Dia da Infância levanta reflexão sobre o papel da escola

O Dia da Infância (24/08) foi criado pelo Fundo das Nações Unidas Para a Infância (UNICEF) com o objetivo de promover uma reflexão sobre as condições em que as meninas e meninos vivem no mundo.

No Brasil, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), são consideradas crianças as pessoas com até 12 anos de idade – justamente uma fase da vida em que a escola tem papel estratégico na formação do indivíduo. Mas dados de 2021 coletados pelo IBGE mostram que mais de 1,5 milhão de crianças e adolescentes do país estão fora das escolas; muitas por causa da pandemia e das baixas condições financeiras.

Segundo Greicy dos Anjos, professora do Centro Universitário Integrado, além de ser o espaço de desenvolvimento, a escola é um importante aliada da família, pois na maioria dos casos os responsáveis trabalham em algum período ou em tempo integral. Assim, a escola acaba sendo o único local seguro de participação da criança, mas a educação vai muito além de um lugar seguro para estar.

Para a professora Thais Serafim, coordenadora do curso de Psicologia do Integrado, a escola também é um espaço capaz de proporcionar o equilíbrio da mente.

“No campo da saúde mental, percebemos que quando as crianças e adolescentes conseguem construir e manter relações interpessoais, elas geralmente se tornam indivíduos mais saudáveis, pois conseguem se comunicar, falar sobre si e seus sentimentos com colegas e professoras, ajudando a prevenir situações de risco em longo prazo”, enfatiza. Aí entra a Formação Integral da Criança – metodologia adotada no Colégio Integrado, que há 36 anos atua nas modalidades de berçário, educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, pré-vestibular e engloba um ecossistema de ensino.

Neste modelo de educação, são trabalhados aspectos das relações humanas desde cedo para que os alunos estejam mais aptos a entender questões de racionalidade, integração emocional, social, cultural e cognitivos que vão trazer enormes benefícios ao longo da vida.

Formação integral
A compreensão de Formação Integral diz respeito aos processos de aquisição de conhecimento não apenas como padrões definidos, mas que englobam o todo. Desse modo, essa perspectiva lida com a pessoa que aprende com seus aspectos emocionais, familiares e contextuais em geral.

“Quando compreendemos a pessoa em sua totalidade, compartilhamos a responsabilidade pelo desenvolvimento integral daquele indivíduo, passamos a observar e desenvolver suas habilidades emocionais, promover contextos de proteção e saúde mental tanto da criança quanto do professor. É preciso olhar para a realidade escolar e para além da escola”, reforça Thais.

Ela destaca que é necessário observar as alterações comportamentais para compartilhar o processo de desenvolvimento e pensar na formação da pessoa como humana, promover a responsabilidade compartilhada da escola com a sociedade.

Segundo Greicy, além dos conteúdos formais da educação – que desenvolvem pessoas capazes de se comunicar e participar ativamente da sociedade – a escola deve exercer um importante papel no ensinamento das habilidades sociais.

“Empatia, respeito ao próximo, tolerância à frustração, relacionamento em grupo e convivência com as diferenças são exemplos de habilidades fundamentais ensinadas nesta fase e que serão levadas para toda a vida”, explica a professora.

Desde cedo na escola
Greicy conta que é comum, no ambiente escolar, relatos de pais ou responsáveis afirmando que a criança se desenvolveu mais rápido, depois que passou a frequentar a escola ou os Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs).

“Ela passa a conviver com outras crianças da mesma idade, é estimulada pelos colegas, pelas educadoras que são preparadas para ensinar e identificar as dificuldades que elas podem ter, selecionar atividades para ultrapassar essas dificuldades e impulsionar as habilidades”, descreve a professora.

Greicy ressalta ainda que, diferente do que muitos pais pensam, colocar as crianças na escola desde os primeiros anos de vida tem sim muitas vantagens. “A estimulação das capacidades cognitivas, neurológicas e motoras das crianças também faz parte do processo de aprendizagem e facilita a compreensão de conteúdos posteriores, como a resolução de problemas e prevenção de doenças em longo prazo”, explica.

Algumas perspectivas mais tradicionais e conhecidas de desenvolvimento estabelecem certas etapas que indicam o que se aprende em cada uma das fases, mas o que Greicy enfatiza é que, atualmente, as pessoas estão em constante processo de desenvolvimento.

“Isso quer dizer que aprendemos durante a infância, na adolescência, na fase adulta, na velhice e essa perspectiva abre toda a área e capacidade de alcance do contexto da educação”, finaliza.