Busca por perfis adequados à vaga nas redes sociais, indicações e procura no banco de currículos ocorrem antes mesmo das empresas anunciaram a vaga publicamente
“Você pode estar participando de um processo seletivo de emprego e nem sabe disso”. Essa é uma situação bastante comum no mercado de trabalho, de acordo com a psicóloga, recrutadora e coach de carreiras, Cleia Elaine Soares. Estudo publicado no The Wall Street Journal mostra que 82% das vagas de emprego são preenchidas antes mesmo de serem abertas ao público. Nos bastidores do processo seletivo, as empresas primeiro tentam preencher a vaga internamente, com alguém de dentro da própria empresa, ou por indicações, o famoso “Q.I.”
Segundo a recrutadora, que tem mais de 25 anos de atuação na área, em um segundo momento é feita uma busca no banco de currículos da empresa. O passo seguinte é uma procura na rede social Linkedin por perfis de profissionais adequados à vaga. Somente após todos estes processos é que a vaga é aberta ao público, sendo divulgado em sites de emprego e redes sociais. “Existem muitas vagas que nem chegar a ser anunciadas, pois são preenchidas antes seguindo esta dinâmica que chamamos de ‘busca ativa’. Por isso, é muito importante que o profissional mantenha seu perfil atualizado no Linkedin, que seja ativo nesta rede social com publicações de cunho profissional, por exemplo. Estas pessoas muitas vezes estão participando de processos seletivos e nem sabem disto”, afirma Cleia.
Um exemplo claro desta situação é do jornalista Guilherme Ochika. No final de 2017, ele enviou seu currículo para uma vaga de emprego anunciada em uma rede social. Não obteve retorno. No entanto, a surpresa veio quase um ano depois. “Eu tinha até esquecido que havia enviado meu currículo para aquela vaga. Em outubro de 2018, a empresa me retornou para marcar uma entrevista. Eles me disseram que meu currículo ficou armazenado em um banco de talentos da empresa, e foi selecionado antes que eles abrissem a vaga novamente. Deu certo e eu trabalhei nesta empresa por um longo período”, relata Ochika.
De acordo com a psicóloga, a situação relatada acima é bastante comum no mundo corporativo. “Isso é praxe. A empresa faz esta busca ativa e preenche a vaga antes de abri-la a público. Vejo que o caminho para o crescimento do nosso país é pela via da educação e da geração de emprego. Enquanto psicóloga, vejo milhares de pessoas com sinais graves de depressão, síndromes diversas e tantas doenças ocasionadas pela falta de emprego e renda. Acredito que quanto mais as pessoas entenderem o processo seletivo, mais a mente se abrirá para novas possibilidades de empregabilidade”, relata Cleia.