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Sair do emprego sem traumas: empresas adotam desligamento humanizado

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Marca positiva deixada no momento da saída pode ser motivo para futuro retorno de um colaborador demissionário

Sair do emprego sem traumas: empresas adotam desligamento humanizado
William Bueno dos Santos voltou para a mesma empresa, três anos depois de pedir demissão
Crédito: Arquivo pessoal

Empresas estão investindo em políticas de gestão de pessoas que levam em conta, inclusive, o cuidado no momento de saída dos colaboradores, a chamada política de offboarding. São medidas de desligamento humanizado que muitas vezes geram outro movimento: o de pessoas que saem e depois de um tempo retornam para os antigos locais de trabalho.

Em livre tradução, offboarding significa desembarque, e é uma expressão utilizada para políticas que geram menor impacto principalmente em casos de demissões. As políticas de desligamento são um dos critérios de avaliação de certificação para boas empresas empregadoras. A certificação internacional Top Employer, por exemplo, leva em conta a capacidade de atrair e reter talentos, medidas para entrada (onboarding) e desligamento,  entre outros critérios que deixam o colaborador satisfeito e motivado. A escolha, por exemplo, do  local e do momento certo para a conversa são detalhes que encerram o ciclo do colaborador de forma mais transparente e empática.

Trajetórias que agregam

Para Francielli Coelho, o momento de pedir desligamento foi de muita tranquilidade, o que a deixou com uma impressão positiva. Ela começou a trabalhar no Grupo Marista em 2015, como assistente administrativo. Graduada em Administração e com especialização em Gestão Empresarial, passou por diversas funções e gerências, até que, no início de 2021, optou por pedir demissão. “Sempre tive um diálogo muito transparente com meus gestores. Quando saí, trabalhei como corretora de imóveis, mas não me adaptei à nova função e comecei a pensar em como eu trabalhava com brilho nos olhos no emprego anterior”, conta.

A saudade do antigo local de trabalho a fez se inscrever em novo processo seletivo, nove meses após seu desligamento. “Sabia que tinha deixado as portas abertas, mas fiquei muito surpresa com a forma acolhedora que fui recebida de volta quando me inscrevi para uma vaga na diretoria de Negócios. O fato de já conhecer o grupo, a forma de trabalho e os caminhos, fez muita diferença nesse retorno”, conta Francielli, que hoje atua como executiva de Negócios.

Já William Bueno dos Santos passou mais tempo fora: três anos longe da mesma empresa, até retornar. Hoje, coordenador de Desenvolvimento Organizacional no Grupo Marista, já havia trabalhado em outras funções na área de recursos humanos da empresa, entre 2012 e 2015, quando resolveu mudar de emprego. “No momento em que surgiu uma nova oportunidade, fiquei dividido, mas sentia que precisava de outra experiência, atuar em áreas diferentes, e por isso aceitei o desafio. Porém, hoje sinto que foi uma decisão acertada porque aprendi muito nas outras duas empresas pelas quais passei e, retornando, desenvolvi com mais sucesso a minha carreira”, conta. Foi em 2018 que William recebeu o convite para retornar ao Grupo Marista. “Senti voltando para casa, retomando as coisas com as quais me conectava, os propósitos fortes do Grupo, e voltei para uma função mais estratégica, diferente da qual saí. Então, é uma nova fase”, relata.

Sensibilidade e transparência

O desligamento humanizado deve ser um momento de reforçar os valores da instituição, de acordo com a gerente de Gestão e Talentos do Grupo Marista, Lúcia Pinto Coelho. “O desligamento, principalmente quando fruto de uma demissão, nunca é uma tarefa fácil, mas deve ser o menos traumático possível. É um momento para o gestor agradecer o trabalho do colaborador, o que ele somou à equipe e que deve ser realizado da forma mais respeitosa possível”. De acordo com Lúcia, os líderes de área precisam ser capacitados para essa tarefa e ficar atentos aos detalhes, principalmente no momento da demissão, como escolher o local adequado para a conversa, pesquisar se não é próximo de datas importantes para o colaborador, como aniversários da família, além de evitar datas marcantes, como nas proximidades do Natal.

E mais, os feedbacks sobre a atuação da pessoa são fundamentais, pois, dessa forma, nem empregador nem empregado são pegos de surpresa no momento do desligamento. “É claro que uma pessoa pode decidir seguir novos caminhos, novos desafios, mas, geralmente, quando o diálogo é claro e os processos realizados com transparência, esses desligamentos ocorrem sem grandes problemas, e o colaborador pode um dia voltar”, comenta Lúcia.

A capacitação dos gestores para esse momento ainda inclui a comunicação sobre os direitos do trabalhador, os motivos da saída – no caso de demissão – e os próximos passos que ele deve seguir para o processo de desligamento.

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