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Pressões no mundo do esporte não são diferentes daquelas vividas no mundo corporativo

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Situações como a vivida pela atleta Simone Biles, que desistiu de parte da competição de ginástica nas Olimpíadas, podem ser comparadas aos desafios na carreira em qualquer área do conhecimento

 

O episódio de desistência de parte da competição vivido pela ginasta Simone Biles nas Olimpíadas deste ano reavivou a discussão acerca de grandes pressões no mundo do esporte e, portanto, no trabalho de um modo geral. Afinal, atletas são profissionais de alto gabarito. Seja nos escritórios, nas grandes corporações, no home office ou nas atividades autônomas, a competição, a pressão por resultados e metas, o medo de perder o emprego ou o cargo e a falta de coragem de assumir vulnerabilidades estão na lista dos problemas mais comuns enfrentados pelos profissionais e que podem trazer consequências danosas à saúde mental.

Marcelo Karam, professor de Autoconhecimento e Desenvolvimento Pessoal e coach na área de esportes, garante: não tem preço sair de uma enorme pressão. “E o profissional tem total responsabilidade nisso”, afirma o professor da FAE Business School. De acordo com ele, todos precisam tentar reagir contra os abusos, pois, se mantiverem a submissão por muito tempo, certamente vão adoecer. Afirma ainda que as pessoas se sobrecarregam porque não entendem a origem da pressão e não combinam com seus líderes ou subordinados o papel de cada um nos processos de trabalho. “É preciso estabelecer combinados: o que eu posso e o que eu não posso fazer agora; o que eu posso fazer num tempo determinado e o que eu não posso fazer”, reitera. 

Para isso, é preciso alertar para alguns pontos que devem ser levados em consideração, como, por exemplo, o autoconhecimento. Entender a autoestima e a autoimagem, trabalhar a autoconfiança reconhecendo suas forças e os sabotadores é fundamental para lidar com as diversas situações na vida pessoal e profissional. “É preciso ser verdadeiro estabelecendo uma comunicação assertiva e empática, é necessário se posicionar e não apenas reagir expressando o momento que está vivendo e, acima de tudo, assumir a vulnerabilidade”, explica.

E foi exatamente o que Simone Biles fez: assumiu a vulnerabilidade para chamar a atenção para um problema muito sério (que não afeta só a ela, mas a uma geração), que é a saúde mental e emocional. “A ginasta foi porta-voz de muitos outros atletas que sofrem em silêncio há anos. E isso só poderia acabar se alguém do nível dela reclamasse”, observa Karam.

O medo de admitir a vulnerabilidade pode levar a dois caminhos: à submissão e ao vitimismo, por acreditar que não é capaz, e ou à arrogância, por se achar suficientemente pronto sem nada para aprender. Trabalhar essas questões com as pessoas de modo geral é muito importante nesse processo de autodesenvolvimento. “Quando a pessoa compreende qual é a raiz do problema, ela percebe que não é só fraqueza ou só fortaleza, que é mais fácil trabalhar em equipe e por esse motivo pode assumir algumas dificuldades e a sua vulnerabilidade”, alerta.

O professor cita o exemplo de um grande executivo que nunca conseguia tirar férias (e, quando tirava, ficava a todo tempo atendendo a empresa). Até que um dia, após muito buscar autoconhecimento e entendimento da situação (que estava errada), o executivo conseguiu as folgas merecidas e ninguém o procurou. “Ele preparou os colaboradores, empoderou seus líderes e ensinou às pessoas que ele não era imprescindível a todo momento. Estabeleceu acordos e aquilo que precisava ser feito e entregue na sua ausência, e isso foi muito bom. Ensinar às pessoas que há regras, limites e responsabilidades, dando-lhes autonomia, é um ato de amor”, afirma.

Karam chama atenção, ainda, para o fato de que a pandemia do novo coronavírus não trouxe à tona esses problemas: ela mostrou mais claramente algo que já era muito comum. “A pandemia apenas escancarou os problemas de saúde mental muito comuns no mundo corporativo”, observa. 

 

 

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