Como funcionam as ferramentas tecnológicas que combatem fraudes financeiras

Dedos “vivos”, máquinas que aprendem e códigos gráficos são algumas das tecnologias usadas por instituições financeiras

Biometria que reconhece a corrente sanguínea dos clientes, máquinas que conseguem antecipar possíveis tentativas de golpes e até mesmo o já tão famoso PIX são algumas das ferramentas utilizadas para lutar na guerra contra os golpes financeiros.

E não é apenas por precaução. Somente no primeiro semestre de 2021, o número de fraudes envolvendo o sistema bancário cresceu 165% quando comparado ao segundo semestre do ano anterior, segundo levantamento da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos). Com o aumento da informatização nas operações financeiras, a tendência é de que os golpistas acompanhem essa evolução e aperfeiçoem os golpes. A boa notícia é que as empresas estão cada dia mais fortes nessa batalha. Desde 2016, os bancos e financeiras aumentaram em 80% os investimentos em segurança. Ainda de acordo com a Febraban, dos R$ 25,7 bilhões por ano em infraestrutura tecnológica, cerca de 10% vão para novas tecnologias, ou R$ 2,5 bilhões.

Para Fernando Weigert, diretor da Neoconsig, empresa de tecnologia especializada em crédito consignado e que fornece soluções tecnológicas para instituições financeiras, todo esse investimento em segurança acaba se revertendo também em lucro e credibilidade para as instituições.

“A transformação e inclusão digital no meio financeiro são boas para todo mundo, mas ao passo que novas tecnologias surgem aparecem também novas estratégias dos bandidos para burlar as barreiras. Por isso o investimento das empresas precisa ser constante para que o usuário se sinta seguro em utilizar determinado sistema. Isso ficou ainda mais urgente depois da implementação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no país. Essa ‘despesa’ precisa ser levada a sério, pois ao evitar fraudes, os consumidores aderem ainda mais aos novos modelos, o que favorece empresas que estão em busca da digitalização total de seus processos e querem garantir a segurança de seus clientes”, explica Weigert.

No caso da Neoconsig, que realiza cerca 150 milhões de operações ao mês envolvendo instituições financeiras e servidores públicos, a empresa mantém a base de dados em data center coberto e resguardado por uma estrutura física robusta, além de contar com um time especializado na área de segurança.

Nos próximos meses, a empresa lançará uma nova funcionalidade dentro do app Meu Consignado, o Faça Digital, que por meio da total integração com os sistemas das instituições financeiras, o servidor receberá as ofertas de forma personalizada e segura, durante o processo, poderá realizar a assinatura digital avançada por meio da biometria facial que protegerá ainda mais servidores e as Instituições Financeiras. “Antes mesmo do início da validade da LGPD, a empresa já investia em segurança dos servidores. Em nenhuma circunstância é permitido acesso ou divulgação dos dados da nossa base e até hoje nunca tivemos nenhum histórico de fraude”, afirma o diretor.

Na guerra contra as fraudes, diversas tecnologias de ponta aparecem à disposição das empresas para dificultar a ação dos bandidos. Veja algumas das ferramentas disponíveis no mercado e como elas protegem clientes e instituições:

Biometria Facial

Os bancos e outras empresas têm apostado na biometria como uma das principais ferramentas no processo de blindagem contra roubos e fraudes. Mesmo assim, criminosos já encontraram uma forma de burlar o bloqueio com uma técnica chamada “dedo de silicone”, quando a digital é clonada por meio de uma foto do dedo ou cópia da impressão digital usando uma impressora de alta resolução.

Para combater essa prática, as empresas estão investindo na biometria facial, que reconhece o rosto e a diferencia de fotos. A tecnologia consegue reconhecer a identidade da pessoa de uma forma mais segura por meio da análise, pois cada pessoa terá características únicas em mais de 80 pontos. Segundo dados do Instituto Statista, a expectativa é de que o mercado em torno da biometria facial em 2025 gire em torno de 48,5 bilhões de reais.

Machine learning e análise Big Data

O uso do Big Data nada mais é do que a análise profunda do histórico de dados grandes demais para serem analisados por sistemas tradicionais. Uma das técnicas mais utilizadas para garantir a segurança de empresas é o machine learning (aprendizado de máquina), uso de algoritmos de aprendizagem que ajudam a identificar padrões de fraudes, antes que elas ocorram. As máquinas são ensinadas a ler esses padrões e apontam quando algo de diferente acontece, alertando os responsáveis. O processo consiste em procurar, entre milhões de combinações de algoritmos, o modelo de aprendizado automático ideal para prever transações fraudulentas e atividades suspeitas.

Conexão VPN

Uma solução bastante básica, e que pode ser usada até por pequenos empreendedores, é o uso de uma conexão VPN, capaz de criptografar os dados usados na transação, tanto para os usuários quanto para o vendedor, oferecendo mais proteção aos negócios. A tecnologia permite que o acesso à internet seja feito de maneira segura e privada, roteando a conexão por meio de um servidor e ocultando suas ações online. Essa ferramenta é tão poderosa que é usada inclusive pelos fraudadores, que a utilizam para dificultar o rastreio da conexão e desaparecer.

QR code  

Praticamente todos os bancos passaram a utilizar QR codes no processo de autenticação de operações. Em alguns casos, a transação só é autorizada após a utilização de dois equipamentos habilitados pelo cliente. Quando o titular da conta vai fazer uma movimentação usando o internet banking, o site do banco, para concluir o processo, gera um QR code que precisa ser lido pelo aplicativo da instituição financeira instalado em um celular previamente cadastrado. O app gera um código que deve ser digitado no computador. Só então a transação é concluída.