Um estudo com mais de 30.000 pacientes cardíacos da Sociedade Europeia de Cardiologia mostra que tornar-se ativo mais tarde na vida pode ser quase tão benéfico para a sobrevivência quanto a atividade contínua.
Esqueça a ideia ultrapassada que você deveria ter começado a praticar atividade física na juventude e que, agora, não adianta mais. Um estudo com mais de 30.000 pacientes cardíacos mostra que tornar-se ativo mais tarde na vida pode ser quase tão benéfico para a sobrevivência quanto a atividade contínua. A pesquisa foi apresentada no último Congresso ESC (European Society of Cardiology) 2021. “Essas descobertas encorajadoras destacam como os pacientes com doença coronariana podem se beneficiar com a preservação ou adoção de um estilo de vida fisicamente ativo”, explica o Dr. Juliano Burckhardt, médico cardiologista, geriatra e nutrólogo, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) e da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
A atividade física regular é recomendada para pacientes com doença cardíaca, mas as recomendações são amplamente baseadas em estudos que usaram uma única avaliação ou uma média dos níveis de atividade avaliados ao longo do tempo. “No entanto, o estudo investigou os níveis de atividade ao longo do tempo e sua relação com o risco de morte em pacientes com doença cardíaca. A meta-análise incluiu 33.576 pacientes com doença cardíaca coronária. A média de idade foi de 62,5 anos e 34% eram mulheres. O acompanhamento médio foi de 7,2 anos. A atividade foi avaliada no início e no acompanhamento por meio de questionários validados e os participantes foram classificados como ativos ou inativos nos dois momentos. As definições de ativo e inativo variaram entre os estudos, mas estavam de acordo com as recomendações para pessoas saudáveis: pelo menos 150 minutos por semana de intensidade moderada ou 75 minutos por semana de atividade vigorosa ou uma combinação”, explica o cardiologista e geriatra.
Os pacientes foram divididos em quatro grupos de acordo com seu status de atividade no início e no acompanhamento: inativos ao longo do tempo, ativos ao longo do tempo, aumento da atividade ao longo do tempo e diminuição da atividade ao longo do tempo. Todos os estudos definiram “aumento da atividade ao longo do tempo” como passagem da categoria inativa para a ativa e “redução da atividade ao longo do tempo” como passagem da categoria ativa para a inativa. Os pesquisadores examinaram os riscos de morte por todas as causas e morte por doenças cardiovasculares de acordo com os quatro grupos. “Em comparação com pacientes que permaneceram inativos ao longo do tempo, o risco de morte por todas as causas foi 50% menor naqueles que eram ativos ao longo do tempo, 45% menor naqueles que eram inativos, mas se tornaram ativos, e 20% menor naqueles que eram ativos mas tornou-se inativo”, explica o Dr. Juliano.
Resultados semelhantes foram observados para morte por doença cardiovascular, segundo o estudo. Em comparação com aqueles que permaneceram inativos, o risco de mortalidade cardiovascular foi 51% menor entre aqueles que permaneceram ativos e 27% menor para aqueles cuja atividade aumentou. A mortalidade cardiovascular não foi estatisticamente diferente para aqueles cuja atividade diminuiu ao longo do tempo, em comparação com aqueles que permaneceram inativos. “Os resultados mostram que continuar um estilo de vida ativo ao longo dos anos está associado à maior longevidade. No entanto, os pacientes com doenças cardíacas podem superar anos anteriores de inatividade e obter benefícios de sobrevivência praticando exercícios mais tarde na vida. Por outro lado, os benefícios da atividade podem ser enfraquecidos ou mesmo perdidos se a atividade não for mantida. Os resultados ilustram os benefícios para os pacientes cardíacos de serem fisicamente ativos, independentemente de seus hábitos anteriores”, finaliza o cardiologista e geriatra Dr. Juliano.
FONTE:
*DR. JULIANO BURCKHARDT: Médico Cardiologista, Geriatra e Nutrólogo, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) e da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Especialista também em Clínica Médica, Medicina de Urgência e Ergometria. É membro da American Heart Association e da International Colleges for Advancement of Nutrology. Mestrando pela Universidade Católica Portuguesa, em Portugal. Atua como docente e palestrante nas suas especialidades na graduação e pós-graduação. É diretor médico do V’naia Institute. Diretor Científico Brasil da European Academy of Personalized Medicine. Membro do Corpo Clínico do Hospital Sírio Libanês.
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