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95% dos pacientes que retiram câncer de pele no rosto necessitam de reconstrução

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A reconstrução após remoção de câncer de pele na face é tema de publicação inédita lançada, em São Paulo.

95% dos pacientes que retiram câncer de pele no rosto necessitam de reconstruçãoA cirurgia micrográfica de Mohs é considerada a técnica mais precisa para a remoção das principais formas de câncer de pele, especialmente quando localizado na face. Cerca de 95% dos pacientes que passam pela retirada de um carcinoma basocelular (CBCs) – o câncer de pele mais comum no Brasil e no mundo, classificado em 6 diferentes subtipos, de acordo com a forma que suas células se organizam microscopicamente – localizados na face, necessitam de reconstrução para reduzir o impacto da ferida.

A remoção pode ser realizada com a cirurgia de Mohs — que examina 100% das margens durante a cirurgia logo após a sua remoção-, ou através da técnica convencional, que examina entre 1% a 5% das amostras das margens dias após a cirurgia.

Por essa razão, na cirurgia convencional, remove-se uma “margem de segurança” de pelo menos 4 milímetros (mm) ao redor do tumor. Já na cirurgia de Mohs, por outro lado, inicia-se com 1 a 2 mm e, se necessário, remove-se mais tecido apenas no local acometido pelo câncer de pele.

Quando comparada com a cirurgia convencional, a cirurgia de Mohs tem grandes vantagens como maior taxa de cura, já que 100% das margens cirúrgicas são analisadas durante o procedimento, preservação da pele sadia e melhores resultados estéticos e funcionais.

“Além de propiciar a taxa de cura mais alta, a retirada apenas do tecido acometido pela doença, preservando pele sadia e gerando menores cicatrizes, é o diferencial da Cirurgia de Mohs. Isso torna, muitas vezes, o tratamento de escolha do paciente para a retirada de CBCs localizados em áreas nobres da face como nariz, pálpebras, lábios e orelhas”, explica o médico dermatologista, especialista em Cirurgia de Mohs, Felipe Cerci.

Segundo ele, no entanto, é fundamental o domínio das técnicas de reconstrução das feridas cirúrgicas. Pensando nisso, os cirurgiões de Mohs Felipe Cerci (PR) e Bruno Fantini (SP) escreveram o primeiro livro do Brasil sobre reconstrução em cirurgia de Mohs, destinado a todos os médicos que atuam na cirurgia do câncer de pele.

O livro “Retalhos e Enxertos em Cirurgia Micrográfica de Mohs” foi lançado durante o 75º Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia, que aconteceu em São Paulo (SP).

Os autores contaram com a contribuição de outros experientes especialistas de diversos países, entre eles, do Brasil, Estados Unidos, Suíça, Espanha, Portugal e Colômbia.

“Tivemos a colaboração de renomados cirurgiões de Mohs dos EUA neste livro. Lá, a cirurgia de Mohs é feita em larga escala, então são muito experientes, sendo líderes no mundo neste tipo de procedimento, principalmente quando consideramos a reconstrução. É um privilégio poder contar com esse apoio de mentores, professores e colegas dos EUA”, ressalta Cerci.

Público

O enfoque principal do livro é abordar diferentes técnicas para a reconstrução de feridas cirúrgicas decorrentes da remoção do câncer de pele.

“O rosto é uma área muito exposta ao sol, sendo frequentemente acometido por carcinomas, então nosso trabalho é focado na reconstrução da face, couro cabeludo e orelhas. Esta obra é capaz de auxiliar a todos os médicos que atuam no tratamento cirúrgico do câncer de pele, com uma linguagem acessível para o residente, mas também com conteúdos que agregam ao cirurgião de nível moderado e avançado, abordando complexas reconstruções”, conta o cirurgião de Mohs, Bruno Fantini.

Um dos destaques é o grande volume de fotos intra-operatórias, que permite ao leitor visualizar os principais passos das reconstruções na face. Ao todo, são 1.484 fotos e 40 ilustrações. “A falta do passo a passo durante o reparo das feridas é comum em livros e dificulta o aprendizado. Nós procuramos oferecer uma sequência de fotos que facilitam o entendimento das reconstruções pelo leitor. Assim, conseguimos atingir o nosso principal objetivo com o livro, que é compartilhar o conhecimento para poder beneficiar pacientes por todo o país”, explica Cerci.

Conteúdo

O livro é dividido em dois grandes grupos de capítulos. O primeiro sobre os diferentes métodos de reconstrução: fechamento primário, cicatrização por segunda intenção, retalhos de rotação, avanço, transposição, interpolação e em ilha, enxertos de pele e de cartilagem. Já a segunda parte inclui subunidades anatômicas: reconstrução de nariz, orelha, perioral, pálpebras, e assim por diante.

Além disso, o material traz uma introdução à cirurgia micrográfica de Mohs e sobre técnica operatória, que é a base para todos os demais. “Independentemente da complexidade de uma reconstrução, todas devem ser realizadas de forma minuciosa para atingir os melhores resultados possíveis”, comenta Cerci. Além disso, no final do livro há outros três capítulos que discutem tratamentos para melhorar a cicatriz (quando necessário), complicações e como conduzi-las e cirurgia do aparelho ungueal (unha). “Todos os capítulos têm um mesmo padrão, o que torna a obra bem didática. Buscamos demonstrar os diferentes tipos de reconstrução, já que não existe uma receita exata e os casos devem ser feitos de forma personalizada, de acordo com cada paciente”, completa Bruno.

Processo criativo

A obra foi produzida em um período de dois anos. Pelo fato de ambos os autores estarem envolvidos com a formação de médicos residentes e treinamento de médicos dermatologistas, a prática diária os aproximou das principais dificuldades no planejamento, execução e manejo das complicações durante as reconstruções. “A obra exibe, por exemplo, detalhes sobre como dar um ponto cirúrgico, sobre o que ocorre caso ele esteja incorreto e sobre como deve ser adequado. Também detalha, com imagens cuidadosamente selecionadas, as técnicas para retirada de cartilagem da orelha para ser utilizada reparo de feridas nasais complexas. Isso tudo torna o livro extremamente útil para todos os médicos que atuam no tratamento cirúrgico do câncer de pele, independentemente do nível de experiência”, relata Bruno.

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