Crise de peças, digitalização do setor e preços de veículos impactam diretamente decisão de comprar ou trocar de carro
Foi-se o tempo em que os 18 anos eram aguardados como um sinônimo de tirar carteira de habilitação e comprar um carro novinho. Ao longo dos anos, o perfil de compra de veículos no Brasil vem se modificando significativamente – e uma das alterações que mais chamam a atenção é justamente o comportamento dos jovens entre 18 e 25 anos. Um levantamento realizado pela Tecnobank confirmou o que o mercado já percebe há algum tempo: os planos do carro próprio não são mais unanimidade nessa faixa etária. Mas, ainda que não seja entre os mais novos, muitos brasileiros pretendem, sim, andar em um novo veículo até o fim de 2022.
Muitos consumidores da faixa etária entre 37 e 47 anos e acima dos 70 admitem planos parecidos. Para o vice-presidente da Tecnobank, Luís Otávio Matias, o cenário de recuperação do setor, embora ainda não seja o ideal, já permite que os consumidores comecem a se planejar. “A crise de peças que enfrentamos nos últimos tempos, aliada à alta nos preços dos carros novos e usados, assustou muita gente. Mas, a economia começa a dar sinais de recuperação e as pessoas estão entendendo isso, começando a voltar a ter objetivos financeiros como a compra ou troca de veículo”, ressalta.
Concessionária virtual é tendência
Na hora de escolher o veículo, a maior parte das pessoas ainda prefere ir pessoalmente até uma concessionária. O contato com o vendedor, a possibilidade de ver de perto o carro escolhido e outros fatores estão diretamente ligados a essa preferência. Principalmente para as pessoas com mais de 59 anos, ainda é muito importante fazer essa visita presencial. A faixa etária entre 26 e 36 anos é a mais inclinada a comprar um carro de modo 100% on-line (55,3%).
Esse é um reflexo da migração de muitos processos do dia a dia para o ambiente virtual, tendência acelerada pela pandemia. Atualmente, de acordo com o estudo da Tecnobank, 83,8% das pessoas utilizam a internet para pesquisar preço e 79,9%, para comparar modelos. Quase 30% também prefere os meios on-line para escolher opcionais e fazer o pedido. Para o CEO da DealerSites, que atua na digitalização do mercado automotivo, Cesar Cantarella, esse é um cenário cada vez mais comum. “Uma série de fatores vêm mudando a forma como o consumidor escolhe um veículo novo. Atualmente, já é possível fazer todo esse processo pela internet, da comparação entre preços e modelos até fechar o pedido. Isso economiza tempo e facilita muito – tanto para o cliente, quanto para a concessionária.”
Outras tendências
O preço e o valor atribuído ao veículo usado ainda são fundamentais na hora de decidir mudar de modelo, marca ou revendedor. Por fim, outro fator considerado pelos clientes é o tempo de espera por um carro novo. “Percebemos que, quanto maior a idade dos entrevistados, menos tempo eles estão dispostos a aguardar para sair dirigindo seus novos veículos”, finaliza Matias. Emelin Leszczynski