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Nova onda de apps: a vez dos marketplaces segmentados

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O setor de desenvolvimento de software vivenciou nessa pandemia uma série de ondas impulsionadas pelas necessidades do mercado e dos consumidores. A primeira delas foi o surgimento de projetos para atender à necessidade de profissionais de saúde a realizarem suas consultas online, como médicos e psicólogos. A outra onda veio com o fechamento das escolas e a necessidade de apps voltados ao ensino a distância (EAD), assim como o desenvolvimento de apps voltados para streaming e lives.

Agora, surge uma nova onda para os desenvolvedores de apps, que é o surgimento de marketplaces focados em determinado nicho de mercado. Quem afirma é o especialista Filipe Gevaerd, sócio-fundador da Gebit, fábrica de software e aplicativos customizados que já colocou no mercado mais de 150 aplicativos e cresceu, em 2020, 77% no seu faturamento em comparação com o ano anterior – acima da média estimada para o setor. Isso acontece porque, se a pandemia obrigou comércio e serviços a comercializar no ambiente online, os pequenos varejistas foram atraídos para o marketplace convencional, formado por uma loja virtual em que a plataforma está pronta e o lojista apenas expõe seu produto e paga porcentagem sobre o faturamento.

Em 2020, essa modalidade de e-commerce cresceu 52% em relação ao ano anterior, resultando em R$ 73,2 bilhões para a categoria, segundo levantamento da Ebit. Para os marketplaces, isso significou 148,6 milhões de pedidos, crescimento de 38% com relação a 2019. O ticket médio também se mantém alto, girando em torno de R$ 493 (aumento de 10% em relação a 2019).

Custo elevado nos marketplaces tradicionais

No entanto, como o desembolso do faturamento para o empresário estar na loja virtual muitas vezes é elevado para o pequeno e médio varejistas, chegando a taxas de 30% sobre cada venda, o empresário se vê muitas vezes excluído do mercado online. “É nesse sentido que os marketplaces segmentados têm sido a alternativa para que o pequeno empresário esteja no mundo online, mas sem ter que desembolsar um valor expressivo do seu faturamento”, observa Gevaerd.

Exemplo disso é a Loja de Tudo, plataforma que tem como objetivo reunir pequenos e médios varejistas do Sul do país. Ao contrário de outros varejistas, esse empresário dispõe de poucos recursos e ainda não tem tempo para lançar uma plataforma web própria. Por outro lado, as taxas cobradas por players tradicionais tornam-se um impeditivo para esse comerciante entrar no e-commerce.

Alternativas para o pequeno varejista

Sem taxa de adesão nem porcentagem sobre o faturamento, a Loja de Tudo quer ajudar o varejista de pequeno e médio portes a realizar vendas online. Para isso, no lugar da porcentagem sobre cada venda, outra estratégia foi pensada para remunerar a plataforma. “Temos parcerias fortes com os meios de pagamento e isso vai ser significativo para as empresas que fazem parte da plataforma”, aponta a cofounder da Loja de Tudo, Caroline Celli.

A plataforma espera reunir cerca de 500 lojistas até o fim de 2021, vendendo os mais variados produtos, como calçados, vestuário, acessórios para celular, pets, entre outros.

Entrando no mercado de forma disruptiva, a Loja de Tudo não cobra sobre o faturamento, o que deixa o lojista livre para poder fazer sua própria margem de lucro, tanto na loja física quanto no e-commerce. “O que acontecia até então é que, como parte do faturamento era abocanhada pelos marketplaces tradicionais, o empresário competia com a sua própria loja física. Nós acabamos com esses entraves”, garante Caroline.

O resultado previsto é maior entrada de receita para o varejista, sem competição com a loja física, além de acesso à comercialização em um ambiente segmentado que não demande investimento próprio para construir um app do zero, que, além de dinheiro, leva cerca de dois anos para ficar pronto.

Marketplace de caminhões, carretas e tratores

Se existe um segmento de mercado que cresceu mesmo com a pandemia foi o de transporte, já que o volume de entregas cresceu em todos os segmentos, de alimentos a vestuário. De acordo com a Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores), as vendas de caminhões usados aumentaram 68,5% nos cinco primeiros meses de 2021 em relação ao mesmo período do ano passado. Já o setor de tratores e máquinas agrícolas teve incremento de 22% nas vendas em 22,6% de janeiro a maio deste ano em comparação com o mesmo período de 2020.

Foi pensando nesse segmento que surgiu o app Pesadosweb, especializado no setor de compra e venda de caminhões, carretas e tratores agrícolas, tanto usados como novos. Um dos sócios da empresa, Paulo Schmidt, que atuou por mais de dez anos no segmento de vendas de carretas, já percebia a escassez desse tipo de elo que aproximasse vendedores e compradores nesse nicho. “O cliente faz tudo pelo app, como inserir dados, fotos, valores e informações”.

Segundo ele, a vantagem da Pesadosweb é que se trata de uma loja sem muros, onde o comprador e o vendedor podem estar em qualquer lugar para efetuar uma negociação. “A rentabilização vem da assinatura recorrente para o cliente subir até 50 anúncios por mês”, aponta ele.

Murilo de Carvalho Manica é um dos clientes do Pesadosweb. Ele tem uma revenda de caminhões seminovos e tinha dificuldade de vender os veículos porque anunciava geralmente em sites que vendem de tudo. “Nós não tínhamos um app específico para comércio desse tipo de negócio e facilita muito na hora de vender, porque é bem direcionado para o nosso público, especialmente considerando que em média um caminhão custa R$ 550 mil”, afirma. O empresário está tão animado com a novidade para o segmento que vai abrir uma revenda de caminhões novos e pretende continuar no app.

App especializado no mundo pet

Já o aplicativo iPatas, lançado em plena pandemia no mês de junho de 2020, reúne 170 fornecedores de cerca de 15 mil produtos e serviços para pets. Em apenas um ano, a startup já soma três mil cadastros e sete mil downloads.

O objetivo é facilitar o dia a dia dos tutores de pets, reunindo em uma mesma plataforma variedades de produtos e serviços para os animais de estimação. “Tudo pode ser adquirido por meio do próprio aplicativo, sem a necessidade de sair de casa”, afirma Felipe Ramalho, um dos sócios da empresa.

Ao baixar o aplicativo e cadastrar seu endereço de entrega, a plataforma busca prioritariamente os parceiros mais próximos. Para localizar os produtos e serviços, existem filtros por tipos de animais e por categorias de compras, como alimentos, higiene, saúde, brinquedos, entre outras. Além de fazer compras pelo iPatas e receber em casa, é possível agendar serviços como hospedagem, banho, tosa e adestramento por meio da plataforma. “Encontrar em um único aplicativo lojas que comercializam ração, medicamentos e outros produtos, além de clínicas veterinárias, serviços de agendamento de banho e tosa, hospedagem, adestramento, creche e recreação significa um ganho de tempo e uma economia financeira, pois é possível pesquisar e escolher os melhores produtos e preços na palma da mão e ainda receber em casa com agilidade ou escolher a entrega agendada”, assinala.

Filipe Gevaerd, da Gebit, afirma que o consumidor quer facilidade e rapidez para encontrar o produto ou serviço que está buscando e não ficar rodando horas nas buscas. Nesse aspecto, os marketplaces podem ser vistos como um shopping center virtual que cada vez mais estão segmentados, atraindo um determinado público consumidor. “Essa categoria de ecommerce traz como vantagem o fato de nunca fechar, podendo ser acessado 24 horas de qualquer lugar e, com alguns cliques, fazer o pedido”, conclui.

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