Ginástica no orçamento: gasto com carro supera o de educação

Pesquisa revela que famílias dedicam 11,5% da renda aos gastos com veículo próprio e apenas 3,4% na soma de educação, calçado e vestuário. Professor explica o comportamento dos consumidores
Pesquisa revela que famílias dedicam 11,5% da renda aos gastos com veículo próprio e apenas 3,4% na soma de educação, calçado e vestuário. Professor explica o comportamento dos consumidores
Os brasileiros gastam mais de 25% da renda com habitação, incluindo água, luz, gás, imposto e aluguel. Já os gastos com o carro próprio consomem 11,5% da renda familiar, à frente de supermercado (10,5%), medicamentos e saúde (6,6%) e alimentação fora de casa (4,6%). A educação, vestuário e calçados, juntos, correspondem a 3,4% do orçamento.

Os dados constam no estudo IPC Maps 2022, que projeta um crescimento menor do que 1% no consumo nacional deste ano, índice abaixo da expectativa. No ranking dos 50 maiores municípios brasileiros – que juntos somam R$ 2,2 trilhões ou 39,5% do que é consumido no país – Curitiba se mantém na sexta posição, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e Salvador.

Doutorando em Administração e especialista em Marketing, Sérgio Czajkowski Júnior explica a projeção tímida e o comportamento dos consumidores. “Estamos vivendo agora os desdobramentos da pandemia, que criou gargalos no processo produtivo brasileiro, gerou problemas de reposição no estoque de muitas empresas e elevou os preços para o consumidor final. Tudo isso associado ao processo global de crise, oscilação do dólar e do euro, inflação e desemprego levou a mudanças no consumo”, analisa.

Na avaliação do professor do UniCuritiba – instituição que faz parte da Ânima Educação, uma das maiores organizações de ensino superior do país -, o fato de os brasileiros gastarem pouco com educação é resultado, entre outros fatores, da falta de disciplinas que ensinem, ainda no ensino médio, a importância do planejamento estratégico.

“Muitas empresas e profissões não demandam diploma e as pessoas acabam escolhendo formas alternativas e gratuitas de conhecimento, em detrimento da graduação ou pós-graduação. Isso reduz consideravelmente o investimento das famílias em educação”, explica Sérgio, que também é consultor nas áreas de Marketing, Vendas e Planejamento Estratégico.

Curitiba, uma das capitais do luxo

Curitiba se destaca quando o assunto é consumo. De acordo com Sérgio Czajkowski Júnior, a cidade é considerada uma das capitais brasileiras do luxo e tem uma concentração de consumidores de alto valor agregado. “Por conta da crise que vivemos desde 2019, a região Sul sofreu uma retração no consumo, mas Curitiba, isoladamente, foi uma exceção à regra e manteve boas taxas.”

Membro do grupo de estudos criado há três anos no UniCuritiba para analisar o varejo, o professor aponta mudanças significativas nos últimos anos, como a integração mais intensa entre os mercados on e offline, via políticas de omnichannel, e a rematerialização dos elos da cadeia produtiva.

Alguns grupos varejistas estão investindo, por exemplo, em pontos de venda físicos sem estoque, apenas para “degustação” dos produtos. Nesse modelo, o cliente pode conhecer e testar a mercadoria, mas faz a compra de forma online e recebe o pedido em casa.

“Essa estratégia satisfaz as pessoas que buscam bens a partir de valores subjetivos, sentimentais, emocionais e ainda querem ter contato com o produto antes de simplesmente fechar uma compra pela internet. Com isso, a loja deixa de ser um espaço para comercialização e passa a ser um ambiente de experimentação”, explica o especialista.

Para um determinado perfil de consumidores, a comodidade do e-commerce não substitui completamente a experiência e, por isso, o showroom físico surge como uma estratégia para conciliar o mercado on e offline. Essa tendência será abordada, inclusive, na disciplina de Experiências do Consumo que será lecionada neste semestre, no UniCuritiba, pelo professor Sérgio.

Produtos para novos públicos

A mudança no comportamento dos brasileiros não fica restrita aos bens não-duráveis. O mercado imobiliário, por exemplo, vem passando por importantes transformações. Sérgio Czajkowski Júnior diz que as famílias estão em busca de moradias mais funcionais, compactas e adaptadas às suas necessidades.

“Até três anos atrás, a procura era alta pelo student living (ou moradias para estudantes). Hoje, há alta demanda por senior living. Esses imóveis voltados a quem mora sozinho, em especial à terceira idade, oferecem uma série de adaptações e funcionalidades para esse público. E é dessa forma, seguindo novos padrões de comportamento e renda, que o mercado vai se moldando e se modificando”, finaliza o professor.

Sobre o UniCuritiba

Com mais de 70 anos de tradição e excelência, o UniCuritiba é uma instituição de referência para os paranaenses e reconhecido pelo MEC como uma das melhores instituições de ensino superior de Curitiba (PR). Destaca-se por ter um dos melhores cursos de Direito do país, com selo de qualidade OAB Recomenda em todas as suas edições, além de ser referência na área de Relações Internacionais. Conta com mais de 40 opções de cursos de graduação, em todas as áreas do conhecimento, além de cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado.

Possui uma estrutura completa e diferenciada, à disposição dos seus mais de 6 mil estudantes, com dois campi (Milton Vianna Filho e Pinheirinho) e mais de 60 laboratórios. Com professores mestres e doutores que possuem vivência prática e longa experiência profissional, o UniCuritiba tem seu ensino focado na conexão com o mundo do trabalho e com as práticas mais atuais das profissões, estimulando o networking e as vivências multidisciplinares.