As campanhas de combate ao fumo têm sido frequentes, mas, embora ao longo últimos anos, o número de fumantes diminuiu bastante, ainda vemos muitas pessoas fumando em diversos locais, sobretudo os jovens. Muita atenção deve ser dada à infertilidade, pois o risco pode ser duas vezes maior para fumantes quando comparados aos não fumantes na população em geral.
De acordo com a médica Carolina Andrade Guedes dos Santos, obstetra do corpo clínico do Neocenter Maternidade e integrante da comissão de ética da instituição hospitalar, mulheres fumantes precisam de mais tempo para engravidar, têm menos chances de gestação espontânea e têm um risco maior de aborto espontâneo no primeiro trimestre de gestação. “É importante ressaltar que o impacto do tabagismo passivo na fertilidade feminina é muito relevante – levemente menor que o do tabagismo ativo”.
Informa que o impacto negativo do tabagismo é mais acentuado em mulheres mais velhas, o que pode refletir em um efeito acelerador na perda de óvulos. Mulheres fumantes também têm a menopausa alguns anos antes. (dado da European Society of Human Reproduction and Embryology).
Fertilidade feminina e masculina: sobre a substância nociva do fumo para a fertilidade feminina, Carolina Andrade explica que o tabaco pode levar a alterações nas trompas, danos aos óvulos, aumento de abortos espontâneos e gestações ectópicas. “Isso se deve, principalmente, aos efeitos tóxicos dos componentes químicos da fumaça do tabaco – como cádmio e cotinina”.
Já para a fertilidade masculina, “nos homens tabagistas, notamos uma redução importante na concentração, motilidade e morfologia dos espermatozoides. Há também evidências de que fumar pode levar a danos no DNA dos espermatozoides”.
“Entretanto, destaca, o impacto parece ser mais importante nas mulheres. Os estudos demonstram que mulheres fumantes têm maiores chances de infertilidade que os homens. Os impactos na fertilidade ainda são incertos, mas sabe-se que o risco aumenta de acordo com a quantidade de tabaco utilizado por dia”.
Sobre os principais tipos de fumo que afetam a infertilidade de mulheres e homens, a obstetra diz que “o tabaco presente em cigarros, com ou sem filtro, é igualmente prejudicial. A maconha também parece ter efeitos deletérios para a fertilidade do casal, inclusive para resultados de tratamentos de reprodução humana. É sempre importante lembrar ainda dos fumantes passivos, que são aqueles expostos a uma parceria fumante ou a um ambiente de fumantes.
Com relação aos cigarros eletrônicos e infertilidade, salienta: “embora não existam estudos suficientes que façam essa descrição, desaconselhamos seu uso para casais tentantes”.
Reprodução Assistida: perguntada sobre a relação fumo com os resultados da reprodução assistida, Carolina Andrade, que é também especialista em Reprodução Humana, esclarece que o tabagismo também tem uma influência negativa no resultado dos tratamentos, como a Fertilização in vitro (FIV), ou seja, recorrer a uma FIV pode não ser suficiente para superar os efeitos do tabagismo”. “Mulheres fumantes podem precisar do dobro do número de ciclos de FIV para ter sucesso, se comparado com mulheres não fumantes. Acredita-se que o efeito do tabagismo no resultado da FIV é comparável ao aumento da idade feminina em 10 anos”
A obstetra do Neocenter Maternidade alerta que o tabagismo está comprovadamente associado a infertilidade. Quanto maior o tempo de exposição ao tabaco e quanto maior a quantidade consumida, maior o risco. Fora todos os riscos durante a gestação, tanto para o feto quanto para a mãe. “Mas a notícia boa é que esse prejuízo pode ser revertido após 1 ano sem fumar. Então, se o casal pretende engravidar, sugiro buscar ajuda e cessar esse hábito o quanto antes! ”
“Importante ressaltar que uso do tabaco pela mulher grávida pode ser prejudicial para os ovários e para os espermatozoides do feto. Logo, deixo meu alerta para mães que fumam: vocês podem estar aumentando as chances de infertilidade de seus filhos”, finaliza.