Sono de qualidade é um dos pilares do bom funcionamento do sistema imunológico, além de contribuir de diversas outras maneiras para a saúde do organismo.
Enfrentar a pandemia do Coronavírus tem sido um grande desafio para a maior parte das pessoas. Em meio as mudanças na rotina e as crises de ansiedade e estresse causadas pelas incertezas sobre o futuro, precisamos manter uma série de hábitos para manter nossa saúde, aumentar a imunidade e melhorar a condição mental. E desses hábitos, que incluem prática de atividade física e boa alimentação, um dos mais importantes e que exigirá o menor esforço de você ao mesmo tempo em que irá te proporcionar muitos benefícios é dormir bem. Segundo diversas pesquisas, um dos principais mitos atuais é acreditar que as pessoas podem ‘sobreviver’ com menos de sete horas de sono. “O ideal é dormir entre sete a oito horas de forma consistente. Fugir desses valores é colocar a saúde em risco. Temos evidências extensas de que dormir cinco horas ou menos aumenta consistentemente o risco de condições adversas à saúde, como doenças cardiovasculares e até longevidade. Além disso, esse período é indispensável para a reparação do organismo e é importante para o bom funcionamento do sistema imunológico”, explica a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
E, além de potencializar o sistema imune e prevenir doenças, dormir bem também é fundamental para manter o peso sob controle, o que é especialmente importante nesse momento, visto que a obesidade é um fator de risco para casos graves de COVID-19. “O papel do sono na saúde metabólica das pessoas vem sendo objeto de estudo há anos. Para muitas pessoas a quebra do padrão normal do sono resulta invariavelmente em um ganho de peso e problemas fisiológicos. Quando há uma grave perturbação da ordem temporal, bioquímica, fisiológica e dos ritmos comportamentais, isso mexe também com a expressão de alguns genes que regulam nossas vias metabólicas e nossos hormônios. Muitos pacientes que enfrentam mudanças nesse ciclo não conseguem seguir um plano alimentar, têm maior carga de estresse e impulsos alimentares”, diz a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
Dormir bem também é capaz de potencializar uma série de funções cerebrais, auxiliando, por exemplo, na produtividade, na capacidade cognitiva, na melhora do humor e na diminuição do estresse e ansiedade comuns da pandemia. “Tempo e qualidade ao dormir nos deixam com um humor melhor e aguçam nosso cérebro. Também nos dão a energia e a capacidade de administrar nossas vidas ocupadas, desde exercícios físicos a até o trabalho”, afirma o médico neurologista e neuro-oncologista Dr. Gabriel Novaes de Rezende Batistella, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA). Se você não dormir o suficiente, mesmo uma tarefa simples pode exigir mais esforço mental. “Você também achará muito mais difícil se concentrar e poderá notar lacunas em sua memória de curto prazos”, afirma o especialista.
O sono também é fundamental para a boa aparência da pele, que pode ser afetada caso esse período não seja de qualidade devido ao estresse e ansiedade gerados pela pandemia. “Durante o sono ocorre um relaxamento muscular, que evita as rugas de expressão pela mímica facial durante o dia, e a liberação de substâncias como o hormônio do crescimento (GH), que é responsável pelo desenvolvimento e renovação celular, inclusive das células de colágenos que são fundamentais para a firmeza e viço da pele. Dessa forma, uma noite mal dormida, além de diminuir a produção de colágeno, pode aumentar a liberação de hormônios do estresse, como o cortisol, que leva ao aumento de radicais livres com consequente oxidação das células da pele e aceleração do envelhecimento”, destaca a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. E até mesmo a libido pode ser afetada pela falta de sono. “Isso porque não dormir bem faz com que o organismo diminua a produção de melatonina e aumente a produção de prolactina, que são hormônios contrarreguladores para estímulo gonadal e, consequentemente, causam a diminuição da libido, que também é afetada pelo estresse e exaustão que ocorrem quando não dormimos bem”, aconselha a Dra. Eloisa Pinho, ginecologista e obstetra da Clínica GRU.
Mas, para combater todos esses problemas e garantir os benefícios de uma noite de descanso, não adianta apenas dormir entre 7 ou 8 horas por dia. É preciso que o sono seja de qualidade. “Se mesmo após 7 horas os sintomas forem de cansaço e sonolência pode ser que a qualidade do sono esteja ruim, sendo importante então investir em alguns cuidados para melhorar esse quadro, como exercitar a higiene do sono”, recomenda a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Isaps (International Society of Aesthetic Plastic Surgery). “A higiene do sono consiste, basicamente, em adotar uma rotina que avisará o cérebro que está na hora de dormir. Então tome um banho, coloque um pijama, cuide da pele, escove os dentes, apague a luz e deite-se na cama. Enquanto isso, seu cérebro gerará sinais para que o organismo passe a produzir hormônios reguladores do sono, como a melatonina e a serotonina, e pare de produzir hormônios de alerta, como o cortisol. Mas evite utilizar qualquer tipo de equipamento eletrônico uma hora antes de dormir, seja o celular, o tablet ou a televisão, pois a luz azul emitida por dispositivos pode desestabilizar a produção de melanina, interferindo assim na qualidade do sono”, finaliza a médica.
FONTES:
*DRA. PAOLA POMERANTZEFF: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), tem mais de 10 anos de atuação em Dermatologia Clínica. Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina Santo Amaro, a médica é especialista em Dermatologia pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, e participa periodicamente de Congressos, Jornadas e Simpósios nacionais e internacionais. http://www.drapaola.me/
*DRA. BEATRIZ LASSANCE: Cirurgiã Plástica formada na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e residência em cirurgia plástica na Faculdade de Medicina do ABC. Trabalhou no Onze Lieve Vrouwe Gusthuis – Amsterdam -NL e é Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgery) e da American Society of Plastic Surgery. Além disso, é membro do American College of LifeStyle Medicine e do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida.
*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.
*DR. GABRIEL NOVAES DE REZENDE BATISTELLA: Médico neurologista e neuro-oncologista, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA). Formado em Neurologia e Neuro-oncologia pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP, hoje é assistente de Neuro-Oncologia Clínica na mesma instituição. O médico é o representante brasileiro do International Outreach Committee da Society for Neuro-Oncology (IOC-SNO).
*DRA. ELOISA PINHO: Ginecologista e obstetra, Pós-graduada em ultrassonografia ginecológica e obstétrica pela CETRUS. Parte do corpo clínico da clínica GRU Saúde, a médica é formada pela Universidade de Ribeirão Preto, realiza atendimentos ambulatoriais e procedimentos nos hospitais Cruz Azul e São Cristovão, além de também fazer parte do corpo clínico dos hospitais São Luiz, Pró Matre, Santa Joana e Santa Maria.
*DRA. ALINE LAMAITA: Cirurgiã vascular, Dra. Aline Lamaita é membro da diretoria (comissão de marketing) da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine, a médica é formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2000) e hoje dedica a maior parte do seu tempo à Flebologia (estudo das veias). Curso de Lifestyle Medicine pela Universidade de Harvard (2018). A médica possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina. RQE 26557 http://www.alinelamaita.com.