Economistas apontam crescimento tímido da economia para 2022



Incertezas no cenário político, desvalorização do real, inflação e taxas de juros elevadas dificultam uma retomada mais acentuada da economia.



Mesmo com a maioria da população vacinada, os reflexos na retomada econômica ainda são tímidos. Segundo economistas que participaram do evento Perspectivas da Economia para 2022, promovido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (CoreconPR), o ano deve fechar com crescimento de 4,78% do PIB e projetam um 2022 com elevação de 0,50% do PIB, em virtude das incertezas no cenário político, desvalorização do real, inflação e taxas de juros elevadas, que dificultam uma retomada mais acentuada da economia. O evento realizado na última quarta-feira (01/12), em plataforma online, mediado pelo presidente da entidade, Eduardo Cosentino, apresentou o desempenho dos setores do agronegócio, indústria, comércio, trabalho e emprego e do cenário nacional e internacional.

De acordo com o economista e professor da Universidade Positivo, Lucas Dezordi, o cenário deve se mostrar mais promissor a partir de abril de 2022, com a possibilidade de redução gradual da taxa de juros, queda no preço da energia elétrica e do petróleo. “Tudo indica que a inflação vai começar a ceder. Temos potencial de crescimento do setor de comércio e serviços. As exportações vão continuar atrativas, com oportunidades para o setor agropecuário e extração mineral. Também, a partir do segundo semestre, devemos ter uma retomada do setor automotivo”.

Dezordi ainda alerta que para a economia brasileira ensaiar uma recuperação é preciso de estímulo ao consumo das famílias, maior clareza por parte do governo nas políticas fiscal e monetária e que a taxa de câmbio não ultrapasse 5,90. Outro fator, segundo ele, que pode impedir um crescimento mais acentuado no segundo semestre é o período eleitoral.



AGRONEGÓCIO

O agronegócio continua pujante, com crescimento contínuo na produção, de acordo com os dados apresentados pelo economista Luiz Eliezer, da FAEP (Federação da Agricultura do Estado do Paraná). Segundo colocado no ranking nacional do segmento, o Paraná deve atingir o recorde histórico de 144,1 bilhões no valor bruto de produção, uma alta de 14% em termos reais se comparado a 2011, que era 126,1 bilhões. Em relação ao ano anterior, que foi de 128,8 bilhões, o percentual de crescimento foi 11,9%.

Na produção de grãos, o Estado cresceu 26%, passando de 33,7 milhões de toneladas em 2020 para 42,6 milhões de toneladas em 2021, com destaque para soja, milho, trigo e feijão. A agricultura também registra o recorde histórico na valorização da saca de soja (R$ 154,38), milho (R$ 83,42) e trigo (R$ 81,84).

A pecuária paranaense se destaca como o maior produtor nacional de carnes, ocupando o topo do ranking na produção de tilápia (166 mil toneladas) e também do frango (2,4 milhões de toneladas). Ambos registram o maior crescimento nas proteínas animais, de 34,14% para Tilápia e 34,11% para o frango. Os dados se referem ao primeiro semestre de 2021. Atualmente, o Estado exporta para mais de 190 países e mais de 80% das exportações são do agronegócio. O que preocupa o setor é a alta no preço dos fertilizantes, que hoje representa um custo de 1/3 para o produtor.



INDÚSTRIA

Na indústria, de acordo com o economista Marcelo Alves, da FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), ainda não há solidez na recuperação. No Paraná, até setembro, comparado ao mesmo período do ano anterior, o crescimento da produção industrial foi de 13%. No acumulado do ano, até setembro, os segmentos que mais se destacaram foram da fabricação de máquinas e equipamentos; fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias; e o de fabricação de produtos da madeira. Na questão da expectativa do PIB industrial brasileiro para 2022, o cenário inspira cuidados, segundo ele, de acordo com última previsão do Banco Central, o crescimento deve ser próximo de zero.

Para 2022, o economista da FIEP comenta alguns fatores que refletem na expectativa e na condição do investimento do empresário: a instabilidade política, ano eleitoral, risco de crise hídrica no país, inflação e taxa de juros em trajetória de alta, problemas com fornecimento e custos dos insumos, demora nas reformas econômicas, redução de estímulos econômicos nas principais economias mundiais e baixa da expectativa de crescimento da economia brasileira.



COMÉRCIO

O economista Claudio Shimoyama, que é CEO do Grupo Datacenso e acompanha a expectativa do comércio, analisou o cenário atual e as tendências para 2022. Segundo ele, há otimismo por parte do comércio, que começa a receber o consumidor vacinado, disposto a visitar os estabelecimentos e a comprar. O mesmo se observa na pesquisa realizada pela Datacenso, que ouviu mais de 500 comerciantes, dos quais 82% se dizem animados em relação a 2022.

Só nos primeiros 5 meses, de acordo com dados do IBGE, o comércio registrou aumento de 8,9% nas vendas, com destaque aos setores de materiais de construção civil, veículos, supermercados/alimentos, móveis e eletrodomésticos. De acordo com Shimoyama, o comércio deve fechar positivo em 4,5% de crescimento em 2021. Ele destaca o crescimento da venda online do comércio, que deve ser superior a 11%. Em relação à expectativa para o próximo ano, mesmo com o otimismo dos empresários do comércio, deve ser menor ou estagnado, por conta das eleições, inflação alta, juros elevados, endividamento das famílias, perda de renda, alto desemprego, preços do combustível e energia.



TRABALHO E EMPREGO

Os indicadores do mercado de trabalho no Paraná no ano de 2021 são positivos, de acordo com o economista Sandro Silva, do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos). Em sua análise, baseada nos dados da PNAD, houve crescimento de 2,89%, com a geração de 257 mil ocupações no Estado, na comparação do 3º trim. de 2021 com o 4º trim. de 2020. O crescimento, segundo o economista, se deu mais acentuado na categoria Conta Própria, que foi responsável por quase 87,9% das ocupações criadas.”

Quanto às expectativas para o próximo ano, o economista se mostrou cauteloso em virtude do baixo crescimento econômico, inflação alta e com desaceleração mais forte no último trimestre, com a possibilidade do real continuar desvalorizado, redução do saldo da balança comercial e aumento do déficit primário. “No mercado de trabalho, possivelmente teremos redução da desocupação do 4º trim. de 2021 e alta no 1º trim. de 2022. Com as perspectivas econômicas atuais, em 2022 poderemos fechar o ano com uma taxa de desocupação menor, mas ainda muito alta. Possivelmente, teremos a continuidade do processo de precarização das relações de trabalho, avanço da informalidade (ocupações sem carteira e conta própria) e da geração de postos de trabalho com contratos atípicos e relações de trabalho disfarçadas, como a pejotização”.

Ele ainda alerta para possíveis mudanças que possam ocorrer por parte do governo e que possam afetar o mercado de trabalho. “Tendo em vista a insistência do Governo Federal, poderemos ter uma nova reforma trabalhista, com objetivo de reduzir custos para as empresas, precarizando ainda mais as relações de trabalho, tendo um impacto negativo na economia, pois 2/3 da renda nacional é do trabalho”, observa.





Acompanhe o evento na íntegra no Canal do Youtube do Corecon Paraná

https://youtu.be/qsmYANAQlJo

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