Início Vida e Saúde Afinal, todo procedimento de fertilização in vitro resulta em gestação múltipla?

Afinal, todo procedimento de fertilização in vitro resulta em gestação múltipla?

Apesar da crença popular de que a fertilização in vitro sempre gera mais de um bebê, as chances de gravidez gemelar após o procedimento são pequenas e vêm diminuindo cada vez mais graças a possibilidade de seleção dos melhores embriões para serem implantados no útero.

Afinal, todo procedimento de fertilização in vitro resulta em gestação múltipla?

Quando o assunto é fertilização in vitro (FIV), uma das maiores preocupações, e em alguns casos desejos, de grande parte dos casais que vão se submeter ao procedimento é com relação a concepção de gêmeos, pois muitas pessoas acreditam que esse método de reprodução assistida sempre resulta em uma gestação múltipla, seja de gêmeos ou até trigêmeos. Mas essa informação é realmente verdade? Segundo o Dr Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, não. “Apesar das chances de gêmeos serem concebidos pela fertilização in vitro serem maiores do que por meio de fertilização natural, que em apenas 1% dos casos resulta em gestação múltipla, a grande maioria das gestações após o FIV são únicas. No geral, apenas cerca de 25% das gestações provenientes do procedimento resultam em dois ou mais bebês”, explica o médico.

De acordo com o especialista, o aumento na probabilidade de gestação múltipla após a fertilização in vitro ocorre devido a quantidade de embriões que são implantados no útero da mulher, que varia de acordo com a idade da paciente. “Quando o procedimento é realizado em mulheres de até 35 anos, por exemplo, são transferidos geralmente dois embriões. Em mulheres de 36 a 39 anos, por sua vez, podem ser transferidos até três embriões. Por fim, mulheres com mais de 40 anos podem receber até quatro embriões”, destaca o obstetra. Ou seja, as chances de gêmeos serem concebidos após o procedimento tendem a ser maiores com o passar dos anos, visto que mais embriões são transferidos para o útero da mulher conforme envelhece.

Mas a boa notícia é que, graças ao avanço das tecnologias e pesquisas na área de reprodução humana, é necessário que cada vez menos embriões sejam transferidos durante o procedimento de fertilização in vitro, o que reduz as chances de gestação gemelar. “Hoje em dia já é possível que os melhores embriões sejam selecionados para implantação no útero por meio de testes genéticos. Além disso, os embriões podem ser cultivados em laboratório até estágios mais tardios, o que garante maiores chances de sobrevivência dentro do útero. Esses avanços garantem uma escolha assertiva dos embriões, o que aumenta muito as taxas de sucesso do procedimento e faz com que seja necessário que menos embriões sejam implantados no útero, diminuindo assim o risco de múltiplos bebês”, afirma o Dr Rodrigo.

Vale ressaltar que casais que desejam necessariamente conceber gêmeos não devem procurar a fertilização in vitro apenas por esse motivo, visto que não há nenhuma garantia de que o procedimento resultará em uma gestação múltipla. “Outro ponto relevante a ser comentado sobre a questão da gestação gemelar é que mulheres que fazem uso indiscriminado de indutores de ovulação, isto é, medicamentos que estimulam a produção de óvulos, possuem maiores chances de engravidarem de trigêmeos ou até mais bebês. Logo, é importante lembrar que o uso desses medicamentos, bem como qualquer tentativa de aumento de fertilidade e reprodução assistida, deve ser acompanhado de perto por um médico especializado, que poderá tirar todas as suas dúvidas sobre o assunto, recomendar as melhores estratégias para o seu caso e garantir que todo o processo ocorra de forma segura e sem complicações”, finaliza o Dr Rodrigo da Rosa Filho.

*DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.

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