrimento dos que procuram as áreas técnicas”, revela.



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